À beira do afundanço
O próximo no radar é Portugal. Este país só não está no centro das atenções porque a Grécia caiu numa espiral descendente. Mas estão ambos perto de falência económica e parecem hoje bem mais arriscados do que a Argentina quando entrou em incumprimento, em 2001", lê-se num artigo assinado em conjunto por Simon Johnson, antigo economista chefe do FMI, e Peter Boone, do ‘Center for Economic Performance' do London School of Economics. link
DE 15.04.10
DE 15.04.10
Indiferentes à situação de crise profunda que atravessamos as corporações continuam empenhadas em dar o seu contributo para o afundanço do SNS e do nosso país.
Etiquetas: economia
8 Comments:
Médicos tarefeiros custaram 34 milhões
O Serviço Nacional de Saúde (SNS) gastou mais de 34 milhões de euros com a contratação de médicos tarefeiros para prestar serviços nas Urgências, a maior parte contratados pelos hospitais a empresas, entre Janeiro e Setembro de 2009, segundo dados fornecidos ao Correio da Manhã pelo Ministério da Saúde. Este valor supera em quase 20 milhões de euros os custos com os contratos de tarefeiros em 2008, que se ficaram pelos 14,6 milhões.
Médicos e gestores temem que estes valores aumentem ainda mais este ano por causa das reformas antecipadas dos clínicos e da consequente falta de médicos.
O presidente da Associação Portuguesa dos Médicos de Saúde Pública, Mário Jorge Rêgo, considera que o aumento do recurso a tarefeiros cria problemas: "Essa situação é um incentivo para os médicos saírem porque os contratados ganham muito mais do que os do quadro. Saem e depois voltam para a unidade onde trabalhavam antes."
Mário Jorge Rêgo lembra que a contratação tem raízes antigas. "Começou no tempo do ministro Correia de Campos, com a necessidade de orçamentar a despesa, que deixou de ser um pagamento a recursos humanos e passou para aquisição de serviços."
Pedro Lopes, da Associação de Administradores Hospitalares, afirma que não era suposto ser essa a tendência: "Ou se contratou mais tarefeiros ou o valor por hora foi superior, porque a lei permitia ultrapassar os 35 euros mediante autorização justificada."
Para o bastonário da Ordem dos Médicos, Pedro Nunes, "não há surpresas". Em 2009, quando o Ministério da Saúde impôs um valor de salário por hora, 35 euros, para a contratação destes clínicos, como medida para conter esta despesa, Pedro Nunes avisou que não iria funcionar: "Podem agradecer aos antigos ministros da Saúde Luís Filipe Pereira e Correia de Campos".
PORMENORES
EPE GASTARAM MAIS
Em 2009 os hospitais-empresa pagaram mais de 24 milhões de euros a tarefeiros.
AUDITORIA DA IGAS
Auditoria da Inspecção-Geral revelou que 82% dos hospitais recorria em 2009 à contratação externa de clínicos.
CM 13/04/2010
Assim vai o SNS. Sai-se por uma porta reformado, entra-se por outra a receber x vezes mais que o salário base. E não haverá nada a fazer? Será socialmente justo que quem se reforma com antecipação possa continuar a desempenhar a mesma actividade profissional no público ou no privado? Não se pode considerar esta atitude como um comportamento anti-social? Não será isto uma forma de burla qualificada?
Alguém me explica o que é um estado de Direito.
Não é só cortando no pessoal que o SNS e o país não se afundará: É preciso mudar o paradigma.
Quanto gastamos com os CSP e quanto gastam outros? Dentro dos gastos qual a percentagem relativa a pessoal? E que pessoal?
Como evitar o problema se insistimos na mesma solução?
Gastos com Assessorias desnecessárias?
Como explicar que sendo a produtividade dos trabalhadores portugueseses baixa mesmo assim os seus salários ainda conseguem ser substancialmente abaixo do esperado?
Avaliem-se os gestores!
Como é possível que numa empresa monopolista como a EDP , com todas as vantagens daí inerentes, ainda se pague principescamente ao seu Principal administrador por bom desempenho?
Portugal: 10 pessoas num barco a remos.9 decidem a melhor forma do nº 10 remar!
Alguém ouviu falar mais da grave crise da Irlanda?
Pois é...
Como referiu recentemente o Peres Metelo, depois de apresentar um duro plano de recuperação com imposição de arduos sacrificios, que obteve o consenso do governo, de todos os partidos da oposição e sindicatos, a Irlanda desapareceu dos alinhamentos noticiosos internacionais.
Vejam o que se passa no nosso país onde um consenso deste tipo é de todo inviável.
