domingo, julho 25

Aos liberais de pacotilha

O naco de prosa seguinte fará, certamente, as delícias dos nossos liberais de pacotilha. Para quem o “opting out” e o alargamento do mercado de seguros são objectivos sagrados para a próxima legislatura laranja (?). Para já, o menino Passos Coelho vai ter que deixar na gaveta a sua proposta de revisão da constituição. Um dos maiores disparates políticos a que nos foi dado assistir nos últimos tempos.
Que veio na altura certa. Para animar a malta.
«The more interesting situation arises when hospitals tailor their characteristics in order to capture positive profits. Interviewees noted that the negotiations could be very different in these markets. A hospital director said the following: “In market X [where hospitals are very strong], the prices [the best hospitals] charge are based on their very high patient satisfaction results and their strong reputation. They can get high prices from any plan in the market and they don’t need them all.” The CEO of a small hospital in a different market had a similar story: “Large [hospitals] in this market can dictate whatever prices they want. The bigger names can demand the higher prices.” » In Katherine Ho’s paper titled “Insurer-Provider Networks in the Medical Care Market link

Clara Gomes

Etiquetas: ,

8 Comments:

Blogger DrFeelGood said...

Portugal está cercado por um espesso nevoeiro populista. E esta neblina demagógica costuma ser descrita por um eufemismo mui simpático: ‘a gratuitidade da saúde’. Sucede que a santidade da ‘saúde grátis’ está a afundar o país. Nós não vivemos no país das maravilhas do dr. António Arnaut. Nós vivemos na realidade. E na realidade, essa galdéria reacionária, não há médicos grátis. Quando recusa qualquer mudança no statu quo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), o dr. Arnaut está a incorrer no populismo mais rasteirinho. Aliás, quando diz que as mudanças propostas pelo PSD são um regresso ao Estado Novo, o populismo medicinal do dr. Arnaut alcança mesmo a medalha de ouro da demagogia socialista.
Enquanto berra contra o neoliberalismo, que afinal é regresso ao fascismo, o dr. Arnaut evita o confronto com a realidade. Eu, como sou um pouco mais novo, não me posso dar a esse luxo. Tenho mesmo de olhar para a aspereza dos factos: perante a evolução da medicina e ante o aumento da esperança média de vida, o atual SNS é insustentável. Isto é uma questão de facto. Não é uma questão de opinião. Os custos da saúde já ultrapassam os 10% do PIB. Ora, este número conduz-me às perguntas que causam brotoeja no ouvidinho do dr. Arnaut: o SNS já consome todo o nosso IRS? Se nada for feito, o SNS vai consumir o IRS e o IRC em 2020? Ou seja, a minha geração vai ser atirada para as galés do SNS? Eu e os meus filhos estamos destinados a ser os remadores do dr. Arnaut? O nosso futuro é a escravatura fiscal?
Não há como fugir ao assunto: os portugueses têm de pagar mais pelos serviços de saúde prestados pelo Estado. Contra esta conta mui simples (não é física quântica), o dr. Arnaut responde com um mui progressista “estou indignado”. O dr. Arnaut julga que a indignação é um argumento. Lamento, mas V. Exa. tem de fazer melhor. E eu, alma piedosa, estou disposto a ajudá-lo. Até porque não é muito difícil encontrar argumentos racionais para a sua causa. Quando se cruza a realidade económica e demográfica com a sua inflexibilidade ideológica, quer-me parecer que V.Exa. só tem duas propostas para apresentar: ou começamos a comer velhinhas ao pequeno-almoço, ou colocamos o Estado no negócio do narcotráfico. A segunda opção parece-me mais realista, e gastronomicamente mais aceitável. Porque o tráfico, meu caro amigo, é a único negócio capaz de alimentar as necessidades hiperbólicas do SNS, tal como ele está. Eis, portanto, a solução para o socialismo do século XXI: o Estado social através do narco-estado. Nesta utopia narcotizada, os hospitais seriam sustentados pela cocaína elitista, e os centros de saúde seriam alimentados pelo charro pensativo. ‘Fuma um charro e salva o SNS’, eis o slogan para o seu socialismo, caro dr. Arnaut.

