Escândalo na ARS-Norte (3)
Nomeações na Saúde. Tutela só contactou CReSAP no dia da
audição no parlamento
Comissão diz que cabia ao governo pedir concurso
ou avaliação curricular. “Informalmente demos uma opinião”
A Comissão de Recrutamento e Selecção para a
Administração Pública (CReSAP) só foi contactada acerca das nomeações dos
directores executivos para os agrupamentos de centros de saúde na manhã em que
Paulo Macedo falou sobre o assunto no parlamento.
Na altura, o ministro esclareceu que a comissão
entendeu que não havia lugar a esta avaliação no casos dos directores.
Questionado sobre esta diligência, João Bilhim, presidente da CReSAP, confirmou
o contacto, mas referiu que este aconteceu por telefone, na manhã da audição de
25 de Julho (que começou pelas 10h30). “Informalmente, demos uma opinião ao
telefone com base numa leitura apressada da lei. De futuro, a CReSAP nem
apressada nem fundamentadamente dará opiniões desta natureza, por não ser da
sua competência. Se o membro do governo tem dúvidas, coloque-as à Secretaria de
Estado da Administração Pública ou ao seu próprio gabinete jurídico.”
Bilhim admite mesmo que a CReSAP podia ter aberto
concurso ou ter feito a avaliação curricular dos novos directores se o governo
tivesse pedido, o que não aconteceu: “Até este momento, a CReSAP não possui
qualquer pedido por parte do ministro da Saúde de abertura de concurso para
dirigentes superiores de 2.o grau.”
NEM CARNE NEM PEIXE: O decreto-lei n.º 28/2008, que
cria os agrupamentos de centros de saúde, determina que o director é designado
pelo governo, sob proposta fundamentada da respectiva Administração Regional de
Saúde. Foi o caso dos 12 directores nomeados desde Julho por proposta da ARS
Norte, nomes que têm sido contestados pelos sindicados da região pelas ligações
partidárias e ausência de currículo na área (ver texto ao lado).
Segundo este diploma, o director é designado por
períodos três anos e tem como funções tarefas como a elaboração de planos
anuais de actividade ou gestão de recursos humanos e património. É equiparado,
para efeitos remuneratórios, a um cargo de direcção superior de 2.º grau
(vencimento de 3173,95 euros mais 583 euros em despesas de representação). É
neste ponto que surge a ambiguidade: na interpretação que levou a CReSAP a não
intervir nestas nomeações, os directores executivos só são dirigentes
superiores da administração pública na folha de pagamentos. “O diretor
executivo não é considerado um dirigente superior de 2º grau, nos termos do
Estatuto de Pessoal Dirigente da Função Pública. Esta equiparação é feita,
exclusivamente, para efeitos remuneratórios”, disse ao i o gabinete do ministro.
Mas, ao contrário do que afirmou o ministro da saúde no parlamento, este juízo
não coube à CReSAP. “É ao governo que compete tomar a iniciativa de uma coisa
ou outra. Não compete à CReSAP pronunciar-se sobre os actos do governo”, diz
João Bilhim.
O presidente da comissão admite admite que esta
duplicidade é frequente mas considera que haver um estatuto de dirigente para
fins remuneratórios e não para efeitos de nomeação “não faz qualquer sentido”.
João Bilhim defende ainda que seria vantajoso
alterar o diploma de 2008, anterior à criação da CReSAP. “Importava esclarecer
se os directores executivos estão ou não sujeitos a concurso ou, em
alternativa, a avaliação curricular. Aparentemente, fica-se com a impressão de
que estes directores se encontram num limbo: nem são carne nem peixe.”
Marta F. Reis, I online, 22.08.12
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Foi você que pediu um limbo á português?
Terá Paulo Macedo assinado de cruz? Ou, mais
grave, foi conivente no favorecimento político partidário aceitando como
idóneos os curriucla dos nomeados pela ARS Norte! Seria interessante conhecer-se as fundamentações
para as nomeações nos ACES/Norte.
Tavisto
Etiquetas: Paulo Macedo, Tá visto, XIX gov
1 Comments:
Um Ministro não pode assinar de cruz. Quando o Senhor Ministro afirma que as nomeações são da responsabilidade das ARS, está a ignorar um regra elementar, que qualquer dirigente da Administração Pública deve conhecer: delega-se a autoridade mas não se delega a responsabilidade.
O que se está a passar é uma vergonha que ultrapassa o razoável.
É tempo de dizer,basta.
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