Reprocessamento de dispositivos de uso único
Reprocessamento de dispositivos médicos de uso único avança
em Portugal, com uma previsão de poupança anual na ordem dos 45 milhões de
euros.
Os hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) vão poder
passar a reutilizar materiais cirúrgicos de "uso único". Há muito que
a medida era sugerida por gestores, mas nunca avançou pelas dúvidas relativas à
segurança que eram levantadas por alguns especialistas. O Ministério da Saúde
decidiu agora legislar esta prática com o objectivo de alcançar "poupanças
indispensáveis para continuar a disponibilizar terapias e tecnologias
inovadoras".
Há muito que o ministro da Saúde, Paulo Macedo, tem dito que
o esforço de poupança seria voltado para os dispositivos médicos. No despacho
que entra em vigor esta sexta-feira, o secretário de Estado Manuel Teixeira
reitera que a utilização dos dispositivos "deve merecer adequada gestão
racional", de forma a continuar a responder às necessidades dos doentes,
garantindo "a sustentabilidade dos encargos públicos". Nesse sentido,
é criada legalmente a possibilidade dos estabelecimentos do SNS reprocessarem
os dispositivos de "uso único", desde que garantam a "qualidade,
segurança e desempenho", assumindo a responsabilidade pelos mesmos. De fora
ficam os dispositivos de uso único implantáveis. No despacho é feita mais uma
ressalva: "o dispositivo reprocessado apenas pode ser utilizado no serviço
ou estabelecimento do SNS responsável pelo seu reprocessamento" e o
Infarmed tem de ser notificado.
Em causa estão, assim, "largas centenas de dispositivos
ou mesmo milhares", num total de 30 a 40 mil, avançou ao Negócios João
Queiroz e Melo, cirurgião reformado e representante em Portugal da maior
empresa alemã de reprocessamento (Vanguard), referindo-se mais tarde a
"tesouras, pinças, tubos, cateteres, fios" e outros materiais
cirúrgicos que deixarão de ir para o lixo e poderão ser novamente comprados a
"metade do preço".
"Há um conjunto grande de dispositivos em que se sabe,
com experiência de 20 anos nos Estados Unidos e 15 na Alemanha, que isso
[reprocessamento de dispositivos de uso único] é feito com segurança",
disse o médico, frisando que não se trata apenas de "resterilizar".
"O reprocessamento volta a avaliar o dispositivo em
termos de função, de biocompatibilidade, em termos de segurança e de
esterilidade, fazendo isso um a um", explicou, acrescentando que "em
Portugal, nenhum hospital tem capacidade para fazer isso".
Poupança de 45 milhões por ano
A reutilização de dispositivos médicos de uso único foi uma
das sugestões apresentadas pelo grupo técnico para a reforma hospitalar,
coordenado por Mendes Ribeiro. De acordo com os dados citados no estudo
apresentado no início do ano passado, os dispositivos médicos de uso único
representavam em Portugal, em 2010, uma despesa de cerca de 665 milhões de
euros e esta prática poderia "resultar numa poupança imediata de cerca de
45 milhões de euros por ano".
Dessa poupança duvidam as empresas de dispositivos, por
exemplo, que alertam ainda para os perigos de contaminação microbiológica
durante esse processo.
JN 31.05.13
Despacho n.º 7021/2013
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Etiquetas: s.n.s
1 Comments:
Para quem quiser estar mais informado consulte o seguinte documento da Comissão Europeia - www.europarl.europa.eu/registre/docs_autres_institutions/commission_europeenne/com/ 2012/0542/COM_COM(2012)0542_EN.pdf (quem não o quiser ler todo, verifiquem o último parágrafo da pagina 6 e o primeiro da página 7).
Seria bom que se colocassem todas a evidências em cima da mesa e daí se tirassem conclusões. Em todo o relatório se diz que não existe evidência sobre segurança ou custo / efetividade. Se esta solução fosse vantajosa e sem riscos, todos os países já a tinham adotado.
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