Em Portugal, os partidos e sindicatos, pelo contrário, encaram as crises (quanto mais graves, melhor) como janelas de oportunidade para a obtenção de vantagens.
Caminhamos, desta forma, alegremente para o afundanço final...
Os despesistas
As transacções que diariamente se fazem no mundo reflectem uma operação de soma zero: as exportações de um lado são importações do outro e inversamente.
Mas as consequências nos diferentes países são antagónicas. Há os poupadinhos, que vão criando reservas para acautelar o futuro. E há os despesistas, que gastam o que têm e o que não têm na voragem do presente. Como lidar com estes últimos?
Tomemos um exemplo europeu. Na Alemanha, por cada 100 euros produzidos, consomem 74 e investem 19: os outros 7 são poupança, que transformam em reservas. Na Grécia, para os mesmos 100, há 88 de consumo e 23 de investimento: os 11 a mais são dívida, que não pára de crescer. Agora a Grécia ameaça falência e pede ajuda à Eurolândia, onde pontifica a Alemanha. Deve tê-la? Claro que sim. Mas o bónus nos juros está a mais. A Grécia cometeu vários erros e deveria pagar por isso.
Num outro plano, o que se passa entre os Estados Unidos e a China é semelhante. Os Estados Unidos gastam mais do que produzem e endividam-se; a China poupa uma parte e acumula reservas. Como o comércio entre ambos é enorme, os EUA "exigem" a desvalorização do yuan, para reequilibrar a balança. A China assobia para o lado e finge que não percebeu. Pergunta de um ‘outsider': a que título hão-de ser os americanos a definir a política cambial chinesa?
É verdade que o modelo chinês deverá ser único no mundo. Para um PIB igual a 100, eles consomem 48, investem 44 e ainda poupam 8. Não me recordo de nenhum outro país que invista tanto e consuma tão pouco. O que não deixa de ser estranho: há taxas de crescimento espectaculares, uma acumulação de reservas nunca vista - e, depois, um nível de vida de Terceiro Mundo. Faz sentido? Claro que não. Mas os americanos não têm nada com isso.
Portugal integra o grupo dos despesistas. Por cada 100 euros produzidos gastamos 110, os 10 a mais são dívida e a dívida acumulada já excede aqueles 100. Gastamos de mais. Ainda não somos a Grécia, mas para lá caminhamos. E o resultado final deverá ser semelhante. Pois bem, que vemos à nossa volta? O Governo não tem soluções, os partidos fazem inquéritos, os sindicatos promovem greves - e a dívida lá continua, de mansinho, a crescer...
Está tudo doido.
Daniel Amaral, DE 16.04.10
Cavaco Silva, despiu ontem a pele de economista para negar que o país corra “risco de falência económica”, termos utilizados na véspera pelo exresponsável do FMI, Simon Johnson. “Li esse artigo do exdirector do FMI. E como Presidente da República, não concordo com muita coisa que foi dita”, afirmou Cavaco Silva, de visita em Praga. No dia em que o influente analista Nouriel Roubini disse que Portugal “pode abandonar a zona euro”, Cavaco não revelou a sua opinião enquanto economista sobre esse cenário negro que vem ganhando forma na opinião pública e tem levado os mercados a aumentar o risco de incumprimento da dívida nacional.
E a Comissão Europeia, pela voz de Olli Rehn, reiterou os “riscos que existem no curto prazo” a nível orçamental, citando “o valor do défice do ano passado e a previsão de cenário macroeconómico”.
E “se os riscos se materializarem é claro que recomendo que tomem novas medidas”, mas adiantou que falou “com o ministro de finanças, e estou convencido que compreende completamente a situação e está preparado para tomar novas medidas se necessário”. O presidente do Banco Central Europeu, Jean Claude Trichet, insistiu no reforço de medidas de austeridade. No passado, Trichet já tinha elogiado a iniciativa do Governo em congelar os salários reais dos funcionários públicos até 2013. Agora embarca na necessidade permanente de novas medidas. “Encorajo Portugal e todos os outros países a aumentar a sua capacidade de lidar com a situação orçamental”, frisou, escusandose a comentar algum mau olhado nos mercados.
As autoridades portuguesas custaram a digerir as palavras de Simon Jonhson, antigo economista-chefe do FMI, que sustentou um título no NY Times onde se explica que “Portugal é o próximo alvo” dos ataques dos mercados.
“Por cada comentário em tom mais negativo que surja”, retorquiu ontem o ministro, “podem-se arranjar três ou quatro mais confiantes e mais positivos”. Portugal “não tem nada a ver com a Grécia” reiterou.