Expresso 24.07.10

Grunhada

À parte o estilo rasca, matraqueiro, longamente treinado na blogosfera, interessa relembrar que em Portugal a despesa em saúde por habitante, medidas em PPS, é de 1.702,7 euros (2008).
Espanha: 1.981,9; Finlândia: 2.111,7; Suécia: 2.530,6; Dinamarca: 2.680,6; Holanda: 2.743,6: Bélgica: 2.763,9; França: 2.769,8; Alemanha: 2.780,7; Áustria: 2.855,8; USA: 5.635,5.

Há muita coisa que este texto grunho evidencia que não vale a pena aqui demonstrar. Estamos em tempo de gracinhas dos candidatos a qualquer coisa na corte laranja.

1:18 da tarde  
Blogger tambemquero said...

Leviandade

O projecto de revisão constitucional do PSD revela um tal radicalismo ideológico em matéria económica e social e um uma tal desorientação e oportunismo em matéria de organização política, que só uma grosseira leviandade partidária pode justificar.
É evidente que o PSD está em processo de metamorfose político-ideiológica. Mas só uma enorme dose de imaturidade política da nova liderança pode explicar tanta incontinência e arrogância em matéria de revisão constitucional. Para proclamar a sua mudança de identidade política, um partido não precisa de transportar para a Cosntituição do País nem o seu programa nem a sua ideologia.

vital moreira, causa nossa

1:29 da tarde  
Blogger tambemquero said...

Há mais idosos internados à espera da Segurança Social. Hospitais já optam por pagar lar

O alerta vem dos hospitais: estão a aumentar os internamentos ‘à força’. São idosos que já tiveram alta médica, mas que não saem porque não têm para onde ir: a família é incapaz de prestar cuidados e a Segurança Social tarda, cada vez mais, em atribuir vagas para lares e para a rede de cuidados continuados.
Vários hospitais, sobretudo na área de Lisboa e em zonas mais urbanas, afirmam que é cada vez maior o número de camas ocupadas com ‘altas sociais’. “Além dos custos, estamos a deixar de tratar doentes ou a aumentar a espera para internamento e a expor estes idosos ao perigo das infeções hospitalares”, explica o gestor do Hospital Amadora-Sintra, Artur Vaz.
Esta unidade é das mais afetadas, tendo atingindo este mês o seu recorde: 54 casos em espera — 25 para lares e 29 para a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) —, mais 17 utentes em lares privados pagos pelo próprio hospital. “Isto deve-se à crise das famílias e da Segurança Social. Em reuniões com os responsáveis desta área, foi-nos dito que não têm dinheiro para pagar”, acrescenta. Não muito longe, em Almada, o cenário é o mesmo. “Desde junho, o Hospital Garcia de Orta tem sentido dificuldades acrescidas ao nível da capacidade de resposta dos serviços locais de segurança social aos pedidos de integração em lares”, adianta a administração. O hospital tem “28 doentes indevidamente internados, 12 dos quais a aguardar integração em lar através da Segurança Social e 16 a aguardar colocação em unidades da RNCCI”. Há ainda quatro doentes em lares pagos pelo hospital.
Problema está nas vagas e não no orçamento
Os constrangimentos não existem apenas na Grande Lisboa. No Hospital de Beja, “houve um agravamento significativo; no dia 22 de julho aguardavam seis utentes e em 2009 houve um total de 1178 dias de ocupação de camas por doentes nesta situação”, informam os responsáveis. Os custos também estão apurados: “A ocupação das camas custa, em média, €6 mil por mês”.
Na unidade do Nordeste (os hospitais distritais de Bragança, Mirandela e Macedo de Cavaleiros), a administração diz que “desde 2009, apesar de nunca ter recebido respostas efetivamente negativas da Segurança Social, cresce o tempo de espera por uma resposta e aumentam as dificuldades em arranjar alternativas”. Mas também há hospitais com ligeiras melhoras — casos do Santo António, no Porto, Barreiro e Barlavento algarvio.
O Ministério da Saúde “não tem conhecimento de situações que, por questões relacionadas com a comparticipação da Segurança Social, se encontrem a aguardar resposta da RNCCI”. Por outras palavras, o Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social diz o mesmo. “O Instituto da Segurança Social não tem conhecimento de situações que aguardam resposta na RNCCI por razões relacionadas com a comparticipação da Segurança Social”. Mas admite: “Sabemos que a RNCCI tem ainda um número de lugares insuficiente”. Sobre os lares, diz que “a questão não se prende com a falta de capacidade orçamental, mas com os lugares disponíveis”.
O mesmo argumento é usado pela coordenadora da RNCCI e pelos presidentes da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade e da União das Misericórdias Portuguesas. Mas não é esta a explicação que tem chegado aos hospitais, incluindo aos maiores do país. “O hospital pagava alguns lares e a Segurança Social depois assumia, mas em maio deixou de o fazer. Por exemplo, temos quatro utentes que pertencem a uma zona da Grande Lisboa e a Segurança Social de lá já disse que não tem dinheiro para pagar”, afirma uma responsável do Serviço Social do Hospital de Santa Maria.

semanário expresso 24.07.10

1:48 da tarde  
Blogger ochoa said...

