Adalberto deixa o CHLN
foto portal da saúde
Para quem tem acompanhado o seu trabalho no HSM e CHLN o primeiro sentimento é de surpresa . link
Ainda recentemente o secretário de estado em entrevista ao expresso reconhecia que "os grandes hospitais públicos são bem geridos e esses gestores já com bons resultados confirmaram-me que é possível haver mais poupança - isso dá-me bastante conforto enquanto responsável pela gestão da área financeira. "
Como já aqui referi anteriormente nenhum gestor hospitalar me surpreendeu mais nos últimos anos pela sua capacidade de liderança e inovação. A provar, por vezes, a vantagem de "o sistema acolher gente fora da tribo ".
Os resultados estão à vista.
Ainda recentemente o secretário de estado em entrevista ao expresso reconhecia que "os grandes hospitais públicos são bem geridos e esses gestores já com bons resultados confirmaram-me que é possível haver mais poupança - isso dá-me bastante conforto enquanto responsável pela gestão da área financeira. "
Como já aqui referi anteriormente nenhum gestor hospitalar me surpreendeu mais nos últimos anos pela sua capacidade de liderança e inovação. A provar, por vezes, a vantagem de "o sistema acolher gente fora da tribo ".
Os resultados estão à vista.
Na altura em que abandona com honra a gestão de um dos maiores hospitais do SNS, após cinco anos de árduo trabalho, acho oportuno agradecer-lhe o exemplo e esperança que nos trouxe e dizer-lhe que poderá contar sempre com o nosso apreço e estima .
Etiquetas: Gestão Hospitalar, s.n.s
16 Comments:
Sem dúvida uma baixa de vulto.
No início do ano em que o MS definiu a gestão dos hospitais com prioridade das prioridades.
Se não há gestores insubstitíveis, ACF era um exemplo de capacidade em dar a volta à gestão dos velhos hospitais centrais, verdadeiros elefantes brancos, da rede do SNS.
O Governo vai alterar este ano a forma de financiar os hospitais. O objectivo é redistribuir melhor o dinheiro que é dado aos hospitais, aumentando a importância da qualidade dos serviços prestados e da sustentabilidade económico-financeira dos mesmos. O bolo total de dinheiro a atribuir este ano não vai sofrer grandes alterações, mas há hospitais que vão receber mais do Estado e outros que saem a perder. O Hospital de Santa Maria acredita pertencer ao grupo dos que leva um corte.
No seu conjunto, os hospitais não vão receber menos dinheiro: são 3.848 milhões, mais 24 milhões de euros que em 2009. Haverá hospitais a receber mais dinheiro e outros menos. O Hospital de Santa Maria, o maior do país, tem a indicação de que deverá vir a receber menos, “o que tornará a gestão mais difícil e exigente”, disse ao Diário Económico o presidente do Conselho de Administração deste hospital. Contudo, Adalberto Campos Fernandes ressalva que as negociações com a Administração Regional de Saúde ainda não estão terminadas..../
DE 26.01.10
Estas medidas não matam mas moem.
Se acrecentarmos o azar do sucedido com os doentes de oftalmologia, temos a explicação para esta saída surpreendente.
Em quase trinta anos de vida hospitalar muita gente de fora do sector da saúde veio e foi vista.
Os dedos de uma mão chegam-me para enumerar os que fizeram verdadeira diferença nos hospitais, nas direcções gerais e regionais.
ACF é sem dúvida um dos que faz diferença, e muita!
Se sai do SNS será um verdadeiro rombo no porta-aviões. Mas haverá alguém que não consegue ver isto?
ACF, Inexoravelmente irá cair no sector privado.
Conhecido o desfecho da história, fica por apurar: Quem tramou ACF?
Não conhecendo ACF a não ser por referências que considero insuficientes para fundamentar qualquer juízo, o que me parece é que sobrevalorizou excessivamente a sua responsabilidade no caso do Avastin, que afinal o não seria. É certo que o presidente do CA é responsável por tudo o que acontece na instituição, mas não há ninguém que, por si só, possa garantir tudo. J. Coelho demitiu-se porque a ponte caiu; ACF porque outros não fizeram o que lhes competia e só eles podiam fazer, bem ou mal. Se a razão foi essa, parece-me que não havia necessidade disso.
Nós aqui no saudesa gostamos de ACF.
Depois das provas dadas como gestor hospitalar.
