Carreiras e muito mais…
Ora, Clara!... Por que é que ainda lhe dói? Cada um dá o que tem e a mais não é obrigado. AJ pode bem dizer aquilo de que no momento se lembrar, porque é por demais evidente que está esgotada e não só ela. O seu erro, na parte que lhe toca, foi ter interrompido o exercício das suas competências no Garcia de Orta. Não foi ela que, no início do processo negocial com os sindicatos médicos, anunciou a dedicação exclusiva e que, com o mesmo à vontade, disse, um ou dois dias depois, que dedicação exclusiva era para dali a dez ou quinze anos? A distribuição unidose dos medicamentos nas Farmácias também. Não vale a pena doer-se.
O que é grave não é AJ; dizendo o que disser, insere-se coerentemente no contexto, todo ele descomandado e perturbante, mas cuja gravidade continuamos apostados em não ver. Até me surpreende, e digo-o com admiração, que ainda subsista alguém com ânimo para dizer o que o Horus escreveu "A via Sacra do SNS", link. Porque considero certo tudo o que afirmou.
Alguém aceitará que a passagem dos HH-SPA a HH-SA ou HH-EPE se justifica com a simples necessidade de agilizar a burocracia? Para isso bastaria um qualquer Simplex. Ou para deixar subsistir um modelo (estafado) burocrático e normativo de carreiras, como diz o Horus? Ou para contratar Enfermeiros (ou outros profissionais) em conformidade com o pressuposto (que é o da argumentação de AM em "Causas, conheço-as justas e não" link de que as remunerações a pagar decorrem apenas das habilitações detidas, nivelando por cima a diversidade de competências que lhes sejam confiadas? Seria muito curto e, objectivamente, desvalorizador da importância dos profissionais da saúde, dos Enfermeiros e dos restantes.
Não. Essa alteração do estatuto jurídico só se justifica pela necessidade de mudança, de introduzir princípios de governação estratégica, que nunca existiu consistentemente, e de inovar os modelos de gestão e de trabalho no SNS, como também diz o Horus.
O mesmo se diria dos HH-PPP. As parcerias teriam sido um contributo muito válido no processo de transformação e mudança se o MS tivesse sido capaz de as entender e conter tais como a lei as desenhou: dentro do SNS, sujeitas, controladamente, aos princípios e orientações deste, divergindo apenas nas especificidades, e na medida das especificidades, acolhidas pela lei; em resumo, exemplificariam como seria possível trazer para o SNS as virtualidades acolhidas pela gestão privada, sem perversão da coisa pública. O problema foi, como referiu de forma lapidar Luís Campos e Cunha, a incapacidade de o Estado distinguir entre interesse público e interesse privado.
Sempre foi mais fácil atender o imobilismo da função pública e as resistências à mudança que mantêm a captura do SNS, sacrificando à necessidade de acalmia e a outros interesses que não o interesse público; já se estão a ver, e mais adiante se verão melhor, as consequências da desistência de olhar de frente as questões incontornáveis. O facilitismo não pode ser confundido com o caminho certo. Que bem que o disse o Horus: “A trapalhada em que se encontra o SNS é um cruel exemplo dos resultados a que conduz a política suportada nas aparências e no tacticismo politiqueiro. A ausência de princípios de governação estratégica conduziu-nos a um beco sem saída”.
Sem saída porque uma rotação de 180 graus é sempre difícil. Muito mais agora, com as incongruências que o PEC, também ele inevitável, deixou passar e depois da sementeira de expectativas com as negociações em curso e com as demais que poderão ser reivindicadas. Sementeira tanto mais inoportuna quanto é certo que, no contexto actual, o objectivo primeiro do SNS deveria ser sobreviver e não expandir e o menos a exigir de quantos nele servem ou por ele se interessam seria que pusessem de lado ou suspendessem qualquer reivindicação com efeitos de agravamento do risco de insustentabilidade. Mas… que havemos de fazer? Não foi AJ que mandou às urtigas o problema da sustentabilidade?
Aidenos
O que é grave não é AJ; dizendo o que disser, insere-se coerentemente no contexto, todo ele descomandado e perturbante, mas cuja gravidade continuamos apostados em não ver. Até me surpreende, e digo-o com admiração, que ainda subsista alguém com ânimo para dizer o que o Horus escreveu "A via Sacra do SNS", link. Porque considero certo tudo o que afirmou.