Francisco Louçã defendeu sábado à noite no Furadouro, em Ovar, que a revisão constitucional apresentada pelo PSD, ao propor que o Serviço Nacional de Saúde deixe de ser público, obrigará o cidadão "a pagar mais quando está em maiores dificuldades".

"O centro da revisão constitucional do PSD é impor a cobrança sobre os trabalhadores a partir de um salário médio", afirmou no comício o coordenador nacional do Bloco de Esquerda (BE).

“ [Pedro Passos Coelho] nunca precisou qual é esse salário, mas eu imagino que seja os 650 euros e isso significa que qualquer pessoa que está na média de Portugal teria que pagar as suas consultas, os seus medicamentos, veria acabadas as comparticipações e iria pagar uma operação ou uma cirurgia".

Para Francisco Louçã, essa situação "não é aceitável porque significa que essas pessoas são sujeitas a um imposto sobre a Saúde quando mais dela precisam e no momento das suas maiores dificuldades".

Na medida em que "os mais pobres passam a pagar o serviço de Saúde", a revisão proposta pela Direita revela-se assim "muito expressiva quanto ao que [os sociais-democratas] querem para o país".

"O BE defende, pelo contrário, que o Serviço Nacional de Saúde seja pago por todos, para que todos, quando precisarem, possam ter a certeza de que têm acesso ao melhor serviço", referiu o líder do partido.

Nesse contexto, as três propostas que o BE fez aprovar durante esta legislatura contribuíram decisivamente para "avanços importantes" na qualidade do Serviço Nacional de Saúde e no "respeito humano" que esse deve demonstrar para com os seus utentes.

"Primeiro, conseguimos que cada pessoa que entra na urgência tenha direito a ter um familiar que o acompanhe nessa situação difícil", recorda o líder bloquista. "Depois, conseguimos uma carta de direitos do utente que assegura que cada pessoa é informada sobre o prazo máximo de acesso a uma determinada consulta e que esse não é ultrapassado".

A terceira proposta que Francisco Louçã diz ter contribuído para a evolução do serviço de Saúde português foi a recente aprovação da lei que "garante que quem sai de uma cirurgia tem direito a levar consigo para casa, gratuitamente, os medicamentos de que precisa para os primeiros cinco dias de recuperação".

Dessa forma, "a pessoa não precisa ir à farmácia e obtém a melhor qualidade terapêutica no momento mais difícil da sua recuperação".

"Não queremos que o filho do rico seja tratado de forma diferente do filho do pobre", conclui Francisco Louçã. "A ambos é devido o mesmo respeito e atenção, e esse é que é um serviço de saúde democrático".

DN 25.07.10

7:21 da tarde  
Blogger Clara said...

Em poucos dias, o principal partido da oposição cometeu erros que destruíram o bom trabalho mediático até aqui construído.

Primeiro, em doses mínimas e depois de chofre, gerou uma proposta para rever dois terços da Constituição. Perante reacção negativa logo recuou, atribuindo a paternidade a uma mera comissão interna, disposto a aceitar alterações. O que levou Pedro Passos Coelho (PPC), foi ele que deu a cara, a chamar este esotérico tema para um momento em que se prepara o primeiro OE após duas formas consecutivas de ajustamento financeiro, onde tanta energia será necessária para negociar acordos que façam
progredir o país ao menor custo?

Conheciam os autores da proposta a história constitucional portuguesa, em especial a revisão de 1982, seus motivos e fautores? Sabem eles que a economia social de mercado, baseada em alto nível de protecção social, está inscrita no Tratado de Lisboa, que apoiaram ou até votaram? Sabem eles que a passagem da Saúde e da Educação públicas para o mercado arrasta mais desigualdades, acrescidas ineficiências e dispêndio aumentado de recursos públicos? Entendem eles a diferença que vai entre a expressão justa causa com situações tipificadas, para a expressão motivo atendível, sem conteúdo conhecido? Conhecem eles a evolução do triunfalismo mercadibilista de há vinte anos para os sucessivos fracassos da ‘supply side economics', o mais grave dos quais estamos a sofrer na pele?

