Direita catastrofista
«Um atrás do outro, economistas e seus derivados explicam, redundantes, os males do nosso País. Nas televisões, nas rádios e nos jornais qualquer tipo de discordância é tratada como delírio radical, dando à ofensiva ideológica em curso a roupagem de neutralidade técnica que precisa para se impor.
O guião é simples: vivemos acima das nossas possibilidades. E aquilo em que vivemos é um Estado Social gordo e generoso. E as nossas possibilidades são o safe-se como puder, que os recursos públicos são precisos para o sector privado. Nada podia ser mais político, mas os catastrofistas querem ficar sozinhos no palco e por isso vendem o seu discurso com a arrogância de quem nos oferece a evidência . É fazer as contas, dizem.
De fora das contas fica a crise internacional e a receita de desregulação e demissão dos Estados que nos conduziu até aqui. E é normal que fique, já que é essa doença que nos querem prescrever como remédio. De fora das contas fica uma Europa sem rumo, especuladores sem escrúpulos e a desigualdade como principal razão do nosso atraso. De fora das contas ficam os efeitos económicos devastadores da austeridade como programa político. Os catastrofistas querem o debate em versão paroquial. Mostrar a árvore sem que nunca se veja a floresta. Porque assim o debate fica mais fácil. Não que pudesse ser difícil. Eles fazem o debate sozinhos. Esta crise financeira e política revelou uma outra: uma crise do pluralismo mediático e académico.
Os nossos catastrofistas mantêm a pose virginal. Mas se olharmos com atenção, sabemos que trabalham para quem tem interesses na actual situação - vale a pena ver "Inside Job" e a parte referente aos académicos avençados pela banca -e que quase todos tiveram responsabilidades políticas. Mais: que o emagrecimento do Estado que defendem não bate certo com as reformas imorais que alguns deles recebem desde tenra idade. Os portugueses vivem acima das suas possibilidades, dizem os que sempre viveram em cima das possibilidades dos portugueses.»
O guião é simples: vivemos acima das nossas possibilidades. E aquilo em que vivemos é um Estado Social gordo e generoso. E as nossas possibilidades são o safe-se como puder, que os recursos públicos são precisos para o sector privado. Nada podia ser mais político, mas os catastrofistas querem ficar sozinhos no palco e por isso vendem o seu discurso com a arrogância de quem nos oferece a evidência . É fazer as contas, dizem.
De fora das contas fica a crise internacional e a receita de desregulação e demissão dos Estados que nos conduziu até aqui. E é normal que fique, já que é essa doença que nos querem prescrever como remédio. De fora das contas fica uma Europa sem rumo, especuladores sem escrúpulos e a desigualdade como principal razão do nosso atraso. De fora das contas ficam os efeitos económicos devastadores da austeridade como programa político. Os catastrofistas querem o debate em versão paroquial. Mostrar a árvore sem que nunca se veja a floresta. Porque assim o debate fica mais fácil. Não que pudesse ser difícil. Eles fazem o debate sozinhos. Esta crise financeira e política revelou uma outra: uma crise do pluralismo mediático e académico.
Os nossos catastrofistas mantêm a pose virginal. Mas se olharmos com atenção, sabemos que trabalham para quem tem interesses na actual situação - vale a pena ver "Inside Job" e a parte referente aos académicos avençados pela banca -e que quase todos tiveram responsabilidades políticas. Mais: que o emagrecimento do Estado que defendem não bate certo com as reformas imorais que alguns deles recebem desde tenra idade. Os portugueses vivem acima das suas possibilidades, dizem os que sempre viveram em cima das possibilidades dos portugueses.»
Daniel Oliveira , arrastão
...«Qualquer que seja a ótica porque se olhe, a emissão de dívida pública portuguesa na quarta-feira foi um sucesso. Relativo, é certo, mas um sucesso. Estávamos à beira do xeque-mate e fizemos uma jogada que o evitou. Estamos longe de ter ganho o jogo, mas também mais longe de o perder.
Aliás, não por acaso, a subida das bolsas europeias e americana, as declarações de diversos dirigentes europeus e os títulos da imprensa mundial não deixam margem para dúvidas: Portugal, que estava no centro de todos os holofotes, ultrapassou com sucesso um primeiro e muito difícil obstáculo.
A questão do pedido de ajuda do país ao fundo europeu de emergência e ao FMI está a tornar-se uma luta ideológica, em que a direita prefere a vinda dos homens sem rosto do Fundo e a esquerda resiste a esse desiderato.