Alguém aceitará que a passagem dos HH-SPA a HH-SA ou HH-EPE se justifica com a simples necessidade de agilizar a burocracia? Para isso bastaria um qualquer Simplex. Ou para deixar subsistir um modelo (estafado) burocrático e normativo de carreiras, como diz o Horus? Ou para contratar Enfermeiros (ou outros profissionais) em conformidade com o pressuposto (que é o da argumentação de AM em "Causas, conheço-as justas e não" link de que as remunerações a pagar decorrem apenas das habilitações detidas, nivelando por cima a diversidade de competências que lhes sejam confiadas? Seria muito curto e, objectivamente, desvalorizador da importância dos profissionais da saúde, dos Enfermeiros e dos restantes.
Não. Essa alteração do estatuto jurídico só se justifica pela necessidade de mudança, de introduzir princípios de governação estratégica, que nunca existiu consistentemente, e de inovar os modelos de gestão e de trabalho no SNS, como também diz o Horus.
O mesmo se diria dos HH-PPP. As parcerias teriam sido um contributo muito válido no processo de transformação e mudança se o MS tivesse sido capaz de as entender e conter tais como a lei as desenhou: dentro do SNS, sujeitas, controladamente, aos princípios e orientações deste, divergindo apenas nas especificidades, e na medida das especificidades, acolhidas pela lei; em resumo, exemplificariam como seria possível trazer para o SNS as virtualidades acolhidas pela gestão privada, sem perversão da coisa pública. O problema foi, como referiu de forma lapidar Luís Campos e Cunha, a incapacidade de o Estado distinguir entre interesse público e interesse privado.
Sempre foi mais fácil atender o imobilismo da função pública e as resistências à mudança que mantêm a captura do SNS, sacrificando à necessidade de acalmia e a outros interesses que não o interesse público; já se estão a ver, e mais adiante se verão melhor, as consequências da desistência de olhar de frente as questões incontornáveis. O facilitismo não pode ser confundido com o caminho certo. Que bem que o disse o Horus: “A trapalhada em que se encontra o SNS é um cruel exemplo dos resultados a que conduz a política suportada nas aparências e no tacticismo politiqueiro. A ausência de princípios de governação estratégica conduziu-nos a um beco sem saída”.
Sem saída porque uma rotação de 180 graus é sempre difícil. Muito mais agora, com as incongruências que o PEC, também ele inevitável, deixou passar e depois da sementeira de expectativas com as negociações em curso e com as demais que poderão ser reivindicadas. Sementeira tanto mais inoportuna quanto é certo que, no contexto actual, o objectivo primeiro do SNS deveria ser sobreviver e não expandir e o menos a exigir de quantos nele servem ou por ele se interessam seria que pusessem de lado ou suspendessem qualquer reivindicação com efeitos de agravamento do risco de insustentabilidade. Mas… que havemos de fazer? Não foi AJ que mandou às urtigas o problema da sustentabilidade?
Aidenos
15 Comments:
Caro Aidenos
Apenas um (breve) reparo, se o posso qualificar deste modo.
O que tentei defender no texto referido não foi, como só por leitura diagonal se pode concluir, que os enfermeiros deveriam ser remunerados meramente pela qualificação académica obtida.
Em todo o caso não duvide que é esta, pelo menos na sociedade ocidental, a norma. Os profissionais são remunerados descriminadamente consoante a sua qualificação académica dentro de uma dada AP, com algumas excepções que decorrem quer do âmbito profissional (como os orgãos de soberania), quer do âmbito instituído pelo tempo.
Isto é absolutamente paralelo a uma remuneração tendo por base a responsabilidade, a diferenciação e o dano decorrente de má prática. As profissões, em regra, mais exigentes em termos de responsabilidade, são aquelas para as quais a preparação graduada (pré e pós), académica, é mais extensa.
O que eu pretendi foi ir mais além. Hoje os médicos não são, repito, o que eram há 50 anos, os cardiologistas fazem angioplastias, os neurorradiologistas surgiram não há muito e já fazem oclusão de aneurismas, surgiu a Medicina Nuclear, a Genética Médica, Neurologia até se separou da Psiquiatria!, etc; há doenças novas, tratamentos novos, somos mais intervencionistas e temos melhores resultados clínicos.