Estas vozes críticas têm origem “numa corrente de opinião, mais de raiz americana, que sempre se mostrou muito céptica sobre o sucesso do euro ”, declarou.
A visita de Cavaco a Praga ficou marcada por um comentário mordaz do líder checo Vaclav Klaus sobre as contas públicas portuguesas. “Fiquei muito surpreendido por Portugal não estar nervoso com o seu défice de 8%.
Isso é muito interessante”, disse o líder checo, causando algum embaraço junto dos seus interlocutores portugueses.
“Mas quem é que não está preocupado?”, retorquiu Cavaco horas depois, devolvendo a farpa: “Se o PEC for cumprido, em 2013 não estaremos numa situação orçamental mais deficitária que a da República Checa”.
DE 17.04.10
Tim Lee
“Défice português não será facilmente financiado no mercado”
“Os baixos níveis de poupança demonstram o facto de que o défice português não será facilmente financiado no mercado doméstico, o que torna difícil para estes países [Portugal e Grécia] escaparem à armadilha da dívida”. O economista da pi Economics não teve dúvida em comparar Portugal com a Grécia.
Gilles Moëc
“Será um longo e penoso processo para Portugal”
“Será um longo e penoso processo para Portugal e há muitas dúvidas sobre se eles conseguirão ou não resolver o problema”. A frase é de Gilles Moëc, economista-chefe do Deutsche Bank para a Europa, diz que a economia nacional se prepara para entrar num caminho semelhante ao grego.
Jonathan Loynes
“Portugal, Itália, Espanha e Irlanda enfrentam período difícil”
“Portugal, Itália, Espanha e Irlanda estão também a enfrentar um período difícil de consolidação orçamental que, combinado com a estruturante falta de competitividade, representa sérios problemas para as suas economias”, refere Jonathan Loynes, economista-chefe para a Europa da Capital Economist.
Simon Johson
“Portugal corre risco de falência económica”
“O próximo no radar é Portugal. Este país só não está no centro das atenções porque a Grécia caiu numa espiral descendente. Mas estão ambos perto de falência económica e parecem hoje bem mais arriscados do que a Argentina quando entrou em incumprimento, em 2001”, diz o ex-economista-chefe do FMI.
DE 17.04.10
The Next Global Problem: Portugal link
...
Portugal spent too much over the last several years, building its debt up to 78 percent of G.D.P. at the end of 2009 (compared with Greece’s 114 percent of G.D.P. and Argentina’s 62 percent of G.D.P. at default). The debt has been largely financed by foreigners, and as with Greece, the country has not paid interest outright, but instead refinances its interest payments each year by issuing new debt. By 2012 Portugal’s debt-to-G.D.P. ratio should reach 108 percent of G.D.P. if the country meets its planned budget deficit targets. At some point financial markets will simply refuse to finance this Ponzi game.
The main problem that Portugal faces, like Greece, Ireland and Spain, is that it is stuck with a highly overvalued exchange rate when it is in need of far-reaching fiscal adjustment.
For example, just to keep its debt stock constant and pay annual interest on debt at an optimistic 5 percent interest rate, the country would need to run a primary surplus of 5.4 percent of G.D.P. by 2012. With a planned primary deficit of 5.2 percent of G.D.P. this year (i.e., a budget surplus, excluding interest payments), it needs roughly 10 percent of G.D.P. in fiscal tightening.
It is nearly impossible to do this in a fixed exchange-rate regime — i.e., the euro zone — without vast unemployment. The government can expect several years of high unemployment and tough politics, even if it is to extract itself from this mess.
Neither Greek nor Portuguese political leaders are prepared to make the needed cuts. The Greeks have announced minor budget changes, and are now holding out for their 45 billion euro package while implicitly threatening a messy default on the rest of Europe if they do not get what they want — and when they want it.
The Portuguese are not even discussing serious cuts. In their 2010 budget, they plan a budget deficit of 8.3 percent of G.D.P., roughly equal to the 2009 budget deficit (9.4 percent). They are waiting and hoping that they may grow out of this mess — but such growth could come only from an amazing global economic boom.
NYTimes 15.04.10
Dire perspectives... and Portugal surely enough is in bad shape. However, I wonder if there are not quite a few others, that may be in even worse shape.
I suggest that everybody should reading what LEAP 2020 have been writing over the last two years about the current economic crisis (search it on the internet) in their confidential letter. Here is what they have to say about current sovereign risk:
"Classified in descending order from the most to the least dangerous, the eight countries with a sovereign risk greater than that of Greece are:
1. United States
2. United Kingdom
3. Ireland
4. The Netherlands
5. Japan
6. Spain
7. France
8. Portugal
NYTimes, Joao Borges,
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