sábado, setembro 22

PSD, não faz bem à Saúde

A leitura do documento estratégico do PSD sobre saúde, deixou-nos a sensação confrangedora de um conjunto de “post its” recolhidos entre os elementos do grupo de trabalho, colados à pressa nas dezanove páginas do documento de apresentação. link 
Talvez por isso, alguém, envergonhado da obra feita, ter-lhe chamado "work in progress", entendido como algo de útil que se pretendia apresentar mas ainda não é.
Nem vai ser. 
O grupo de trabalho autor deste triste trabalho, coordenado por Luís Filipe Pereira, conhecido como o Darth Vader da Saúde, integra Rui Raposo, administrador do José de Mello Saúde, grupo privado que gere os hospitais CUF; Vítor Herdeiro, da unidade pública local de saúde de Matosinhos; Ana Paula Martins, bastonária da Ordem dos Farmacêuticos; João Marques Gomes, investigador em Gestão da Saúde na Universidade Nova; e António Teixeira Rodrigues, da Universidade de Aveiro .
Basicamente, o referido "work in progress" valeu a nossa atenção pela vil proposta de privatização da Saúde. Através da contratualização aos privados de serviços geridos directamente pelo Estado, através de um processo progressivo, sem ondas, doucement, nada de revoluções do tipo "big bang" dos hospitais SA. Uma  reforma/privatização discreta do actual modelo de gestão das unidades de saúde do SNS. 
Sobre a proposta do PSD,  a análise do ministro da saúde , Adalberto Campos Fernandes, é certeira: Há quem critique o SNS para o desgastar e privatizar. Com essas propostas, "num quadro de resignação política", esses críticos pretendem, "no fundo, desistir da reforma do SNS por dentro da sua função de serviço público para depois poder privatizar- Quem tem uma estratégia de desgaste diária, [para dar] a ideia que existe uma degradação do serviço", quer, "provavelmente, abrir espaço e caminho para que, depois, apareçam propostas políticas que naturalmente digam que a função do SNS de natureza pública não funciona e o melhor será privatizar, expresso 15.09.18. link 
Dias depois, na melhor entrevista que vimos a ACF nos últimos tempos (RTP3)  link,  o ministro da saúde considerou a “proposta muito frágil”, que retoma ideias que têm 15 anos, o que significa “um ato de desistência política”. “O PSD tem um problema que é histórico, e não é apenas na saúde, desiste facilmente do Estado, não gosta do Estado e sempre que é confrontado com dificuldades no Estado orienta-se para a privatização”. 
Notas: 1.º Grande notícia: Os ministérios da Saúde e das Finanças que tutelam os hospitais EPE, vão lançar um programa em 2019 abrangendo um quarto dos hospitais do SNS de autonomia e incentivos à gestão, nomeadamente o reforço de investimento e capacidade de recrutar. 
2.º Vitor Gonçalves (Grande Entrevista, RTP 3) não anda a fazer bem o trabalho de casa. Nesta entrevista foi clara a sua impreparação para lidar com os vários dossiers da Saúde. Clichés não fazem bom jornalismo. Ao pretender ser acutilante conseguiu apenas ser chato.

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