Do mesmo modo, os enfermeiros não são, também o que eram, não se limitam aos pensos, injecções, posicionamentos e afagos no sofrimento.
Neste contexto tem que haver, é para mim condição essencial para um sistema de saúde progredir, uma redifinição de papéis, que torne o os orgãos deste sistema mais solidários e o organismo mais saudável.
Os médicos não podem querer abarcar tudo o que faziam e o que, entretanto, aprenderam a fazer. Isto só é compreensível num conceito estreito de perpetuação a todo o custo da «espécie», com todas as regalias, privadas e públicas, dos monopólios.
Então se a profissão médica se tem estendido para uma área mais diferenciada, em que a actualização técnica e o conhecimento farmacológico são muito mais relevantes que o imaginável há um par de décadas, não é lógico que o outro extremo das suas habilitações primeiras, sobretudo versando a vigilância da manutenção do normal, da homeostase, da prevenção primária, sejam confiadas a outro grupo profissional, que se habilitou para o fazer?
É que nós, médicos, achamos que crescemos e vamos dominar tudo, o que fazíamos, o que fazemos e o que faremos, e não somos capazes de reconhecer que os outros também crescem e podem fazer, quem sabe melhor, o que nós, simplesmente, deixámos de ter tempo, paciência ou motivação para fazer bem.
Imaginam quanto um sistema de saúde poderia poupar e quanto a assistência sanitária poderia crescer com uma mudança deste género?
Monopólios, só os de mesa.
Recebemos do médico António Levy, chefe de serviço de Pediatria do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, o comentário seguinte, a propósito das medidas anunciadas para cativar os clínicos aposentados a continuarem a exercer no SNS.
Originada pela partida há muito ameaçada, e agora em vias de concretização, de muitos colegas médicos, muitos serviços entrarão em colapso. A solução que entretanto se vislumbra no Ministério é que estes colegas possam vir a beneficiar da reforma e de um segundo contrato, enquanto deles houver ne¬cessidade, nas condições impostas pelo Ministério... A solução proposta pelos sindicatos parece-me uma aberração e contrá¬ria à vontade de manter e defender o SNS, pois terá como con¬sequência que os médicos mal se possam reformar o façam, mais não seja para poder ter acesso ao segundo ordenado. A resolução, a ser essa, é escandalosa para quem trabalha e ainda mais para aqueles que, como eu, podendo reformar-se não o fazem porque, entre outras coisas, acreditam no SNS e na Me¬dicina pública. Penso que o que seria lógico era dar um suplemento salarial a quem ainda tem vontade de permanecer ligado à Medicina pública — favorecendo e premiando assim quem resiste —, suplemento que poderia ter vigência unicamente enquanto o médico trabalhasse, tudo isto na tentativa de adiar ao máximo o pedido de reforma. Não tenho dúvidas quanto à vontade da actual ministra da Saú¬de para viabilizar o SNS, mas a solução de que se fala parece-me ao arrepio do bom senso.
Tempo Medicina
Com grande simplicidade António Levy diz aqui o que vai na alma dos médicos que, ao arrepio de ventos neoliberais, se mantêm firmes no SNS porque acreditam que só a Medicina Pública pode garantir equidade e cobertura universal e digo eu, o SNS ainda faz sentido por ser reformável.
Faz também uma crítica certeira aos Sindicatos que, face aos pedidos antecipados de reforma, se preocupam mais com o umbigo da classe que representam que em encontrar soluções que previnam a saída dos profissionais e garantam a sustentabilidade do SNS.
Quanto a Ana Jorge diz isso mesmo, não chegam boas vontades quando não há estratégia. A fuga para a frente só traz precipitação e propostas insensatas, como se tem vindo a verificar no decurso do seu mandato. Se não tem uma estratégia para o SNS ou, se a tendo, não tem condições políticas para a implementar, então é melhor que se demita.
Leio os textos aqui publicados, de Horus, Aidenós, Távisto e tantos outros e apetece-me perguntar: será que o MS gripou?
Logo agora que o vírus anda desaparecido!
Então o encerramento nocturno do SAP de Valença, solução indiscutivelmente correcta, não merecia uma explicação prévia e esclarecedora feita pela Sr.ª Ministra, no tom calmo e pedagógico que usou, aquando do H1N1?
