«Cartilha» da Comissão Europeia
«Uma vez que as populações vulneráveis já estão
desproporcionalmente afectadas pela crise económica e que a doença tem
resultados negativos sobre a empregabilidade, devem ser cuidadosamente
avaliados os possíveis efeitos» das reformas da Saúde «sobre as populações».
Em causa estão os co-pagamentos, bem como a redução do
acesso aos cuidados de Saúde.
O alerta consta do documento divulgado pela Comissão
Europeia (CE), um pacote de medidas de «Investimento Social para o crescimento
e coesão» para o período compreendido entre 2014 e 2020 link
Esta iniciativa, que visa ajudar os Estados-Membros a
utilizar os seus orçamentos sociais e de saúde de forma mais eficiente e
eficaz, através da promoção de melhores práticas, tem como componente-chave o
lema «investir em saúde» e estabelece o papel da saúde como parte integrante da
estratégia «Europa 2020», reforçando a ligação entre as políticas de saúde da
União Europeia (UE) e as reformas do Sistema Nacional de Saúde.
Entre as razões apontadas que «ameaçam aumentar as
desigualdades entre grupos sociais e entre os Estados-Membros», a CE aponta as
«barreiras no acesso aos cuidados de saúde, que muitas vezes são mais
significativas nos grupos desfavorecidos/pessoas em situações vulneráveis e nos
Estados-Membros menos ricos». Os grupos vulneráveis ou famílias com doentes
crónicos são, ainda, «menos protegidas contra pagamentos informais e mais
propensos a abandonar o tratamento».
«Priorizar grupos menos favorecidos»
As principais medidas para combater esta situação, defendem
os autores do documento, são «priorizar grupos menos favorecidos com políticas
para melhorar a qualidade e o acesso aos sistemas de saúde e assegurar
rendimentos adequados e condições de vida e de trabalho». Até porque, sublinha
a CE «os dados sugerem que a saúde tem um papel significativo na redução da
taxa de risco de pobreza» e, além disso, «as desigualdades em saúde representam
não só um desperdício de potencial humano, mas também uma enorme perda
económica potencial (estimado entre 1,5% e 9,5% do PIB)».
Por fim, adverte a CE, «medidas de consolidação orçamental
aplicadas aos sistemas de saúde não devem comprometer o acesso das populações
pobres e vulneráveis à elevada qualidade de cuidados de saúde».
Recorde-se que, no passado dia 15 de Janeiro, foi
apresentada publicamente uma carta aberta conjunta dos bastonários da Ordem dos
Médicos de Portugal, Espanha, Grécia e Irlanda, para alertar os dirigentes
políticos e as autoridades de saúde da Europa para os efeitos da crise na
deterioração e no acesso à Saúde, bem como para a necessidade de antecipação
dos impactes das medidas que têm vindo a ser tomadas pelos respectivos
Governos.
Tempo Medicina 22. 02.2013
Etiquetas: Contas Saúde
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