sábado, setembro 22

Escândalo na ARS-Norte (9)

Há mais casos de falsos currículos nas nomeações para a saúde a Norte.  
Alguns dos novos directores executivos nomeados pelo ministro da Saúde apresentaram currículos que referem graus académicos que não possuem. ARS fala em lapsos e desvaloriza polémica . O caso da directora de um agrupamento de centros de saúde (ACES) do Porto que acabou por ser afastada de funções por ter apresentado um currículo com alegadas falsas habilitações não será o único no conjunto de nomeações feitas nos últimos meses para estas estruturas sob jurisdição da Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte. O PÚBLICO detectou algumas imprecisões em outros currículos de alguns directores executivos também nomeados pelo ministro da Saúde, Paulo Macedo, e que exibem títulos académicos que ainda não possuem. 
A directora executiva do ACES Porto Oriental, a enfermeira Maria Dulce da Silva Pinto, por exemplo, foi nomeada pelo ministro da Saúde com a designação de mestre, mas na súmula curricular que apresentou apenas refere ter completado a primeira parte do mestrado (curricular) do curso. Dulce Pinto refere também um doutoramento sobre cuja conclusão a ARS-Norte foi questionada e não respondeu. Já sobre a designação de mestre que consta do despacho de nomeação publicado em Diário da República, a ARS afirma tratar-se de um lapso. 
Por seu lado, Francisco Félix Pereira, director executivo do ACES Barcelos/Esposende, também refere na súmula curricular reservada à formação académica e profissional um mestrado em Gestão das Organizações - Ramo de Gestão de Empresa, verificando-se, no entanto, nunca ter feito a dissertação da tese e sendo, inclusive, omissa a conclusão ou não da respectiva componente curricular. Ao PÚBLICO, Francisco Félix Pereira confirma que ainda não entregou a tese de dissertação e diz que foi "sem qualquer pretensão" que referiu a posse de um título que, na verdade, ainda não tem. Segundo revelou, há uma empresa que ficou interessada no tema da sua tese, tendo-lhe pedido para não a entregar porque queria desenvolver um produto em função do modelo apresentado. "Na sequência disto, falei com a instituição e foi-me permitido apresentar a tese até ao final deste ano ou início do próximo, porque a empresa ficou de fazer o projecto até ao final de Março do próximo ano", declarou ao PÚBLICO o director executivo do ACES Barcelos/Esposende. 
Também o director do ACES do Vale de Sousa Norte, Camilo Alves da Mota, alude no currículo que apresentou ao internato de especialidade de Cirurgia Geral, realizado no Hospital Distrital de S. Pedro, Vila Real, entre 1985 e 1986. Sucede que o internato de cirurgia geral tem uma duração obrigatória de seis anos, que neste caso aparece reduzido a apenas um. A ARS-Norte não esclareceu se a razão desta situação decorre de uma desistência ou de uma exclusão. 
Miguel Ângelo Portela, técnico especialista de análises clínicas e saúde pública, nomeado para director do ACES de Aveiro Norte, apresenta-se como professor regente de três cadeiras na Escola Superior de Saúde Jean Piaget. Sucede que no meio académico a designação de professor é reservada exclusivamente a docentes detentores de doutoramento. A ARS foi também confrontada sobre este ponto, não tendo neste caso confirmado a existência do grau... link

Paulo Macedo parece não ter poder para intervir nestas nomeações dos boys do partido e aos portugueses é dado assistir ao arrastar de mais este triste episódio digno de uma qualquer república das bananas.

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