terça-feira, junho 1

Economia em crise. Saúde a ferro e fogo.

1. - O discurso do primeiro ministro e a realidade.

O "insuspeito" semanário Expresso de 29 de Maio, insere dois artigos que contrariam o discurso de confiança nas políticas implementadas e na retoma da economia do primeiro ministro José Manuel Durão Barroso, dando-nos a conhecer alguns aspectos da verdadeira dimensão da crise que atravessamos e do combate político, que no caso da saúde atingiu, há muito, o ponto de ruptura.

2. - Sobre o estado da nossa economia.

De acordo com Semanário Expresso, a "economia portuguesa vive a mais prolongada crise desde que há estatísticas".
Efectivamente, a produção do primeiro trimestre deste ano regista uma acentuada quebra, em comparação com os períodos homólogos de 2002 e 2003.

O discurso do primeiro ministro, escondendo a situação real do país, não deve ser interpretado à luz da intenção do governo de pretender criar uma mensagem optimista para encorajamento dos agentes económicos.
O objectivo, essencial, do discurso de Durão Barroso é o de esconder a falência das políticas adoptadas pelo seu governo.


3. - Guerra sem quartel na saúde.

Na mesma edição do semanário expresso, um artigo do Dr. Pedro Nunes, bastonário da Ordem dos Médicos (região sul), com o premonitório título "Um ministro a (curto) prazo":

-promete ao ministro da saúde, em caso de continuar, guerra sem quartel.

" A introdução nos hospitais e centros de saúde de uma lógica gestionária, em que os valores materiais - o dinheiro - são o alfa e o omega, não pode deixar de gerar, mais do que um choque de culturas, uma luta sem quartel."

- Mais adiante, referindo-se a Luís Filipe Pereira, como um ministro do passado, faz o balanço do seu desempenho:

"Da sua actuação ficam apenas poucas acções positivas, como a reposição da hierarquia nos serviços de saúde, a introdução de uma cultura de avaliação sistemática do custo-benefício, uma lógica, se bem que mais virtual que real, de responsabilização e apresentação de resultados."

- Com inúmeras acusações:

"Em contrapartida, trouxe com ele poluição do sistema por gente estranha, cuidadosa como elefante em loja de porcelana e um manancial de riscos, como o da destruição do Serviço Nacional de Saúde que, mal ou bem, tem defendido os portugueses baseado em boas vontades e pagamentos virtuais como moeda de prestígio".

- Acaba o artigo, deixando um aviso aos que se seguirão:

"Quando, inexoravelmente, Luís Filipe Pereira der o lugar ao senhor seguinte, como episódio histórico ou como momento de continuidade, mesmo que como mero capítulo de uma história interminável, há que estar atento ao verdadeiro combate - o que opõe os que, à esquerda ou à direita, defendem a materialidade da existência e o inquestionável valor do dinheiro e os que, à esquerda ou à direita, consideram o homem como centro do universo."

3.1 - Vai ser interessante ver se Durão Barroso tem coragem e vontade político em "segurar" Luís Filipe Pereira.
Seja qual for o desfecho desta batalha, o destino da guerra, não nos iludamos, já está traçado. A privatização da saúde.
Se nos lembrarmos, Blair fez a campanha contra Tacher, prometendo a devolução da saúde ao sector público. Depois de eleito, não só, não cumpriu o prometido, como se empenhou em prosseguir a política de privatizações da saúde, herdada da sua antecessora.