A minha tese é que não conhecem. Vivem ainda no encantamento libertário que atribui ao Estado todos os males da economia e ao mercado todas as virtudes do progresso. Acreditam piamente que os empresários são heróis enérgicos e os trabalhadores vilões preguiçosos. Que o Estado é um ninho de exploradores do dinheiro dos contribuintes, um santuário de aproveitadores e uma escola de deseducação cívica. Que os doentes são quase sempre culpados de ter doenças, os pobres responsáveis pela sua pobreza, os explorados vítimas da sua inércia. Que o Estado deve apenas limpar a estrada por onde passarão os empreendedores, criando condições para o lucro máximo, taxando-os ao mínimo, mesmo à custa da distorção das próprias regras do mercado, desde que seja "por bem".

Falta a estes teóricos prática de governo. Confrontar os seus planos com a vida. Atender aos parceiros sociais sem ser por eles detido. Dialogar com as corporações sem ser por elas capturado. Regular as actividades sem ser por elas regulado. Desenhar o interesse público sem o deixar confundir ou enlear pelo privado. Limpar a estrada para que todos por ela passem, sem que as margens rugosas sejam apenas para os desprotegidos. Amparar os caídos como cidadãos e não como sujeitos passivos da compaixão. Transmitir a filhos e netos um mundo saudável, equilibrado e sustentável. Tudo isto é o modelo social europeu e é muito diferente da proposta de Pedro Passos Coelho.
António Correia de Campos,DE 26.07.10

12:39 da manhã  
Blogger Joaopedro said...

Mais um jogador de poker
Mas alguém acredita que Pedro Passos Coelho, apesar dos fatinhos novos, da pose de senhor entendido em não se sabe bem o quê, consiga fazer melhor que Sócrates ?
Trata-se, como está bem à vista, de mais um político feito à pressa sem experiência de vida digna de registo, nem dimensão cultural para o cargo de primeiro ministro.
Mais um bluff da nossa politica.

8:47 da tarde  
Blogger tambemquero said...

O Serviço Nacional de Saúde (SNS), disse o chefe do Governo, "é hoje um serviço que pede meças internacionalmente. Fazer recuar o SNS não é uma proposta realista. Trata-se apenas de uma proposta que tem tudo de ideológica e que nenhum bem traria ao país".

"Quero, com clareza, manifestar a minha oposição a um recuo do SNS", acrescentou.

José Sócrates nunca referiu o destinatário das suas críticas, que surgem depois de o PSD ter proposto, no âmbito de um seu projecto de revisão constitucional, que se acabasse com o SNS "tendencialmente gratuito".

O chefe do Governo esteve em Aborim, Barcelos, aonde acompanhou a ministra da Saúde, Ana Jorge, na inauguração de uma nova extensão de Saúde e no lançamento de uma Unidade de Saúde Familiar (USF).

Falando precisamente sobre as USF, José Sócrates recordou que Portugal tem hoje cerca de 260 unidades desse tipo "e com isso conseguiu que mais cerca de 300 mil portugueses tivessem médico de família" e atendimento "com mais qualidade".

"É assim com estas reformas que se faz avançar o SNS", disse.

A criação das USF representa "uma das mais expressivas reformas do SNS", considerou ainda o primeiro-ministro, que, no final da cerimónia de Aborim, se escusou a responder a perguntas dos jornalistas.

JN 26.07.10

8:51 da tarde  
Blogger Clara said...

...
Ainda assim, o aspecto mais extraordinário desta proposta,
apresentada antes do Verão e a tempo de eclodir em plena
pré-campanha presidencial, são as oportunidades que Passos
criou aos seus adversários políticos. Numa altura em que
o Governo se encontrava em manifestas dificuldades, Sócrates
passou a ter uma oportunidade para fazer uma afirmação ideológica com a qual nem o próprio sonhava; e quando Portas se encontrava encostado às cordas, por força do crescimento do PSD, pôde voltar a vestir o fato de homem de Estado
e revelar razoabilidade. No fundo, a Sócrates e a Portas resta fazer o que Passos Coelho não conseguiu: seguir a velha máxima de Napoleão que aconselhava a nunca interromper
um inimigo quando ele está a cometer um erro.

pedro adão e silva, DE 27.07.10

12:32 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home