domingo, julho 22

Mais cortes a eito

«O que existe até agora são apenas “estudos técnicos”, sublinha Manuel Teixeira.
A reestruturação da oferta hospitalar, que inclui a reorganização das urgências e dos serviços de atendimento permanente, terá de avançar até ao final deste ano, revelou ontem o secretário de Estado da Saúde, Manuel Teixeira, em Évora.
"O Governo terá de ter, até ao final do ano, um plano específico sobre a reorganização da oferta hospitalar e nessa reorganização está a da urgência hospitalar, mas também os serviços de atendimento permanente", adiantou o governante. De acordo com o secretário de Estado, "o memorando da ‘troika' exige que, no final do quarto trimestre, tem de haver um plano aprovado" sobre a reestruturação da oferta hospitalar.
Manuel Teixeira falava aos jornalistas, no Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE), depois de assistir a uma consulta por telemedicina e de proceder ao lançamento do acesso das instituições de saúde do Alentejo à Plataforma de Dados de Saúde.» DE 19.07.12

À luz deste objectivo imposto pela troika compreende-se melhor a preocupação do ministro da saúde em fazer cessar rapidamente, a qualquer preço, o conflito com os médicos: revisão das regras de concurso link link  e tabela salarial link
O resto, ”estudos técnicos“ (mesmo se excelentes) link  e “plano específico sobre a reorganização da oferta hospitalar”,  é paisagem, quando todos sabemos que a reestruturação da rede de urgência hospitalar irá ser efectuada com a utilização da técnica do costume: Cortes a eito.

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3 Comments:

Blogger Tavisto said...

Olhando de repente para o mapa pensei tratar-se da representação dos fogos que lavram no País. Em boa verdade há uma certa semelhança. Só que este, o da desertificação do interior ateado por mãos criminosas do poder político, vai ter consequências mais duradouras senão mesmo irrecuperáveis.

11:39 da tarde  
Blogger DrFeelGood said...

Sem flexibilização de metas orçamentais, o Ministério das Finanças terá de encontrar para o próximo ano poupanças que ultrapassam sete mil milhões de euros: dois mil mil milhões do buraco orçamental deste ano; outro tanto do desvio causado pelo chumbo do Constitucional aos cortes salariais na função pública; mais 2,5 mil milhões da redução de défice acordada para 2013; e ainda 840 milhões de uma prometida descida da TSU.

Ao todo são cerca de 4% do PIB, um valor que está naturalmente a gerar apreensão. Mais ainda quando o Executivo já gastou uma boa parte dos seus instrumentos e capital políticos: cortou nos benefícios sociais à boleia da racionalização e moralização do sistema, travou a fundo no investimento público, optou pela utilização massiva de receitas extraordinárias, e usou até uma bomba atómica que ultrapassou os limites constitucionais ao cortar directamente salários a função pública e pensionistas. O falhanço de grande dimensão nas previsões orçamentais deste ano também não fez muito pela sua credibilidade.

Antecipando as dificuldades que aí vêem Cavaco Silva e o seu conselheiro para assuntos económicos deram a semana passada, em duas entrevistas diferentes, uma mão ao Governo, defendendo que Portugal não precisa nem de mais tempo, nem de mais dinheiro. Quando muito, alguma tolerância para a derrapagem este ano. Está aberto o espaço para que se peçam mais esforços em nome do prometido regresso aos mercados no final do próximo ano.

Um dos problemas é que esse esforço pode implicar de forma mais visível que até agora transformações no papel e o funcionamento do Estado na sociedade portuguesa. Não será por acaso que Paulo Macedo, ministro da Saúde – uma das áreas que mais terá de contribuir para a consolidação no próximo ano – afirmou há poucos dias ao Negócios que "não deve haver mais cortes na Saúde", avisando que cortes significativos nesta área implicarão mudar o próprio modelo do Sistema Nacional de Saúde.

Conversas informais com membros da troika ajudam a perceber esta preocupação que não será apenas de Paulo Macedo. Um problema desta dimensão não será resolvido num ano com cortes e impostos, começa a ouvir-se do lado dos credores. O papel do Estado deve ser pensado de forma a adaptar a máquina pública às necessidades do País, nomeadamente as orçamentais, defendem. Como sempre a Saúde, transportes públicos e apoios sociais são óbvios candidatos a uma reestruturação. O Orçamento de 2013 promete dar que falar.

Rui Peres Jorge, JN 22.07.12

9:44 da tarde  
Blogger DrFeelGood said...

Dividir para reinar

Quando estiverem os lugares prometidos a concurso e as grelhas salariais revistas, qual será a motivação dos sindicatos e da OM para lutarem contra o encerramento dos serviços do interior e a defesa do SNS!

9:51 da tarde  

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