Interesses brutais
...
Como
comenta a possibilidade de extinção da ADSE (a protecção na saúde dos
funcionários públicos)?
A ESS tem interesses brutais nesse tema, como todos
sabem. No curto prazo seria um desastre orçamental porque, em 2011, a ADSE
representou na rede privada €490 milhões dos quais 65% financiados pelos
beneficiários, e este valor teria de ser gasto pelo Estado na mesma. No longo
prazo, é também um grande disparate, é ceder a mais um interesse do lóbi
prestador público, que está aflito de doentes. Neste momento a ADSE dá
liberdade de escolha entre público e privado. Porque é que os portugueses em
geral não exigem isso aos políticos e permitem nivelar por baixo, numa guerra intestina contra os funcionários
públicos?
Semanário Expresso, caderno económico 16.02.13
Tal como Pinto da Costa, a inginheira, presidente do “ Espírito Santo Saúde”, sai a terreiro sempre que sente que é necessário defender o campeonato
(negócio) e pressionar o ministro da saúde em exercício .
A “fruta” aqui é a ADSE e a chamada liberdade de
escolha.
E assim sendo, por mais que se explique que em Saúde
não há livre escolha estes liberais de ocasião fingem sempre não entender.
«|na ADSE| A liberdade de escolha pode resultar em prejuízo
do utente, dado estarmos longe de um mercado de concorrência perfeita. Não
existe soberania do consumidor, o qual tem informação insuficiente sobre o
mercado, o produto e os resultados. Fragilizado pela doença e pela dependência
do médico, seu “agente”, a sua escolha não é soberana. A ausência de referência
médica, combinada com a livre escolha e liberta do preço, induz consumismo,
acréscimo de custos e riscos adicionais para o doente. Regista-se, em estudos
comparados, que os sistemas de tipo convencionado (“bismarckianos”) apresentam
maior custo global e menor equidade. link
Etiquetas: ADSE
1 Comments:
Isabel Vaz brilha, uma vez mais, numa entrevista conduzida com esse mesmo objectivo. Vamos então fazer contas e mostrar que não é a falta de doentes que incomoda o lóbi público mas a discriminação negativa de que é alvo.
Segundo dados obtidos no portal Pordata-Saúde, a despesa total da ADSE em 2011 foi de 559,367 milhões de euros. Segundo a mesma fonte, esse mesmo valor terá sido de 944,070 em 2009 (data anterior à do famoso memorando que aboliu os pagamentos directos dos subsistemas ao SNS).
Ou seja, desde 2009 a ADSE/Ministério das Finanças está a meter ao bolso cerca de 500 milhões de euros/ano. Possivelmente mais, tendo em conta que nos 490 milhões gastos com a rede privada estão certamente incluídas as taxas moderadoras dos beneficiários. Sucede que esses 500 milhões deixaram de ser pagos ao SNS, que teve de passar a tratar os doentes dos subsistema a custo zero.
Percebe-se pois a forma estimável como Isabel Vaz, na qualidade de Presidente do grupo privado ESS, trata o modelo ADSE. Sim, porque a mesma Isabel Vaz, responsável última pela PPP hospital de Loures, é bem capaz de já não ter a mesma opinião.
Mas isso que interessa! Neste momento o mais importante para os grupos privados é procurar estender a filosofia seguro-saúde contida nos subsistemas a todo o SNS. Há pois que fazer dourar a pílula.
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