Equação impossível
…
2. Este orçamento não corta nas “gorduras” do Estado, mas pura e simplesmente no poder de compra da classe média. E corta de uma maneira violenta e desigual. Se o pretendido é um caminho recessivo não o podiam ter feito melhor.
Este governo empunhou como bandeira o corte das despesas excessivas do Estado e a reestruturação da Administração Pública. Perfeitamente de acordo. Mas, descobriu tarde demais que esse trabalho leva muito tempo até se verem resultados. É que é um trabalho de persistência e de método e não de fusões a eito. Como não há tempo para o fazer vá de cortar no que está à mão, com uma força desmedida para atingir um défice obsessivo.
E como grande parte das medidas tanto do lado da despesa como da receita (muitas delas mal balanceadas) vão ter um elevado impacto no crescimento interno, parece-nos perfeitamente irrealista contar com uma redução do PIB de apenas -2,8.
…
3. Numa economia carente de financiamento, assusta a forma como não se desbloqueiam os problemas do financiamento bancário, vital para as nossas empresas investirem e exportarem. Há já muitos casos de empresas que têm encomendas firmes destinadas à exportação e não as concretizam por falta de financiamento. Duas medidas urgentes deviam ser tomadas: a) renegociar com a Troika o rácio de 120 (para o crédito concedido/depósitos) imposto à banca, procurando que esse rácio venha a ser atingido de forma mais progressiva e mais correcta; b) enquanto o estado não diminui as dívidas com as instituições financeiras, permitir que parte dos famosos 12 mil milhões autorizados pela Troika sejam autorizados como colaterais para os bancos financiarem as exportações e as empresas com novos investimentos produtivos que permitam um melhor equilíbrio da nossa balança comercial. Claro que para isso é necessário negociar, que parece não ser aptidão deste governo. E não se venha dizer que não é possível, porque o caso da não aplicação da redução da taxa social única é exemplo claro que se pode negociar.
4. Este Orçamento é uma não solução, porque não se socorre de todas as variáveis que tem ao seu alcance. Torna-se numa equação impossível porque não tem em conta a variável tempo. Venho defendendo, há muito, essa abordagem realista. Recentemente, vários comentadores políticos (e não só) deram especial relevo a esse facto. Precisamos de cerca de 6 anos para atingir os objectivos/ défices propostos no memorando de entendimento. Economias muito mais fortes (casos do Reino Unido e da Catalunha) do que a nossa adoptaram prazos semelhantes. É urgente negociar, tendo em conta a variável tempo. Com realismo e inteligência chegaremos a uma equação possível. Só nos podemos indignar senão houver essa inteligência.
2. Este orçamento não corta nas “gorduras” do Estado, mas pura e simplesmente no poder de compra da classe média. E corta de uma maneira violenta e desigual. Se o pretendido é um caminho recessivo não o podiam ter feito melhor.
Este governo empunhou como bandeira o corte das despesas excessivas do Estado e a reestruturação da Administração Pública. Perfeitamente de acordo. Mas, descobriu tarde demais que esse trabalho leva muito tempo até se verem resultados. É que é um trabalho de persistência e de método e não de fusões a eito. Como não há tempo para o fazer vá de cortar no que está à mão, com uma força desmedida para atingir um défice obsessivo.
E como grande parte das medidas tanto do lado da despesa como da receita (muitas delas mal balanceadas) vão ter um elevado impacto no crescimento interno, parece-nos perfeitamente irrealista contar com uma redução do PIB de apenas -2,8.
…
3. Numa economia carente de financiamento, assusta a forma como não se desbloqueiam os problemas do financiamento bancário, vital para as nossas empresas investirem e exportarem. Há já muitos casos de empresas que têm encomendas firmes destinadas à exportação e não as concretizam por falta de financiamento. Duas medidas urgentes deviam ser tomadas: a) renegociar com a Troika o rácio de 120 (para o crédito concedido/depósitos) imposto à banca, procurando que esse rácio venha a ser atingido de forma mais progressiva e mais correcta; b) enquanto o estado não diminui as dívidas com as instituições financeiras, permitir que parte dos famosos 12 mil milhões autorizados pela Troika sejam autorizados como colaterais para os bancos financiarem as exportações e as empresas com novos investimentos produtivos que permitam um melhor equilíbrio da nossa balança comercial. Claro que para isso é necessário negociar, que parece não ser aptidão deste governo. E não se venha dizer que não é possível, porque o caso da não aplicação da redução da taxa social única é exemplo claro que se pode negociar.
4. Este Orçamento é uma não solução, porque não se socorre de todas as variáveis que tem ao seu alcance. Torna-se numa equação impossível porque não tem em conta a variável tempo. Venho defendendo, há muito, essa abordagem realista. Recentemente, vários comentadores políticos (e não só) deram especial relevo a esse facto. Precisamos de cerca de 6 anos para atingir os objectivos/ défices propostos no memorando de entendimento. Economias muito mais fortes (casos do Reino Unido e da Catalunha) do que a nossa adoptaram prazos semelhantes. É urgente negociar, tendo em conta a variável tempo. Com realismo e inteligência chegaremos a uma equação possível. Só nos podemos indignar senão houver essa inteligência.
Etiquetas: XIX gov
2 Comments:
Os bancos nacionais recusam-se a receber os 12 mil milhões que lhe forma destinados pela Troika, parte do montante do empréstimo concedido ao País. Por que será?
Já ouvi duas justificações: Tal implicaria uma maior vigilância da actividade bancária privada e os banqueiros não gostam de ser controlados; ou, tal obrigaria os bancos a abrir-se ao crédito de maior risco e risco é coisa que também não lhes agrada.
Sejam estes ou outros os motivos, uma boa razão deve haver para que quem tem fome recuse comida.
Os bancos recusam receber os 12 mil milhões de euros porque querem mais e exigem, p. exº., que o Estado liquide as dívidas do seu sector empresarial (SEE).
Isto é, só o sector dos transportes públicos acumulou, durante os anos, uma dívida de 17 mil milhões de euros (segundo afirmou há 2 dias o Sec. Estado dos Transportes no forum da TSF)...
Como sabemos, o sector dos transportes representa uma pequena parte do endividamento do SEE. Mas só esta pequena "tranche" representa mais do que a troika aparece a "oferecer" (a impor).
Aliás, o Estado para fazer face ao defice publico (desorçamentando-o) "forçou" as empresas públicas a endividarem-se. Acabou capturado pelas administrações, foi "obrigado" a pagar-lhes com privilégios e, em simultâneo,"descurou" a (boa) gestão dessas empresas. O resultado está à vista.
Concluindo: os bancos têm de ter "paciência" porque - como todos suspeitamos - os portugueses serão "convocados", em nome de uma situação de emergência, a pagar. Enquanto existirem portugueses passivamente espoliáveis a liquidez do sistema bancário está assegurada.
E a colecta valerá muito mais do que os "pindéricos" 12 mil milhões de euros que estão comtemplados no "pacote de resgate"...
Este é o filme onde um sector aparentemente esfomeado recusa engolir migalhas. Querem o bolo todo!
Enviar um comentário
<< Home