sexta-feira, março 12

Pontómetros, 2.ª vaga

foto DN
Depois de fracassada tentativa, link a ACSS decidiu recentemente lançar a 2.ª vaga com a colocação de "pontómetros" em todas as unidades prestadoras de cuidados de saúde primários do SNS.
A propósito, deixo-vos a mensagem que há poucos dias recebi, devidamente anonimizada, quanto mais não seja pela subtil ironia com que esse afã nela é retratado.

Caras e Caros
Com certeza que quem pensou e meditou sobre o assunto deve ter chegado à conclusão que esta seria a melhor forma de colocar tecnologia de ponta nas várias Unidades Funcionais dos ACES e, quem sabe, das USF. Fomenta-se assim o desenvolvimento do "Know How" e da tecnologia dos sistemas de informação Portugueses, promovendo assim uma mudança na sociedade portuguesa ao mobilizar as empresas, os profissionais e as instituições para que, com o esforço conjugado de todos, sejam vencidos os desafios de modernização que Portugal enfrenta.

Pode ser que acoplado a este inovador e imprescindível sistema venham centrais telefónicas de gestão de chamadas e de mensagens para os utentes, os prometidos quiosques electrónicos, os sites das usf, acesso à internet em banda larga, sistemas de informação que não sejam apenas uma gigante máquina de escrever, enfim o choque tecnológico que todos ansiamos...

E para quem acreditar (nos glutões do Presto) o pagamento das horas que se trabalha a mais... lol .

António Rodrigues

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3 Comments:

Blogger Tavisto said...

Face à total balda em que se tinha transformado o controlo da assiduidade através da assinatura do velho livro de ponto, acreditei que o controlo electrónico o pudesse substituir com vantagem. Não por convencimento que os parâmetros de assiduidade sejam um bom indicador de produção mas porque, face a uma quase ausência de cultura de “accountability” e de mecanismos fiáveis de avaliação/responsabilização dos serviços públicos, aqueles pudessem ainda ter cabimento na nossa estrutura de Saúde.
Do que me é dado conhecer na minha instituição e de opiniões que vou ouvindo de outras, concluo que me enganei redondamente. A má utilização do sistema electrónico transformou-o numa redundância para as direcções de serviço e, julgo não me enganar, num quebra cabeça para as administrações. Por outro lado, a complexidade de horários hospitalares, em especial dos médicos, não se ajusta a um sistema pouco flexível em si mesmo, podendo a exigência cega do seu cumprimento ser contraproducente. Parece-me pois que, face ao descrito, o sentimento actual das administrações é verem-se livre do pontómetro onde existe ou evitarem a instalação onde ainda não foi imposto.
Aconselharia pois a ACSS a avaliar devidamente a prática deste modelo nos hospitais antes de decidir avançar com o mesmo nos Cuidados Primários.

8:50 da manhã  
Blogger Economico said...

O controlo da assiduidade na saúde é uma batalha já antiga e cheia de histórias e lendas, algumas mal contadas, outras bem semelhantes à realidade. Daí a sempre importante discussão sobre o controlo da assiduidade.
No entanto da minha experiência existem algumas dificuldades técnicas na implementação de um sistema de controlo de presenças na saúde. Primeiro e fora algumas maravilhas da técnica moderna - cuja legalidade é no mínimo sujeita a discussão acessa - os pontos de entrada/saída numa instituição de saúde são múltiplos - desde a porta da urgência, à entrada do armazém, às consultas externas, etc.- o que dificulta a colocação física dos aparelhos e a monitorização do seu bom estado de funcionamento - visto que este são sujeitos a alguns actos de vandalismo.Segundo os vários turnos quer dos médicos após os "bancos", quer dos enfermeiros no sistema "continua o turno", quer o normal funcionamento em 24 sobre 7 sobre 365, tornam os sistemas complexos e de difícil parametrização. Terceiro a opção de justificação, pela hierarquia, da não entrada ou da manutenção em serviço de um ou vários elementos de uma unidade, permeia o sistema a vários erros e incongruências com repercussões nos valores de salário recebidos.
A somar às dificuldades técnicas existem paradigmas que surgem nestes projectos. Em primeiro a resistência à mudança, com todos os seus predicados, segundo o raciocínio pela excepção, ou seja, tende-se a criar um sistema de tal forma complexo que possa abarcar todas as excepções, todas as possibilidades, todas as formas de criar turnos, ou de deslocar pessoas entre unidades, criando um sistema impossível de implementar e cuja proximidade com a realidade é quase nula, por último a resistência ao controlo e supervisão das horas de trabalho efectivamente prestadas e contratadas - existem ainda hoje pessoas contratadas para efectuarem 40 horas semanais cujo horário apenas serve para um "boost" no salário.

9:47 da manhã  
Blogger tonitosa said...

Já se debateu muito este tema no Saúde SA. E as opiniões divergiram e continuarão a divergir.
Continuo a defender a ideia de que mais do que controlar um horário rígido de entradas e saídas, o sistema pontométrico deve visar registar os tempos efectivos de trabalho permitindo que cada serviço e os seus colaboradores façam a sua própria gestão. Obviamente que os conhecidos "baldas" não gostam nada destes sitemas. Mas as velhas folhas de ponto não fazem sentido, mesmo que fôssem rigoros os registos nelas contidos.Ter várias pessoas a introduzir nos sitema informático as horas de entrada e saída, as ausências (justificadas ou injustificadas) e as presenças, como base para processamento dos salários, é absurdo nos dias de hoje.
E o sistema deve permitir, também, conhecer os tempos de trabalhos dos profissionais (médicos e outros) nas várias actividades (consulta, BO, Banco, etc) para que seja possível uma mais correcta contabilidade analítica.
Acima de tudo, entendo que o sistema pontométrico (biométrico ou outro) deve combater as "baldas" e a "batota" mas pode e deve ser suficintemente flexível, com liberdade e responsabilidade dos profissionais. E quem trabalhar a mais deve sempre ser compensado, de acordo com os registos do sistema.

11:25 da tarde  

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