quinta-feira, outubro 13

A Boots é o máximo !

O èxito da Boots parece trazer também encantado Nicolau Santos do expresso que considera num artigo no Economia & Internacional a cadeia retalhista de produtos farmacêuticos e de produtos de beleza com 1459 lojas um enorme e popular sucesso na Grâ Bretanha.
Para NS a pergunta que fica no ar é, pois, se os ingleses podem comprar todos estes produtos sem prescrição, por que razão a ANF se opõe à decisão do Governo de seguir o mesmo caminho ?
Será por ter muito mais respeito pela saúde dos seus concidadãos do que as autoridades britânicas pela dos seus compatriotas ?
Será por não achar os portugueses suficientemente informados, podendo beber as gotas para os olhos e tomar o Zyrtek para os calos ?
Ou será simplesmente porque quanto menos produtos se venderem fora das farmácias maior será a taxa de lucro das associadas da ANF?
Ricardo

Também reparei no comentário que refere o “encantamento" de Nicolau Santos do expresso (gostei da expressão…) sobre a Boots. Acerca deste tema, acho que seria interessante esclarecer:
1.- A Boots é uma empresa inglesa que verticalizou a área do Medicamento – produz, distribui e dispensa. As lojas Boots que encontramos em Londres são… farmácias. A Boots foi fazendo “evoluir” o modelo das suas farmácias e elas parecem hoje “lojas dos trezentos”, mas são… farmácias. Ao fundo, atrás do balcão, estão os medicamentos. A ideia é que os doentes, quando precisam de ir à farmácia para aviar uma receita, se entretenham a comprar rolos de fotografia, viagens às Canárias e outras coisas interessantes. Além de vertical, a Boots tem uma posição dominante na dispensa porque é dona de mais de 1500 farmácias, aliás todas elas em centros urbanos (porque na província não são rentáveis). Como modelo penso que está tudo dito.
2.- Acrescente-se que, além da Boots, o mercado inglês das farmácias conta com mais 2 redes que o dominam quase completamente – Lloyds e Moss (sendo que esta insígnia pertence, adivinhem, à empresa de distribuição Alliance Unichem). Portanto, na Inglaterra, o mercado é essencialmente partilhado por 3 grupos empresariais.
3.- Apesar do seu “encanto”, as coisas não têm corrido bem à Boots (basta ler a Imprensa económica). Embora as vendas se mantenham, tem sofrido um desgaste das margens e, portanto, dos resultados. Por isso, na semana passada, a Boots “casou-se” com a Alliance Unichem, formando a Alliance Boots. A gestão desta nova entidade é assegurada pelo management da Alliance. Imagine-se agora o mercado inglês com mais de 3 mil farmácias da mesma empresa – e todas elas, como expliquei atrás, localizadas nos centros urbanos, onde não existem farmácias independentes.
4.- Finalmente, e para aqueles que estiverem distraídos, deve considerar-se que a nova Alliance Boots tem uma sucursal em Portugal – a Alliance Unichem Portuguesa ou Portugal ou coisa parecida – que conta como sócio de referência… (soam os trombones) a ANF. Já perceberam aonde vai levar a política de Correia de Campos ou é preciso fazer um desenho?
Luís oriente

3 Comments:

Blogger helena said...

A equipa ministerial também sempre muito unida vive muito encantada com o êxito da Boots.
Ao ponto de quererem também uma cadeia de Boots em Portugal liderada pela ANF, como não podia deixar de ser.

10:13 da manhã  
Blogger xavier said...

AS PRIMEIRAS LOJAS de MNSRM
Parece um bichinho, coitadinha. Acordou com a cara inchada", queixa-se a mãe, Perpétua, sobre o aspecto da filha nessa manhã. Pede conselhos a uma farmacêutica mas não se está numa farmácia. "Ponha-lhe gelo e dê-lhe metade deste comprimido, de oito em oito horas", sentencia Maria Goulart de Medeiros, a proprietária da loja de produtos de higiene, beleza e saúde, Aposaúde, em Santarém. Esta é uma das duas lojas que começaram esta semana, pela primeira vez, a vender medicamentos não sujeitos a receita médica.
À direita há produtos para bebés; a esquerda está reservada para a cosmética e só na montra atrás do balcão estão, "finalmente", medicamentos. "É uma sensação agradável. A pessoa tem dor de cabeça e nós temos alguma coisa para lhe dar", afirma Maria Goulart de Medeiros, farmacêutica há mais de dez anos e que sempre esteve atrás do balcão de farmácias propriedade de outras pessoas. Nunca conseguiu adquirir um alvará: os preços são proibitivos e lembra que uma farmácia em Santarém está à venda por 7,5 milhões de euros; o seu investimento não chegou a dez por cento.
Na terça-feira foi a estreia. "Estava entusiasmada", admite Maria. "Estava era eléctrica", completa o marido. "Vendi a primeira aspirina com um sorriso. Foi o primeiro medicamento que vendi", lembra. "É engraçado porque é emblemático": é dos mais consumidos no mundo e é fabricada por um dos laboratórios mais antigos no mundo, a Bayer, explica.

"Isso é antibiótico,
só na farmácia"
A farmacêutica interrompe a explicação para vender um paracetamol a uma cliente que diz que lhe dá jeito ter medicamentos à porta de casa. "A farmácia fica longe. É pena não ter mais coisas", lamenta.
Já Maria do Carmo Sousa entrou na Botica, uma loja de produtos dietéticos e de cosmética, em Mem Martins (Sintra), sem saber se era uma farmácia. Vista de fora, parecia. No exterior desta loja há uma cruz verde como nas farmácias. Só o rebordo é daquela cor, o interior é azul, ressalva a farmacêutica responsável, Maria José Vicente, esclarecendo que não pretende que a loja seja confundida com uma farmácia.
Sendo um estabelecimento que apenas abriu na sexta-feira, há quem desconheça não estar numa farmácia. Uma cliente pede um remédio que precisa de receita e logo é esclarecida: "Se é preciso receita não pode comprar aqui". "Isso é um antibiótico, só na farmácia", responde Maria José a uma cliente brasileira que traz o bebé com uma otite a tiracolo.
Maria José Vicente até diz que não concorda que estes medicamentos sejam vendidos em sítios como hipermercados, mas reconhece que aquela "é uma pequena oportunidade" para quem nunca conseguiu comprar uma farmácia. Mas afirma que todos os cuidados são poucos. Ontem vendeu a primeira pílula do dia seguinte, não sem antes aconselhar a compradora sobre os cuidados no seu uso, como faz quando atende clientes numa farmácia. "Os medicamentos nunca podem ser de acesso directo", sublinha.
Jornal Público 13.10.05

11:04 da manhã  
Blogger xavier said...

A Associação Nacional de Farmácias (ANF) está a ser investigada pela Autoridade da Concorrência, devido à existência de suspeitas da prática do crime de cartelização. A investigação, segundo o Correio da Manhã, foi motivada por delcarações do presidente da ANF, João Cordeiro, sobre o aumento de preços nas farmácias à noite.
JP

11:14 da manhã  

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