sexta-feira, outubro 14

Financiamento dos hospitais

H. São João


Pedro Pitta Barros, numa comunicação sobre o financiamento dos hospitais portugueses, proferida no primeiro Congresso de Farmacoeconomia, considerou que as dívidas aos fornecedores constituem uma fórmula criada pelas administrações dos hospitais do SNS para contornarem o subfinanciamento crónico da Saúde.
O processo consiste em deixar acumular as dívidas a fornecedores até o governo, pressionado pelas associações das empresas credoras, aprovar o orçamento rectificativo destinado a prover a sua liquidação. O pagamento das dívidas em atraso através de orçamentos rectificativos constitui um elemento fortemente desmotivador de uma gestão eficiente, uma vez que premeia as administrações dos hospitais que fazem mais dívidas.
Pitta Barros estima que o atraso nos pagamentos dos hospitais públicos aos fornecedores de medicamentos custa ao Estado entre 15 a 50 milhões de euros.
A despesa hospitalar com a aquisição de medicamentos tem crescido cerca de 18% nos últimos anos. Correia de Campos quer limitar este crescimento através do estabelecimento de um acordo com a Apifarma e da limitação de introdução de novos medicamentos nos hospitais(link)
Segundo Pitta Barros a inovação tecnológica e as novas descobertas, deitarão por terra este objectivo do ministro, pressionando de forma contínua o crescimento da despesa com medicamentos dos hospitais.

3 Comments:

Blogger tonitosa said...

Falta ainda um factor que há-de continuar a contribuir para o aumento das despesas com a Saúde: o envelhecimento da população. Na verdade, o prolongamento da vida deve-se em muito aos progressos da medicina e os idosos tendem a ser cada vez mais consumidores de medicamentos e de cuidados de saúde. Como a prevenção e o tratamento dos doentes deve ser, TEM QUE SER, o principal objectivo do SNS não poderá CC limitar os actos médicos nem condicionar a prescrição. E não vemos como defender mais e melhor saúde e ao mesmo tempo tentar impedir a introdução de novos fármacos (por princípio mais eficazes que os anteriores) e novas técnicas terapêuticas (por princípio com custos mais elevados). Mas CC, tanto quanto defende nos seus "escritos", sabe bem que as despesas com a saúde não podem ser avaliadas pelos valores despendidos mas têm que ser equacionadas com os benefícios que proporcionam em termos de bem-estar social e mesmo de contribuição para o crescimento da riqueza permitindo, por exemplo, reduzir os períodos de inactividade dos doentes.
Coisa bem diferente é o desperdício. E este factor tem um peso que se pressupõe elevado mas de difícil avaliação. Sobretudo no estado da arte dos sistemas de informação do SNS.

11:37 da manhã  
Blogger Vladimiro Jorge Silva said...

Que tal adoptar-se a solução australiana, em que médicos e farmacêuticos recebiam benefícios financeiros pessoais em função das poupanças que conseguissem?

11:49 da manhã  
Blogger tonitosa said...

Concordo que os dois últimos anos de vida podem ser os mais despendiosos mas é toda a vida que conta para os custos de saúde de qualquer cidadão e o que observamos é que qualquer cidadão quando entra na chamada terceira idade tende a ser maior consumidor de recursos de saúde. Vamos aos Centros de Saúde e facilmente observamos o maior peso de "idosos" nas consultas. E são estes que têm visitas frequentes e programadas aos seus médicos de família. Ora são os diabetes, ora a tensão arterial, ora a artrite e as artroses, etc., etc.. E quando adoessem e são internados, o tempo médio de internamento tende a ser tanto maior quanto mais avançada é a idade.
E os avanços tecnológicos aí estão, felizmente, para prolongar a vida das pessoas.

12:58 da tarde  

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