A sua saída (apesar de honrosa)significa um pesado revés para o SNS.
Cruzei-me com o Dr. Adalberto Campos Fernandes em três fases da sua vida e da minha também. Primeiro como Director da Médis (Grupo BCP), onde era conhecido como um mouro de trabalho e uma pessoa muito pouco flexível, sempre com novas ideias e novos projectos - nem todos resultaram. Em segundo como presidente do HSM, onde por entre detractores e seguidores fez mexer um hospital universitário, conseguindo a proeza espantosa de o modernizar e o trazer para o séc. XXI. Por último conheci-o como prelector, talvez a forma mais próxima de conhecer o pensamento de Adalberto C. Fernandes. Foi dele que ouvi a expressão "médico avião" para descrever o clínico que às 6 da tarde tem que estar às 5 e meia no bloco operatório para continuar as consultas às 6 e um quarto. O Dr. Adalberto Campos Fernandes não é um outsider - a menos que se considerem outsiders todos os que não são AH, e se sabemos o que valem alguns AH que andam por aí - é médico e vem da saúde, da mesma seguradora onde trabalhavam outros colegas seus como consultores médicos, só não estava no SNS. Deixa a gestão do CHLN enquanto tem o estatuto e, muito provavelmente, o proveito de ser um bom gestor. Aguardam-se notícias dos seus detractores e de todos aqueles que há mais de 30 anos tentaram gerir o HSM sob a égide do levantar poucas ondas porque não se sabe o dia de amanhã.
O excelente desempenho do Dr. Adalberto Campos Fernandes fica bem expresso na transformação do Hospital de Santa Maria e foi, publicamente, reconhecido por personalidades de diversos quadrantes políticos; desde o
Professor Lobo Antunes à Drª Isabel do Carmo.
Neste momento, em que deixa as suas funções, há duas perguntas que me parecem pertinentes:
1ª Conseguiria o Dr.ACF os mesmos resultados se o HSM fosse SPA?
Ou teria aceite o cargo, nessas condições?
2ª Muito embora seja difícil encontrar gestores da sua categoria, quanto melhor não estariam outros hospitais, se os elementos do CA tivessem sido escolhidos por critérios meritocráticos?
O Governo vai, este ano, pôr um travão à tentativa de escalada na tabela salarial por parte das carreiras especiais, como os médicos, enfermeiros ou funcionários do fisco, durante o processo de revisão das mesmas. A proposta de Orçamento do Estado para 2010 estabelece que as subidas salariais destas carreiras só podem ocorrer se forem financeiramente sustentáveis. O que, num cenário de combate ao défice, pode dizer-se que será bastante difícil.
Segundo o OE2010, as carreiras especiais que ainda não foram revistas - caso das carreiras tributárias, de informática, oficiais de justiça ou diplomatas - mantêm-se até à sua revisão, o que deverá acontecer até 31 de Dezembro de 2010. No caso dos médicos e dos enfermeiros, o processo já está em curso mas falta definir as matérias salariais.
Recorde-se que, durante o processo negocial entre os sindicatos dos médicos e a ministra da Saúde, que ainda está a decorrer, os dirigentes sindicais exigiram que os médicos sejam colocados no mesmo patamar salarial dos juízes e dos professores universitários, como contrapartida à proposta da ministra de trabalharem mais horas. Isto significaria que os médicos em início de carreira subiriam vários escalões na tabela salarial, duplicando o seu salário, o correspondente a um aumento de cerca de 1.700 euros. É que, comparando as tabelas salariais dos médicos e dos professores universitários referentes a 2009, verifica-se que, enquanto um médico especialista do Estado (assistente) em início de carreira ganha 1.854 euros, um professor universitário na mesma situação (professor associado sem agregação) recebe 3.601 euros
Também os enfermeiros, que estão em pleno processo negocial e a cumprir três dias de greve, dizem sentir-se “humilhados” perante a proposta do Governo de ingresso na carreira a receber 995 euros.
Tentativa de revalorização salarial é antiga
Segundo o especialista em função pública e professor na Universidade Católica, Luís Fábrica, “a tentativa de revalorização salarial, por parte das carreiras com maior poder reivindicativo, durante processos de revisão, é antiga”.
“O facto de se autonomizarem as carreiras especiais, criando-se assim uma carreira à parte das gerais, transfere para as primeiras uma superior capacidade negocial”, acrescenta Luís Fábrica.
