domingo, outubro 23

São estudos, senhor !

A propósito do relatório “Actuais e Futuras Necessidades Previsionais de Médicos (SNS), link recentemente enviado pela ACSS às administrações dos hospitais, elaborado pelo “Unidade Operacional Planeamento e Investimentos” dirigida pelo Dr. Adriano Natário e pela “Unidade Funcional Estudos e Planeamento de Recursos Humanos”, coordenada pelo Dr. José Carlos Amaral, Setembro, 2011.

O semanário expresso (caderno principal) apresenta na edição deste semana um trabalho com o título sonante: “Sobram mais de 500 médicos na área de Lisboa”. Por sua vez, o Jornal Público, na edição de 20.10.11, já havia abordado o mesmo tema num trabalho da Alexandra Campos com o título “Precisamos de mil médicos de família e de 600 internistas”.

De acordo com a análise do expresso
link o balanço das necessidade, segundo o referido estudo (longe do referido no JP link), é o seguinte:
«Cuidados a reforçar: Medicina Interna: Mais 719 especialistas ; Ortopedia: Mais 135 especialistas ; Psiquiatria: Mais 134 especialistas ; Radiologia: Mais 129 especialistas ; Dermatologia: Mais 90 especialistas-
Redução nacional de Médicos: Cardiologia: Menos 93; Anestesiologia: 23; Pneumologia: Menos 23; Cirurgia Geral: Menos 10; Neurologia: Menos 4.»

Sobre a qualidade do referido estudo consideramos interessante esta análise:
«Quando ler o Relatório “Actuais e Futuras Necessidades Previsionais de Médicos (SNS) – ACSS 9-2011“ elaborado pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) e enviado aos Hospitais, não se detenha nos erros sobre a “situação actual” (o número de médicos que referem existir, nomeadamente nas instituições hospitalares, não está actualizado e juntam médicos com carga horária de 20h a médicos com 35h ou 40h) levando, assim, a uma “fotografia” final que não permite qualquer comparação profunda e séria. Mal vamos se é esta a qualidade da base de dados do Ministério da Saúde acerca dos médicos em Portugal!
E não haveria necessidade de reflectir sobre os pressupostos, especialidade a especialidade, que são usados para prever as necessidades futuras, pois apresentam premissas não validadas, pressupostos de evolução da medicina duvidosos, comparações com países cujas práticas nada tem a ver com a nossa realidade?»
link
...
Reconhecida a dificuldade existente na distribuição dos profissionais de saúde (especialidades e território), certo é que estudos desta qualidade, encomendados ou não, não hão-de faltar nos tempos que correm. A tentarem ajudar à safra dos cortes a eito que o ministro da saúde está forçado a efectuar à pressa de acordo com as recomendações da troika e da agenda liberal pacotilha, liderada pelo ministro das Finanças, Vitor Gaspar.

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2 Comments:

Blogger e-pá! said...

Não se compreende a razão deste dilúvio de estudos, comissões, etc.(alguns encomendados, outros sugeridos, muitos redundantes...) quando a política do MS é simples (e caricata): cortes a eito!

E como não se compreende esta avalanche, até melhor explicação, esta saga deveria integrar o lote dos desperdícios na Saúde...

8:38 da tarde  
Blogger Tavisto said...

Segundo a proposta do Governo para o OE, os níveis retributivos dos médicos, incluindo suplementos, «com contrato de trabalho no âmbito dos estabelecimentos ou serviços do Serviço Nacional de Saúde (SNS) com a natureza de entidade pública empresarial não podem ser superiores aos dos correspondentes trabalhadores com contrato de trabalho em funções públicas inseridos em carreiras gerais ou especiais».
Uma medida que deixou os sindicatos «surpreendidos», pois, como contou Carlos Arroz ao «Tempo Medicina», na reunião realizada com o ministro da Saúde, em Agosto passado, este mostrou-se «muito interessado» em resolver a questão da grelha salarial das 40 horas semanais — o único ponto da negociação colectiva para o sector médico que falta concluir — e agora é apresentada esta medida «sem negociação».


Transcrito do Tempo Medicina


Segundo consta esta decisão está a ser alvo de intensa troca de informações entre médicos nas redes sociais, preocupados com o rumo que as coisas levam. E não é caso para menos.
Imagine-se um profissional que fez um contrato individual de trabalho com um hospital EPE e que, de repente, unilateralmente, por decisão do Governo, vê o seu vencimento sofrer um violento corte. Alguns mudaram-se de armas e bagagens para hospitais do interior que, carentes de especialistas, os remuneram por valores muito acima dos correspondentes às carreiras públicas. É caso para perguntar, será isto possível num estado de direito? Não terão os atingidos todo o direito de exigir uma indemnização por quebra das expectativas profissionais?
Quem institui a lei da selva salarial ao retirar o sector da saúde da administração pública instituindo os contratos individuais de trabalho. Foram os trabalhadores ou o poder político?

11:41 da tarde  

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