segunda-feira, outubro 17

O "OE do holocausto"...

O projecto de OE 2012 link não é somente o insitir na fórmula desastrosa (já testada) de que o agravamento das medidas de austeridade tendo por objectivo uma descida aos trambolhões, "forçada", do défice público, é a "salvação da Pátria". É, acima de tudo, por em marcha todo um processo de ajustamento económico e financeiro - em nome de princípios ideológicos que se tentam esconder - à custa do esmagamento social.
O caminho escolhido (mas que não se esclarece nem se anuncia) foi o de um fatídico e inexorável empobrecimento de todo um País.

O nosso futuro é complexo e difícil mas esta proposta de OE penhora as possibilidades de sobrevivermos à crise com dignidade e honra. Ou, indo mais longe, com vida...

A "receita da Troika", cada dia que passa, cada novo pacote de medidas, desmente os repetitivos slogans governamentais: temos de cumprir o "memorando”; não podemos falhar!; não existem alternativas à austeridade, etc.
De facto, só para a morte é que não existe alternativa.
Este (OE 2012) é o orçamento do holocausto.
Não podemos entrar neste redil, nem aceitar esta concentração. Porque, depois - a História ensina-nos isso - segue-se o extermínio.
E se o caminho é este o melhor é "falhar" tão depressa quanto possível. Massamá é um bom local para repouso. Para o descanso de um falso (mentiroso) guerreiro...

E-Pá!

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1 Comments:

Blogger tambemquero said...

...
Estas medidas têm várias características. Primeiro, radicam num profundo ódio ideológico aos servidores públicos. Segundo o Expresso, alguns responsáveis do Governo terão aventado que "estes não são os nossos constituintes". Segundo, pretende generalizar este ódio, destruindo qualquer solidariedade entre os cidadãos: "dividir para reinar". Terceiro, estas e outras medidas caracterizam-se por uma iniquidade profunda: incidem sobre os assalariados (e consumidores), poupando (quase) sempre o capital.

Finalmente, o primeiro-ministro gosta de apresentar estas medidas como inevitáveis: escondendo-se atrás da troika, de alegadas surpresas nas contas, ou da necessidade de estimular a competitividade. A verdade é que prosseguem a sua agenda ideológica, a qualquer custo. Dois exemplos. Primeiro, apesar de cortarem na educação pública o triplo do previsto, acabam de aumentar o financiamento do ensino privado de 80 mil para 85 mil euros por turma. Segundo, apesar de outros custos, como os da energia, terem tanto ou mais peso na estrutura de custos das empresas do que os do trabalho, preferiram aumentar o horário de trabalho e simultaneamente aumentar brutalmente os custos com a electricidade (IVA de 6 para 23 por cento), apesar dos efeitos contraditórios e recessivos disto e de o secretário de Estado da Energia ter proposto que tal fosse coberto pela EDP (gere um monopólio natural, tem "lucros excessivos" - troika dixit - e um chairman com um vencimento obscenamente milionário, mas que não será cortado: trabalha no privado).

Perante esta declaração de guerra, as forças sociais e políticas de esquerda têm que fazer prova de vida. Os sindicatos, que se uniram numa greve geral em 2010, têm agora muito mais razões para um combate frentista e continuado, e alargado a outros movimentos sociais. Por que será que o senhor Saraiva, chefe da CIP, veio a correr aplaudir as medidas? E os três partidos de esquerda deviam conversar, fazer cedências mútuas e tentar esboçar uma agenda mínima comum. O PS tem especial responsabilidade. Mesmo antes destas medidas, profundamente iníquas e recessivas, já o Governo ia muito além do acordado. Se o PS se abstivesse no Orçamento estaria a dizer que nada conseguiria fazer diferente. Perante as medidas adicionais, se se abstiver é melhor fechar a loja! A sua responsabilidade primeira é representar os seus eleitores, não é ser mandatário da troika. Muito menos será caucionar um Governo ultra-liberal que vai muitíssimo além do acordo. Politólogo, professor no ISCTE-IUL (andre.freire@meo.pt)

André Freire
Publico 17.10.11

11:14 da tarde  

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