A proposta do OE2010 estabelece agora que a revisão das carreiras especiais deverá então assegurar “as perspectivas de evolução remuneratória das anteriores carreiras, elevando-as apenas de forma sustentável”.
Questionada, fonte do Ministério das Finanças explicou que “nos casos em que, na identificação dos níveis remuneratórios de cada uma das categorias das carreiras não revistas se eleve as perspectivas de evolução remuneratória face às das actuais carreiras, terá necessariamente de se ter em conta que as mesmas são orçamentalmente suportáveis”. A mesma fonte esclarece ainda que a questão está assim relacionada com “a definição da tabela remuneratória das carreiras” e não com quaisquer limites para progressões.
Quanto às progressões na carreira, a proposta do OE estabelece que estas só serão possíveis em função das últimas avaliações de desempenho e terá de estar assegurada a diferenciação por um sistema de quotas, tal como acontece para a generalidade dos funcionários. ■
DE 29.01.10
para quem não viu, aqui vai o link da entrevista que o dr adalberto dá hoje ao SOL: «Nao se deve desistir das reformas da saúde»
http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=161047
«Nos últimos 50 anos, nunca se tinha conseguido fazer tanto pelo Hospital Santa Maria»
O neurocirugião, presidente do Instituto de Medicina Molecular e conselheiro de Estado assinala a renovação que Adalberto Campos Fernandes conseguiu no Hospital de Santa Maria
Agora que o Dr. Adalberto Campos Fernandes abandona o cargo de presidente do Centro Hospitalar Lisboa Norte, não posso deixar de assinalar o impacto extraordinário que a equipa que esteve à frente do maior hospital português nos últimos anos, teve aqui dentro. Atrever-me-ia mesmo a dizer que, nos últimos 50 anos de vida deste hospital, nunca foi conseguida uma renovação tão abrangente e profunda como aquela que foi promovida pelo Dr. Adalberto e a sua equipa.
Para isso contribuíram vários factores. A começar, as qualidades pessoais do presidente do hospital – inteligência, trabalho e sensibilidade à natureza da instituição. Repare: este Centro Hospitalar tem mais de seis mil funcionários, um orçamento de 400 milhões de euros. E, no entanto, quem olha hoje para esta instituição vê algo completamente diferente. Antigamente, posso dizê-lo, eu tinha vergonha de mostrar o meu serviço aos visitantes estrangeiros. Agora, embora haja ainda nichos que necessitam de grandes melhorias, o progresso é notável.
Depois, do ponto de vista conceptual, deve-se em grande parte à sua percepção da natureza particular de um hospital de ensino, o ter-se constituído um Centro Académico de Medicina Hospitalar, com a participação não só do hospital como da Faculdade de Medicina e do Instituto de Medicina Molecular (IMM), que eu tenho a honra de presidir.
O hospital está também presente no Instituto – que é um grande centro de investigação biomédica, um dos maiores do país – e as alianças entre o IMM e o Santa Maria têm sido muito úteis para as duas instituições. Ou seja, porque o dr Adalberto Campos Fernandes é um académico – é alguém que pensa não só as suas tarefas de gestão da área assistencial, mas também das da investigação e educação -, o hospital adquiriu uma outra fisionomia em relação à sua missão.
Por outro lado, o estabelecimento de contratos-programa de gestão por objectivos com os serviços hospitalares - e o reconhecimento de que, quem trabalha mais e melhor, deve ser recompensado e deve ser dotado dos meios para cumprir esses objectivos - tornou, em minha opinião, a missão dos directores de serviço muito mais cristalina.
É evidente que tenho muita pena que ele saia. Ele deixa uma marca única na direcção deste hospital, que eu quero registar.
O Serviço Nacional de Saúde perde sempre que pessoas do calibre dele deixam de o integrar. É hábito dizer que não há pessoas insubstituíveis – e os sistemas biológicos acabam, de alguma forma, por regenerar-se. Isso, porém, não elimina a necessidade que o nosso país, que tem um tecido frágil como o nosso, tem de recorrer às elites. E com elites quero dizer pessoas que se distinguem nos campos em que trabalham. Nesse aspecto, o dr Adalberto, não sendo um administrador hospitalar de formação de raiz, veio demonstrar que há pessoas com outros recursos e outras formações académicas que podem desempenhar estes cargos com igual elevação».
