sábado, março 5

Palavras, leva-as o vento

O primeiro-ministro, José Sócrates, declarou hoje que quem acha que "a bola mágica para resolver os problemas da saúde é a privatização" não sabe do que está a falar, assegurando que o Serviço Nacional de Saúde é eficiente. Porque se nós olharmos para os custos da saúde no nosso país, o que se percebe ao longo destes últimos anos é que o que sobe mais é sempre aquilo que é privado, porque aquilo que é público tem subido até pouco na comparação entre o que é público e o que é privado".

A ideia foi defendida por José Sócrates nas inaugurações, no Porto, do sistema de cogeração do Hospital S. João e do novo serviço de Radioterapia do Instituto Português de Oncologia. Em ambas as inaugurações foi acompanhado pela ministra da Saúde, Ana Jorge, pelo secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Manuel Pizarro, e pelo secretário de Estado da Saúde, Óscar Gaspar.

"Aqueles que acham que a resposta para melhorar a eficiência é privatizar não sabem do que estão a falar. Não há nenhuma evidência empírica de que privatizar signifique gastar menos e prestar melhores serviços".

O primeiro-ministro fez ainda uma pergunta: "Qual é o país no mundo que mais gasta, por pessoa e por ano, em saúde?". E para a sua pergunta seguiu-se logo a sua resposta: "Surpresa. É o único país que não tem Serviço Nacional de Saúde (SNS). Chama-se Estados Unidos da América".

O governante salientou o facto dos EUA terem "uma esperança de vida inferior" à portuguesa e "uma mortalidade infantil superior" à existente em Portugal. Uma coisa que eu não percebo é por que é que sendo aquele país que não tem SNS, que tem os maiores gastos por pessoa por ano, que quer construir um SNS como o presidente Obama quer, seja agora apresentado como um exemplo, porque valha a verdade que os EUA há muito tempo perceberam que devem ter um SNS também por razões de eficiência", sintetizou.

Sócrates assegurou que o SNS português "em função do dinheiro que nele se investe, comparado com os resultados" pode ser considerado "eficiente na comparação internacional".
"Não há pior para um SNS do que a ideia que não se deve fazer reformas. Isso é negativo, isso é a melhor forma de colocarmos o SNS exposto à crítica", apontou.

LUSA 05.03.11, reportagem e foto
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Palavras, leva-as o vento, como diz o poeta.
Onde está a racionalidade da reforma do SNS? As reformas visíveis dos governos de Sócrates no sector hospitalar foram as PPP e, agora, o processo de fusão dos hospitais públicos sem quaisquer estudos conhecidos que suportem a racionalidade da medida.
Que consequências tiveram as propostas apresentadas pelo grupo de trabalho para a reforma do sector hospitalar? Vamos continuar a tecer loas ao SNS, a assistir diariamente à saída dos melhores quadros e à parasitação do SNS pelos grupos económicos, como é exemplo a notícia recente hospital de Braga/hospital S. João? link link

Tavisto

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