domingo, março 10

O acesso a piorar a olhos vistos

Assistentes sociais e especialistas de saúde mental avisam que há cada vez mais doentes a faltar às consultas e a abandonar a medicação. O fenómeno não está quantificado, mas é preocupante.link 
As dificuldades económicas estão a fazer com que muitos doentes não consigam suportar os custos das deslocações e faltem às consultas de saúde mental. Há também cada vez mais doentes a admitir que não tem dinheiro para a medicação prescrita. As assistentes sociais alertam para um aumento anormal e preocupante do número de queixas de doentes que se dizem impossibilitados de prosseguir com o tratamento e o coordenador do Plano Nacional para a Saúde Mental da Direcção-Geral de Saúde avisa que, privados de tratamento, estes doentes correm sérios riscos.
Temos cada vez mais informações sobre doentes que avisam que não vão comparecer às consultas por falta de dinheiro para o transporte", avisa Álvaro Carvalho, coordenador do Plano Nacional para a Saúde Mental da Direcção-Geral de Saúde. Fernanda Rodrigues, presidente da direcção nacional da Associação dos Profissionais de Serviço Social, confirma esta realidade, acrescenta que estes doentes estão também a abandonar a medicação pelos mesmos motivos e sublinha que, apesar de não existirem dados sobre o número de pessoas afectadas, o fenómeno "é preocupante".
"Estamos a registar uma falta de comparência às consultas que não é habitual. As assistentes sociais que trabalham na área da saúde mental referem que o principal motivo apresentado por estes doentes é o facto de não conseguirem pagar as deslocações e senhas de transporte. Por outro lado, o mesmo se passa na aquisição de medicamentos, com muitas pessoas a admitir que interromperam a terapêutica ou a comprar só parte da medicação prescrita, com escolhas que são ditadas por razões financeiras", alerta Fernanda Rodrigues. As consequências, refere, "já estão a sentir-se com o agravamento dos problemas de saúde destas pessoas". "Muitas vezes conseguir apenas que estas pessoas aceitem ser tratadas já não é fácil", lamenta.
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JP 10.03.13
As condições de acesso dos portugueses aos cuidados de saúde estão a deteriorar-se rapidamente. Só o ministro da saúde não vê ou não quer ver.
clara gomes

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