Prof. João Lobo Antunes
semanário SOL 29.01.10
Adalberto Campos Fernandes justifica saída do CHLN
«A gestão tem ciclos óptimos»
Após cinco anos à frente de um dos maiores hospitais do País, Adalberto Campos Fernandes abandona a presidência do conselho de administração do Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHLN) e regressa ao grupo Millenium BCP, onde trabalhava quando, em 2005, foi requisitado pelo anterior ministro da Saúde, Correia de Campos. O seu lugar passa a ser ocupado, hoje, por João Correia da Cunha, que desempenhava as funções de director clínico na instituição.
Questionado pelo «Tempo Medicina» sobre os motivos que ditaram a decisão, Adalberto Campos Fernandes explica que «a gestão tem ciclos óptimos» e lembra que «inicialmente» a sua intenção era de se limitar a um «mandato de três anos». Mas porque se sentiu «muito motivado e envolvido», além de constatar a «vontade da equipa» de «ir mais além», acabou por ficar cinco anos. E este é, na sua opinião, o limite temporal para «quem faz gestão com motivação, com impulso e inovação». Agora, considera que «é tempo de ceder o lugar a outros para que seguramente venham a fazer muito melhor».
Adalberto Campos Fernandes confirma que a sua saída estava a ser planeada com a ministra da Saúde, Ana Jorge, desde Novembro, pois em causa está «uma grande instituição do SNS com mais de 6200 profissionais». «Os processos de mudança têm de ser feitos com muita tranquilidade», justifica.
«Enorme privilégio»
Em jeito de balanço, o médico de formação sente que foi «um enorme privilégio» poder ter «contribuído para, de alguma maneira, fazer renascer a instituição». Referindo-se concretamente ao Hospital de Santa Maria, recorda que encontrou a «instituição deprimida, com altíssimos níveis de desinvestimento, muito degradada e sem fazer honra à qualidade dos profissionais que tinha». O que se seguiu «foi um trabalho muito motivador» e que «envolveu todos os actores, sem distinção do hospital e da faculdade».
Adalberto Campos Fernandes destaca a relação «única e histórica» que conseguiu estabelecer com a Faculdade de Medicina de Lisboa e com o Instituto de Medicina Molecular, sublinhando que conseguiram recriar «o espírito fundacional de um hospital universitário», corporizado na criação, em 2009, do Centro Académico de Medicina de Lisboa. E espera que «estes cinco anos» tenham servido, não só para «modernizar, reequipar, infra-estruturar melhor o hospital e refortalecer a auto-estima dos seus profissionais», como também «possa ter contribuído para, em conjunto com o Hospital de Pulido Valente, criar uma grande área que sirva a Medicina clínica de base científica», como ele próprio a vê: «Como instrumento de desenvolvimento estratégico do País e em que efectivamente a relação entre o ensino, a investigação e a assistência seja uma relação muito íntima.»
Confrontado com algumas afirmações que têm sido feitas a propósito do seu pedido de demissão, nomeadamente que saía desiludido com o serviço público, Adalberto Campos Fernandes nega e reforça a sua posição em relação ao SNS: «Quem acompanhou o que eu disse e escrevi ao longo destes cinco anos sabe que sou e serei sempre defensor de um SNS universal, que sirva bem os portugueses, que seja um factor de coesão social e atenue as diferenças sociais. Isso não significa que não defenda, por outro lado, um SNS moderno, bem gerido e com visão estratégica.»
A.V.
TM 01.02.10
Saúde
Directores de hospitais demitem-se
Por Graça Rosendo
O Presidente do Hospital Curry Cabral, em Lisboa, está a ponderar apresentar a demissão. Manuel Delgado, administrador hospitalar de carreira, foi convidado para um lugar no sector privado e já comunicou à ministra da Saúde a possibilidade de abandonar funções, avança a edição do SOL desta sexta-feira.
Será a segunda baixa de peso nos hospitais de Lisboa em pouco mais de uma semana. Depois do anúncio da saída do ‘gestor modelo’ do Santa Maria, Adalberto Campos Fernandes, Manuel Delgado deverá seguir o mesmo caminho, ainda que, ao SOL, o gestor não tenha confirmado a demissão.
A ministra já decidira que o director clínico do Santa Maria, o médico Correia da Cunha, assumiria a presidência do Centro Hospitalar Lisboa Norte. Mas para o lugar de Delgado ainda não é conhecido o substituto.
