quarta-feira, outubro 5

Até quando ?

Apresentou-se bem-falante, com conversa genérica e integradora, mostrando vontade de resolver as muitas maldades que o governo anterior fez ao SNS, desvalorizando-o, sangrando-o de bons profissionais e de recursos, canalizados para os privados, e aumentando a centralização de decisão e a burocracia. Para o Ministro àquele “faltou visão estratégica e capacidade para executar as reformas organizativas indispensáveis”. Assim, propôs-se: “Reformar os hospitais, apostando na autonomia e na responsabilização da gestão e na aplicação de incentivos ligados ao desempenho”, “Responder melhor e mais depressa ás necessidades dos cidadãos, ampliando a capacidade de num só local obter consultas e meios de diagnóstico e terapêutica”, “Aperfeiçoar a gestão dos recursos humanos e promover a valorização dos profissionais”, “Mutualização progressiva da ADSE”, “Modernizar e integrar as tecnologias de informação”, etc. Tudo mandou às urtigas. 
O seu alfa e ómega tem sido conquistar as graças da comunicação social, não cumprir o programa e o que defendeu contra a política anterior, revelando-se um “sereio” ziguezagueante, com um canto enleante, mas cansativo, decidindo contra o que antes defendeu e afirmou. 
Imita o antecessor que criticou, o qual num período difícil mostrou coragem para combater os poderosos, contestou ideias erradas das finanças e mostrou consistência. 
A sanha persecutória deste ministro contra a autonomia dos hospitais e a obsessão de centralização da decisão raiam o patológico. Após anos de aumento de burocracia com autorizações ministeriais, em que o investimento na saúde foi zero e o pessoal do quadro, a manutenção e os stocks de segurança foram reduzidos ao mínimo a sua “solução” é sujeitar os hospitais à decisão central, contra o que todos os especialistas defendem. Antevê-se concentração dos gestores na justificação da necessidade de comprar mais papel higiénico ou demonstrar a necessidade de substituir equipamentos que claudicaram e terminaram a vida útil há anos. Daí o SNS não retirará vantagem, antes assistiremos a: 
Desmotivação da gestão e irritação dos profissionais, por os problemas se eternizarem com protelamento ou ausência de decisão central; 
Perda de capacidade de resposta dos serviços do SNS, com redução da qualidade e segurança, com necessidade de maior recurso ao sector privado; 
Aumento da despesa por não cumprimento do programa do governo, que já se verifica, entre outros, nos medicamentos hospitalares, link nos gastos com aquisição a privados de meios de diagnóstico e com aluguer de médicos à hora; 
Agravamento do défice dos hospitais por insuficiência de financiamento para a produção realizada e ausência de medidas – ex. nas urgências o ministro previu para 2016 menos 250 mil atendimentos, mas haverá aumento de 350 mil, seja erro de 600 mil que irá custar mais de 50 milhões de euros. 
Até quando?

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