domingo, junho 26

Soneto do Amor Total


Jardim das Delícias -Hicronymus Bosch
Amo-te tanto, meu amor ... não cante
O humano coração com mais verdade ...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.

Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade,
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo~te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei-de morrer de amar mais do que pude.
Vinicius de Moraes
"Os poemas da minha Vida" de António Lobo Xavier, edição JPúblico.
Conforme se pode ler no prefácio desta coltectânea, ALX foi aliciado para a poesia pelo pai a troco de 25 tostões (um fabuloso cachet para um miúdo de 7 anitos). Dadas as primeiras récitas, ALX não mais deixou de gostar da poesia, passando a actuar de graça, talvez confortado pelos aplausos da assistência. A selecção de ALX é toda muito certinha, incluindo alguns dos maiores cromos da poesia portuguesa: João de Deus, Gonçalves Crespo, Correia Garção e António Feliciano de Castilho.
O que mais desejo na vida é morrer de amar mais do que puder.

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