O problema é que esta onda de demissões – cada uma com motivações oficiais diferentes – pode não ficar por aqui. A próxima pode ser a do director do Amadora-Sintra, Artur Vaz.
Para além da saída de ACF, outros rombos no porta-aviões da Administração Hospitalar Pública podem vir a acontecer.
A gestão pública a desmoronar-se
Como se vê é fácil.
A exemplo do que tem acontecido com os médicos, os melhores gestores públicos estão de saída contratados pelos grupos privados.
Hugo Meireles (Braga PPP), JM Boquinhas (Cascais PPP), ACF (regresso ao BCP), Manuel Delgado (VFX ?), Artur Vaz (Loures PPP?).
Efeito congelação
E, com as restrições orçamentais previstas para este ano a debandada dos médicos e técnicos de saúde vai continuar.
Pelos vistos o OE está a revelar-se um poderoso instrumento de privatização da saúde.
Bem dizia em entrevista o Catroga: Basta congelá-los.
Os sector público é o bode espiatório, o cordeirinho a imolar no altar da congelação, face à incompetência dos nossos políticos, empresários e economistas.
Efectivamente, Eduardo Catroga, mais um dos iluminados, em entrevista ao JP:
Mas o que fazia, por exemplo, à despesa com os funcionários públicos? É reduzível?
Não é reduzível, mas é congelável... link
Mais uns anos de sacrificio para os incompetentes do costume continuarem a fazer das suas.
«Hospital e faculdade deixaram de estar de costas voltadas»
O director da Faculdade de Medicina de Lisboa salienta a aproximação entre o hospital e a faculdade conseguida por Adalberto Campos Fernandes
Em primeiro, lugar, quero dizer que foi uma experiência muito positiva trabalhar com o Dr. Adalberto Campos Fernandes. Entramos sensivelmente na mesma altura nos nossos cargos, e ainda por cima numa altura muito complicada, em que faculdade e hospital se encontravam de costas voltadas, com problemas até ridículos em tribunal.
Seja como for, foi possível um entendimento muito claro, objectivo e muito leal do que são as missões de cada uma das instituições, do que cada uma podia fazer para potenciar a sua actividade – para criarmos algo de comum que fizesse aproximar, numa iniciativa estruturada, com visão prospectiva e de futuro, as duas instituições, Hospital de Santa Maria e Faculdade de Medicina de Lisboa.
O dr Adalberto foi um excelente interlocutor. Estabelecemos um principio de orientação – de que esta é uma casa comum –, que alargamos ao Instituto de Medicinina Molecular e que nos permitiu caminhar no sentido da criação do Centro Académico de Medicina de Lisboa.
Este Centro é uma resposta de acordo com o sentido do tempo. Aqui, procuramos harmonizar objectivos e acção, e aproveitar da melhor maneira os recursos financeiros e humanos de ambas as instituições para potenciar a formação dos profissionais, o desenvolvimento da investigação e a qualificação da medicina clínica que aqui se pratica. É um tripé absolutamente essencial à missão da Faculdade e que, para ser desempenhada e desenvolvida, precisa do Hospital. Ele percebeu isto muito bem.
A Faculdade encontrou da parte do dr Adalberto uma disponibilidade, uma percepção e uma visão dos problemas muito semelhante. Conseguimos trabalhar em conjunto, enriquecemo-nos mutuamente. A acção dele à frente do hospital foi mesmo muito positiva.
Por outro lado, o Conselho de Administração dirigido por ele conseguiu dar a volta a este hospital, que se dizia ser um elefante branco. Ele mostrou que era possível mudar este estado de coisas. Criou-se a base estrutural para o desenvolvimento da qualificação profissional e para uma melhoria mais acentuada, mais firme e consistente dos serviços prestados à comunidade, com a introdução, por exemplo, de métodos de governação clínica dos serviços. Depois, fez desaparecer o ambiente frio que existia dentro deste hospital. Renovou enfermarias, acabou literalmente com as correntes de ar.
Os seus motivos para sair serão absolutamente respeitáveis. Mas estou certo que aceitará o nosso convite para continuar ligado aos projectos do Centro Académico de Medicina Hospitalar, como membro do grupo de curadores e como professor.
José Fernandes e Fernandes
Director da Faculdade de Medicina de Lisboa
SOL 29.01.10
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