Tenho lido nos jornais que algumas pessoas de Valença já recorriam às urgências de Tui. Informa, por exemplo, o Correio do Minho:
Segundo números avançados pelo diário galego Faro de Vigo, antes do fecho do SAP de Valença já iam às Urgências de Tui, em média, três portugueses por dia, na sua maioria daquela cidade do Alto Minho. “Agora, a tendência é, naturalmente, para aumentar. Em Tui é melhor, mais barato e mais perto. Basta termos o cartão europeu de saúde para sermos atendidos”, rematou Carlos Natal (Porta voz Comissão de Utentes do Centro de Saúde).
Mas se é melhor, mais barato e mais perto, o lógico seria sugerir um contrato com o Governo Galego para o atendimento de doentes de Valença no período nocturno.
E não venham falar em patriotismo, como fez uma personalidade política do PSD a propósito do encerramento da Maternidade de Elvas, aqueles que, lamentavelmente, encheram a cidade de Bandeiras de Espanha.
Protesto ridículo, que não mereceu o devido repúdio de dirigentes políticos, sempre prontos a reclamar mais meios para o SNS.
Como recentemente foi o caso duma deputada engalriçada pelas câmaras das televisões, a reclamar pela falta de camas em cuidados continuados e paliativos.
Que não havia quando o seu partido fez parte do Governo.
Quanto melhor não seria o SNS com muitos Médicos como o Dr. António Levy, cujo comentário ao TM aqui foi trazido por Távisto.
Que diferença dos que partem para o privado e acumulam com a política. Para beneficiar quem?
Quero começar por cumprimentar o Hórus (grande post) assim como os consagrados Brites, Aidenós e Távisto (citação do TM). Depois deles pouco ficou por dizer tão certeira é a sua argumentação. Resta ligar as práticas dos últimos 20 anos ao descalabro financeiro actual e trazer alguns números esclarecedores da “justa” luta dos enfermeiros.
A)Ninguém é responsável, «é a vida…»
1-Ninguém é responsável pelo actual descalabro financeiro do país que fará com que o nível de vida da população desça ainda mais, os contribuintes vão pagar mais, a vida dos jovens fique comprometida e se criem poucos e mal pagos empregos. Que se passou nos últimos 20 anos no Estado?
2-Os nossos governantes (todos mesmo o actual PR) irresponsavelmente foram dando tudo a todos, cada vez mais serviços em todo o lado, mais pessoas, mais regalias e direitos. Procuravam mais os votos que o serviço da população, e para isso é mais fácil e eficaz dar que gerir e racionalizar a rede (excepcione-se CC). Assim os défices foram surgindo e foram sendo transferidos para a dívida pública (alguém a vai pagar no futuro com menos empregos e menos nível de vida … «ora, isso agora não interessa nada»). Foi com os principais sectores -saúde, educação, justiça, …-, não com o ambiente ou a cultura, que se foi criando a gigantesca dívida.
3-Neste doce engano o que se passou com o pessoal? Bem, a avaliação continuou e continua a ser uma ficção - tipo 95% são «muito bons» os restantes são apenas «bons» –, mas as carreiras foram sendo actualizadas ou ajustadas – isto é cada vez mais dinheiro e mais direitos para todos, perdão apenas para os que tiverem pelo menos bom! Se isto não é brincar com os contribuintes e comprometer o futuro do país o que é? As promoções em vez de limitadas com o mérito ficam acessíveis a todos, nivelando-se por baixo e promovendo de facto por idade. Não resisto a contar um caso, verdadeiro, passado num grande hospital do Norte. Um Ortopedista estava proibido pelos colegas de ver e tratar doentes, tal era o perigo inerente, mas continuou a receber «tudo a que tinha direito» e ser pontualmente classificado de Bom. O problema foi quando o quiseram convencer a não se candidatar a chefe do serviço (com tantos bons ganhava), não foi fácil!
4-De facto os serviços públicos estavam capturados pelos profissionais e as pessoas sofriam de duas maneiras, como utentes e como contribuintes, porque a irresponsabilidade cai sempre naqueles que são os mais fracos, nunca nos “Sim, Senhores Ministros”. Por isso a empresarialização se impunha, para evitar o descalabro financeiro e eliminar a insensibilidade ou mesmo desprezo pelos doentes.