Entendamo-nos. Do ponto de vista do interesse das famílias e das empresas portuguesas e da autoestima nacional, é luminosamente evidente que é melhor sermos nós a resolver os problemas que, em grande parte, nós próprios criámos. Querer que o FMI venha para arredar Sócrates do poder pode ser interessante para o partido A ou B, mas não coloca os interesses nacionais acima dos partidários.»
Nicolau Santos, semanário expresso 15.01.11
...«Mas há uma questão ainda mais relevante. link Tanto o Economist link como os economistas dos jornais da noite veêm como desejável o recurso ao fundo FMI/UE, na medida em que permite o acesso ao financiamento em condições mais baixas. No entanto, como as experiências grega e irlandesa demonstram, a diferença entre as taxas de juro praticadas 'nos mercados' e a taxa de juro dos empréstimos obtidos no quadro da intervenção FMI/UE não é significativa. Assim, quem considera que o custo de financiamento tem de ser muito inferior ao do conseguido com o leilão hoje realizado, se conseguisse fazer as contas, dificilmente chegaria a outra conclusão que não a óbvia: recorrer ao fundo FMI/UE não elimina a perspectiva de incumprimento.»
Ricardo Paes Mamede, ladrão de bicicletas
...«Qualquer que seja a ótica porque se olhe, a emissão de dívida pública portuguesa na quarta-feira foi um sucesso. Relativo, é certo, mas um sucesso. Estávamos à beira do xeque-mate e fizemos uma jogada que o evitou. Estamos longe de ter ganho o jogo, mas também mais longe de o perder.
Aliás, não por acaso, a subida das bolsas europeias e americana, as declarações de diversos dirigentes europeus e os títulos da imprensa mundial não deixam margem para dúvidas: Portugal, que estava no centro de todos os holofotes, ultrapassou com sucesso um primeiro e muito difícil obstáculo.
A questão do pedido de ajuda do país ao fundo europeu de emergência e ao FMI está a tornar-se uma luta ideológica, em que a direita prefere a vinda dos homens sem rosto do Fundo e a esquerda resiste a esse desiderato.
Entendamo-nos. Do ponto de vista do interesse das famílias e das empresas portuguesas e da autoestima nacional, é luminosamente evidente que é melhor sermos nós a resolver os problemas que, em grande parte, nós próprios criámos. Querer que o FMI venha para arredar Sócrates do poder pode ser interessante para o partido A ou B, mas não coloca os interesses nacionais acima dos partidários.»
Nicolau Santos, semanário expresso 15.01.11
...«Mas há uma questão ainda mais relevante. link Tanto o Economist link como os economistas dos jornais da noite veêm como desejável o recurso ao fundo FMI/UE, na medida em que permite o acesso ao financiamento em condições mais baixas. No entanto, como as experiências grega e irlandesa demonstram, a diferença entre as taxas de juro praticadas 'nos mercados' e a taxa de juro dos empréstimos obtidos no quadro da intervenção FMI/UE não é significativa. Assim, quem considera que o custo de financiamento tem de ser muito inferior ao do conseguido com o leilão hoje realizado, se conseguisse fazer as contas, dificilmente chegaria a outra conclusão que não a óbvia: recorrer ao fundo FMI/UE não elimina a perspectiva de incumprimento.»
Ricardo Paes Mamede, ladrão de bicicletas
Notas: 1.º - Emissão mostra que "não há necessidade" de Portugal pedir ajuda link 2.º -Sem ideias a direita portuguesa e o seu projecto presidente + primeiro ministro da mesma cor, demonstra apenas empenho na conquista do poder, mesmo que para isso seja necessária a ajudinha do FMI.
Etiquetas: crise euro
2 Comments:
Poupem-me. Ainda mal entrei no mercado de trabalho e já sou obrigado(como muitos outros) a pagar a reforma que nunca terei. O estado social em portugal é um falhanço completo.
"De fora das contas fica a crise internacional e a receita de desregulação e demissão dos Estados que nos conduziu até aqui."
Estes pseudo-intelectuais de esquerda insistem em dizer que a culpa é dos outros, vem de fora, pela mão dos especuladores e outros demónios imaginários.
Inventar um inimigo imaginário sempre teve as suas vantagens, de facto.
Seja ou não seja culpa dos outros (não é), a verdade é que podemos guinchar e saltar o que quisermos que não vamos alterar um milimetro do que esses "outros" fizeram, fazem ou farão. Portanto gastar tempo e energias a produz os mesmos resultados práticos do que inserir a própria cabeça no respectivo anus e lá recitar as ideologias socialistas que os animam.
Para já será importante levar Cavaco Silva à segunda volta.
O actual PR é o simbolo de tudo o que correu pior depois do 25 de abril.
Quanto ao futuro que esperança nos poderá dar um homem destes. Nada. Absolutamente nada. A não ser mais do mesmo.
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