quarta-feira, julho 7

Passa-se fome nos hospitais ?


"Entre 20 a 50 por cento dos doentes internados em hospitais europeus sofrem de subnutrição, revela um relatório do Conselho da Europa sobre comida e cuidados nutricionais nos hospitais."

Mas, o que se passa com os hospitais?

Tentemos enquadrar o problema da alimentação dos doentes hospitalares.

1. - A organização do Serviço de Alimentação hospitalar:

O fornecimento de alimentação - confecção e distribuição - aos doentes internados nos hospitais é assegurado por empresas adjudicatárias externas.

No entanto, todos os hospitais dispõem de um SAD - Serviço de alimentação e dietética , constituído por pessoal hospitalar, responsável pelo apoio técnico da área de alimentação e pela supervisão da prestação externa.

A confecção das refeições é efectuada de acordo com um formulário hospitalar (elaborado pelo pessoal técnico do hospital), com a tipificação, constituição, tabela de capitações das diversas dietas terapêuticas.

O pessoal médico é responsável pela prescrição do tipo de alimentação a que cada doente deve estar sujeito (dietas terapêuticas).
A elaboração das dietas terapêuticas é da responsabilidade das técnicas de dietética do hospital.

As empresas adjudicatárias externas confeccionam diariamente as refeições a distribuir aos doentes internados com base no plano de dietas elaborado pelos técnicos do hospital.

A supervisão do fornecimento é feita pelos técnicos do hospital em diversas fases do circuito da preparação e distribuição da alimentação:
- Recepção da matéria prima alimentar.
- Na confecção - cumprimento do calendário dietético, qualidade dos géneros, procedimentos .
- No empratamento - cumprimento das capitações, apresentação, embalamento.
- Na distribuição- cumprimento dos horários, temperatura das refeições, apresentação .

Os doentes que não podem comer por causas físicas são alimentados por sonda ou por via endovenosa.
Na alimentação por sonda utilizam-se bolsas de alimentação preparadas em laboratórios farmacêuticos.

2. - O que falha.

Os SAD são constituídos, na sua grande maioria, por técnicas de dietética (dietistas).
A integração de técnicos de nutrição (nutricionistas) nas equipas do SAD é relativamente recente.
È inquestionável a necessidade destes técnicos integrarem as equipas dos SAD. No entanto, a capacidade de contratação dos hospitais é limitada e não tem podido acompanhar o ritmo de formação de novos licenciados que todos os anos as faculdades lançam no mercado de trabalho.

O pessoal auxiliar e de enfermagem presta um apoio competentissímo aos doentes internados, motivando-os e ajudando-os na toma das refeições.

Para lá da carência de pessoal especializado há graves dificuldades com o estado de manutenção das instalações e equipamentos (instalações de frio, confecção e carros de distribuição de dietas).

O seguimento personalizado dos doentes internados é limitado, após triagem, aos casos mais graves.

O acompanhamento alimentar / nutricional dos doentes tem a duração do tempo de internamento ( a média das demoras médias das várias patologias do internamento hospitalar não ultrapassa os dez dias) .
O doente que chega subnutrido ao hospital e é reequilibrado durante o internamento é deixado à sua sorte logo após a sua alta.

O problema da subnutrição dos doentes do SNS não deve ser só identificado como resultante da ineficiência dos cuidados hospitalares mas de um conjunto de factores como as condições sócio económicas, o apoio familiar, o acompanhamento pós alta.
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