5-Só que em Portugal tudo descamba pela politiquice, chico espertismo e pela irresponsabilidade. Assim: i) Bons coladores de cartazes foram convertidos em gestores de hospitais, que obviamente havia que não avaliar; ii) Um ministro confundiu a saúde com fábricas de sapatos e deixou o mercado de trabalho completamente desregulamentado, entregue aos tais gestores e sem qualquer controlo – o resultado só podia ser inflação geral de salários, o salve-se quem puder das empresas de trabalho e outros esquemas de desenrasca; iii) A incapacidade e a difícil situação financeira «desaconselhavam» a opção por mercado regulado com incentivos em função dos resultados avaliados, assim optou-se por voltar a colocar no centro as carreiras e as «justas reivindicações» resolvidas em Lisboa. Como é que se gerem empresas públicas com funcionários públicos? «Ora, isso agora não interessa nada». A actual situação de desorientação e de actuação a reboque da agenda dos sindicatos permite afirmar que o SNS ficará a um passo do precipício, quem dará os «Passos» seguintes?
...
...
B)Enfermeiros ganham pouco?
1-Alguns enfermeiros ganham muito pouco dado o trabalho e resultados excepcionais que conseguem, mas muitos ganham demais para o que fazem entre os múltiplos empregos e os vários esquemas que adoptam para conciliar o inconciliável – se é carreira desgastante e muito exigente como tantos conseguem ter dois empregos a tempo completo simultaneamente?
2-Vejamos:
a)Quem duvida do valor da retribuição paga aos enfermeiros vá ver as pensões atribuídas no mesmo dia, um administrador hospitalar consagrado ficou com uma pensão inferior ao de uma qualquer enfermeira chefe. Que fará se ganhassem bem!
b)Como seria possível ter enfermeiros espanhóis radicados em Portugal, se aqui não se pagasse bem, sabendo que o nível de vida em Espanha é 50% superior ao nosso?
c)Como se compreende que no mercado privado aceitem 900 euros de entrada e no SNS não cheguem 1200 e se exige as promoções e os horários (vide INEM) que eles querem, enquanto no privado sujeitam-se ao que os patrões lhes impõem? Só pode ser por amor ao SNS…
d)Mas ainda haverá quem ache que ganham pouco. Olhemos então para o que nos diz a informação da OCDE link : i) Concluímos que o ordenado das enfermeiras era 1,7 vezes o salário médio da população Portuguesa (mais ou menos o que ganha em média o «rico contribuinte»), muito mais que nos restantes países europeus! ii) Depois em USD e PPP, em Portugal ganhavam mais que os enfermeiros do Japão e da Finlândia; iii) Finalmente de 1997 a 2005 tiveram um aumento de 2,4% ao ano, quando o «rico contribuinte» médio teve apenas 0,6% - isto é 4 vezes mais, valor relativo que não tem paralelo em nenhum outro país naquele período. É assim tão pouco?
Só espero que com tanto hesitantismo e tanta irresponsabilidade os nossos governantes não continuem a ceder alegremente («ora isso agora interessa MUITO»!) aos sindicatos da saúde, porque atrás dos enfermeiros e dos médicos virão os Técnicos, atrás desses virão os juízes, polícias, exército, etc.
Pobre país este, mas também pobres contribuintes, pobres doentes e pobre futuro reservamos para os nossos filhos….
Simplesmente Constança
Correcção do link do post anterior:Remuneration of nurses link
Ou: link
Volta e meia isto sobe de qualidade.
Será que temos o CC de volta?
Os dirigentes da enfermagem depois da leitura deste post deviam meter os cartazes e as greves no saco.
Boa noite!
Bem ao espírito português deixa-se andar, vai-se deixando e vamos navegando mas ao contrário daqueles que exaltamos e narramos pelos seus actos heróicos por mares nunca dantes navegados, agora conhecemos esses mares e nem assim fazemos força no leme para que nos desviemos do velho Adamastor.
Primeiro há que haver rigor na acções de um líder de que governa uma casa/estado que neste caso é comum a toda a gente que contribui para a sua sobrevivência. Para já alguém referiu nos comentários postados áreas problemáticas como saúde, educação e justiça como escandalosas e desgraçadoras do nosso país são áreas essenciais infelizmente os seus recursos não têm sido bem geridos nem sujeitos a políticas de rigor. Como é possível fazer generalizações perante classes sejam elas quais forem quando não há rigor na tutela ao fazer o processo avaliativo (vai-se cedendo tu não és avaliado tu já és...) quando se quer atirar areia para os olhos de todos e deixar o barco andar ao Deus dará. Não pode ser... quando se prega que aquele ganha mais 1,7 vezes ou 2 vezes (neste caso a Enfermagem, que acho que não são absolutamente nada abonados nem dos que existe assim tanta disparidade face a outros casos específicos) mais que a pessoa com o ordenado mínimo nacional é fazer retrocesso. Porque aqui e toda a gente sabe que o nível de pobreza no nosso país é humanamente vergonhoso. Mas em vez de se querer fomentar a arte dos pobres porque não ser competitivo e inovador de forma a ser rentável e aumentar e justificar as suas fontes de rendimento. Isso é o lema bem patente entre nós que muita gente prefere estar com o subsídio de desemprego porque apesar de ter oferta não vai desempenhar funções porque ia ganhar o mesmo. Quando aqui se exemplificou o caso dos Enfermeiros que ganham 900 euros no privado e 1200 no público e se questiona o facto de aceitarem no privado os 900 euros. Eu pergunto-me qual a melhor forma de poder contribuir para um país e retribuir o que um estado investiu na diferenciação de mão-de-obra diferenciada exercer Enfermagem ou ir pelo facilitismo e aceitar o abono do esquecer o trabalho digno e que se conquista e laborar noutra área qualquer. Este exemplo SÓ pode enaltecer quem presta cuidados de Enfermagem porque não deixam de exercer porque apesar de verem a injustiça a que são sujeitos mas por amor pelo aquilo que fazem optam por exercer e evoluir pretendo iniciar o mais precoce da sua profissão e construir o tão desejado conhecimento científico que tem mais-valias na qualidade dos cuidados (porque quem deixa de exercer inevitavelmente vai sendo ultrapassado por quem exerce, confrontar a estagnação. Fala-se em sacrifício isto não será um exemplo de sacrifício que apesar de ser por obrigação não o deixa de o ser. E sacrifício meus amigos é daquilo que o nosso Povo menos quer e com as suas razões porque os sacrifico não abrange todo o Portugal penso que com isto me faço entender, volta-se na fase adulta ao jogo do toca e foge enaltece-se quem dá prejuízo e quem não traz mais valias à nação despreza que mantém pelo menos os resultados satisfatórios.
Continua...
Parte III
O lema de que melhores dias virão deixa de fazer sentido não é? Poderão não estar para vir dias radiantes mas se nos protegermos inteligentemente e responsavelmente talvez quando vier mais dilúvio estejamos resguardados. Portanto mexam-se activamente pela vossa saúde pela saúde do nosso país que está em agonia por não ter auto-defesa.
Espero que tenha feito ver alguns aspectos e como todo o nosso país tem todos estes aspectos interligados, por isso apelo a todos os estimados leitores e comentadores que parem pensei neste território como um país e com verdadeiro sentido de estado não se vai a lado nenhum estar a criticar aquela ou outra classe no meio das lutas há argumentos válidos e menos válidos mas o problema é que somos muito mais críticos mas nada lutadores e pelo menos julgo que se não somos maioritariamente lutadores já vai sendo tempo de termos um discernimento de ver o que está mal e irmos mudando porque com a postura que temos e temos tido tempo não nos falta...
Cordiais saudações assim me despeço agradeço o vosso tempo
Parte II
Portanto julgo que tanto prazer em tentar vexar esta classe nada tem a ver com sado ou masoquismo tem a ver com falta de faculdade essencial que tanto preza a espécie humana: a inteligência.
Quando falo no investimento do estado falo no investimento de todos nós contribuintes por isso pergunto para quem neste aspecto ainda hesita: será mais benéfico ter um recém-licenciado (seja de enfermagem, seja noutra área...) a exercer trabalho indiferenciado que não requer competências de nível superior do que desenvolver trabalho para o qual se investiu. Tutelar é estar atento a isso é fazer estudos ( a nível internacional devemos ser dos mais estudiosos porque é o que se ouve mais abriu-se inquérito, fez um estudo, comissão de investigação) ao nível das áreas que se deve investir a começar pelas nossas faculdades (aí é logo uma poupança brutal) é tão simples como o processo de mercearia x milhões para ensino e formação quanto de retorno juntando a isso alguns valores economicistas tempo de retorno, satisfação da oferta e da procura... onde está a dúvida? Quanto à justiça que também alguém aqui falou só devo acrescentar o prefixo In porque realmente quando o método joga a partir do poder económico de quem a ela recorre fica tudo explicado e quando quem a tutela recorre a autonomia juncada com sindicalismo uma vez mais se torna claro o país da arte da aberração em que tanto se venera o fado do subjectivo. Sem justiça exemplar enfatiza-se o desvio do socialmente aceite portanto muitas contrariedades se dizem de forma atroz.
Para terminar todas estas áreas entre as quais destaco a saúde é evidente que o sistema que temos por mais que se utilizem palavras caras e argumentos aparentemente exuberantes a verdade é esta o SNS deve ser eficiente e eficaz o desperdício deve ser minimizado ao grau máximo mas aqui a mentalidade orçamental deve ser que o seu montante nunca tende a ser positivo porque é um motor de suporte para toda uma população contributiva essa que gera riqueza por isso é bom que quem chefia, tutela e administra instituições tão fulcrais envolva todos os colaboradores desde Enfermeiros, Médicos e toda a equipa multidisciplinar porque não havendo rigor, clareza, objectividade, proposição de planos e projectos para firmar carreiras profissionais trabalha-se no abstracto sem qualquer objectivo definido e sem qualquer esperança de alguma recompensa nem que seja a recompensa da mudança de mentalidade que a sociedade faz e menospreza do que já tem... Os Hospitais não são sector bancário rendem dinheiro mas gastam mais do que rendem se bem que o nosso sector bancário mais parece que é um hospital mas isso é outra conversa. O saldo positivo dos hospitais avalia-se não pelo que se gasta nessas instituições pois isso é investimento avaliação cotando os montantes orçamentais de investimento com os ganhos em saúde a curto, médio e longo prazo por meio de estudos desse impacto. Eu especialmente fico assustado com as barbaridades que tanto se gosta de enaltecer mas uma pergunta também deixo para terminar: se a nossas população está envelhecida e tendencialmente mais envelhecida ficará nos próximos 10, 20 anos como então vai ser porque se agora se despreza o contributo da promoção da saúde e prevenção da doença primária, secundária ou terciária com a reabilitação e reinserção de utentes na sua vida activa, quando estes forem uma minoria como vai ser? Deixará d existir idade de reforma? Desaparecerá a Segurança Social?
Continua...
O Sindicato Independente dos Médicos defendeu ontem o encerramento nocturno do Serviço de Atendimento Permanente (SAP) de Valença, justifi cando que este era “um serviço assegurado apenas por um médico e sem equipamentos básicos de emergência”.
Também o Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos defendeu que os SAP “não devem ser
assegurados por um único médico”.
JP 11.04.10
Os hospitais são as unidade de saúde que provocam mais reclamações. Só no ano passado, nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS), houve 32.739 queixas, sobretudo relativas às urgências.
último relatório do Gabinete do Utente, que recebe as queixas, revela que o SNS foi alvo de 52.779 protestos, mais 6365 do que em 2008,
Segundo o documento — a que o Expresso teve acesso e que será divulgado na próxima semana — as exposições feitas nos hospitais são quase dois terços do total (62%). Mais de metade destas queixas (56%) têm a ver com o atendimento na Urgência. A consulta externa e o internamento são a segunda e a terceira áreas com mais problemas. Quanto aos centros de saúde, a área das consultas médicas foi a mais criticada, com 45% das reclamações. Surgem depois os serviços de urgência e as Unidades de Saúde Familiar.
Entre os motivos pelos quais os utentes mais protestaram estão a prestação de cuidados de saúde (53%) e, neste âmbito, foi sobretudo o tempo de espera que mais os exasperou. No entanto, nos centros de Saúde, a maior percentagem de queixas motivadas pela prestação de cuidados esteve associada a doentes sem médico de família.
À semelhança dos anos anteriores, os médicos continuam a ser o grupo profissional sobre o qual recai o maior número de insatisfações (48%), tanto nos hospitais como nos centros de Saúde. Seguem-se as direcções ou chefias (24%), os assistentes técnicos (11%) e os enfermeiros (8%).
Das queixas recebidas, a Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS), autora do relatório, analisou com mais pormenor 395, alguns dos quais deram origem a participações ao Ministério Público.
Mas há outras formas de mostrar desagrado com os serviços e os portugueses não hesitam em utilizá-las. Além das reclamações que constam do relatório da Inspecção, existem mais de duas mil que não saíram dos gabinetes do Utente, apurou o Expresso. Nestes casos, os utentes dirigiram-se directamente à Inspecção-Geral, ao gabinete da ministra da Saúde ou aos vários conselhos de administração. Estas reclamações representam cerca de 5% do total das queixas.
Elogios aos hospitais
Tal como nos anos anteriores, e embora tendo sido alvo do maior número de queixas, os hospitais foram também as unidades mais elogiadas. O mesmo aconteceu relativamente aos médicos.
No documento, a IGAS relativiza o número de queixas, sublinhando que a taxa de reclamações, tendo em conta o total dos actos praticados pelos serviços de Saúde, foi de 1,66 em mil nos hospitais e de 0,52 nos cuidados de saúde primários. Segundo a Inspecção, o aumento de reclamações não significa “necessariamente uma diminuição da qualidade do funcionamento de alguns serviços”, podendo antes “traduzir a forma como os gabinetes do utente/cidadão têm incentivado e valorizado a participação do cidadão na melhoria do funcionamento dos serviços”.
O Sistema de Gestão das Sugestões e Reclamações Sim-Cidadão, que põe em rede todas as instituições prestadoras de cuidados de saúde do SNS, funcionou pelo terceiro ano consecutivo. É através dele que é feita a recolha, análise e tratamento das exposições no Livro de Reclamações ou gabinetes do utente.
expresso 10.04.10
As bandeiras de Valença foram apreciadas, de modo perfeitamente distinto, no Público de 9 de Abril e no Expresso do dia seguinte.
A propósito dum tema, que ele próprio considerou como “reportório de acção de agit-prop popular”, Eduardo Cintra Torres ocupa meia página de jornal onde demonstra não compreender nada do que se passou.
Diz ECT que “ Só as consultas da caixa mobilizam a população a ponto das Urgências serem mais importantes que a pátria”
Coitado de ECT; não sabe que as consultas da caixa acabaram há mais de 25 anos!
Provavelmente nunca ouviu falar de cuidados primários de saúde.
E, muito menos, de como foram definidos em Alma Ata: “ cuidados essenciais baseados em métodos de trabalho e tecnologias de natureza prática cientificamente credíveis e socialmente aceitáveis, universalmente acessíveis na comunidade, aos indivíduos e às famílias, com a sua total participação, e a um custo comportável para as comunidades e para os países.”
Ao contrário de ECT, Miguel Sousa Tavares foi claro, anti-demagógico e tecnicamente exacto, ao focar três aspectos importantes da decisão do encerramento nocturno do SAP de Valença:
Segurança: Um Serviço com um Médico e uma Enfermeira não tem condições para atender episódios de doença aguda grave e, nesses casos, serve apenas para fazer perder tempo no encaminhamento do doente para o Serviço de Urgência com condições para prestar cuidados adequados.
Utilização racional dos meios: O atendimento nocturno de 1,7 doentes mobilizava um Médico que deixava de fazer um número significativo de consultas programadas.
Custos: “Três funcionários do Estado a receber horas extraordinárias e nocturnas a noite toda, para atender 1,7 doentes ou autodeclarados como tal: era provavelmente a consulta mais cara do país.”
A alguns politiqueiros da nossa praça fazia bem ler, com atenção, o texto de MST.
Fecharam nove urgências hospitalares das 15 previstas pelo ex-ministro Correia de Campos
Nove urgências hospitalares encerraram desde 2006, como previa a polémica reestruturação de Correia de Campos, que antes de deixar o Governo recuou em relação a dois casos, decidindo manter abertos os serviços do Curry Cabral (Lisboa) e de Macedo de Cavaleiros. O ex ministro decidiu ainda que as urgências hospitalares de Fafe, Santo Tirso, Montijo e Peniche, que inicialmente decidiu fechar, ficariam abertas até haver serviços alternativos. Segundo a ministra Ana Jorge fecharam 34 SAP e 35 Centros de Saúde.
DE 13.04.10
Atenção à primazia da sustentabilidade para o
SNS, nos próximos 30 anos
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