quarta-feira, dezembro 7

Guerra ANF x CC

Têm a palavra os Farmacêuticos:
Não me parece mal a remuneração por acto farmacêutico.
A Farmácia deve ser cada vez mais um espaço de prestação de serviços de saúde e cada vez menos um comércio (um retalho, como diz CC).

O que nós Farmacêuticos queremos é respeito pela profissão e estabilidade.
Por vezes somos tratados como vilões, como mercenários, por gente que desconhece completamente o exercício da profissão. Por vezes esquecem-se que como quaisquer outros profissionais temos uma vida com investimentos, com projectos de melhoria, com risco e com responsabilidades.

Os ziguezagues na política do medicamento não são bons para nós e, sobretudo, não são bons para os doentes.
Definam-se as regras do jogo, de uma vez, e permita-se, a quem quiser, planear e executar.
Nós - permita-me a imodéstia - somos bons, temos jovens excelentes, do melhor que há entre os quadros Portugueses, e não temos medo do futuro, apenas da inconstância do presente.
Mário de Sá Peliteiro

6 Comments:

Blogger tambemquero said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

12:50 da tarde  
Blogger tambemquero said...

Pagar menos pelos medicamentos.

Não faz sentido o pagamento às Farmácias ser efectuado em função valor da embalagem.
Por outro lado, o lucro das farmácias não se limita às margens oficiais.
Há ainda os acordos com as distribuídoras em que estas fazem os mais incriveis descontos de exclusividade e quantidade.
Lesando o fisco e sobretudo o utente, uma vez que, este procedimento faz com que haja nas farmácias genéricos de uma marca e falhas de outra que eu, por acaso,na altura, por indicação do médico, andava a tomar.

Qualidade do atendimento não é só balcões bonitinhos e luzes indirectas.
Já repararam que geralmente a zona de atendimento dos cosméticos e perfumaria é mais ampla e atraente do que a do atendimento dos remédios do pessoal da caixa.
É a discriminação positiva do "cliente" face ao "utente", comparticipado pelo estado (vulgo caixa).
Enfim, cada um tem o que merece e a perspectiva que lhe interessa.

Mas afinal há ou não há monopólio das farmácias em Portugal ?

É evidente que há.

Em prejuízo dos utentes, essencialmente.
Mas também do Estado (contribuintes) e dos próprios profissionais que saídos das universidades apenas lhe resta aceitar um lugarzinho de assalariados no mercado dominado por uns tantos (poucos) que mamam tudo e não deixam nada (ou muito pouco).

E, os monopólios combatem-se.
É o que está a fazer CC.
Acertadamente ?
Nem sempre.
Mas está a actuar, de uma forma geral, com acerto.
Liberalização do mercado, mas devagarinho, não caindo na esparrela de liberalizar de uma assentada o direito ao estabelecimento de farmácias.

O negócio das Farmácias tem sido, até à data, um grande manjar, uma orgia de lucros partilhados pela ANF e os proprietários das Farmácias.

É natural que se sintam satisfeitos.

Mas o tempos mudam.
E estão a mudar.
Os contribuintes, os utentes e a maioria dos profissionais que estão de fora deste complôt querem uma ordem diferente.
Querem mudança para uma repartição mais equitativa deste mega negócio.
Qualidade para os utentes.
Menos gastos para os contribuintes.
Acessibilidade para os profissionais de farmácia.

É esta mudança que o ministro da saúde, António Correia de Campos, está a promover com coragem e sensatez depois de anos e anos de intocabilidade nos lóbis da área do medicamento, com a conivência dos políticos, das instituições e de muitos profissionais do sector.

1:07 da tarde  
Blogger tambemquero said...

Os meus parabéns ao Mário Sá Peliteiro pelo seu post. Principalmente pelo último parágrafo.

São esses jovens inteligêntes e preparados que merecem melhor sorte.
Melhor sorte do que a lhes oferece presentemente a ANF.

1:14 da tarde  
Blogger Peliteiro said...

Xavier, obrigado pela referência.
Guidobaldo, o acto farmacêutico está definido em dl.
Um abraço para todos.

9:52 da tarde  
Blogger Vladimiro Jorge Silva said...

Excelente texto do meu amigo Peliteiro. Há alguns aspectos que eu gostaria de esclarecer aos comentadores:
Ao tambémquero:
- É verdade que a margem das farmácias na prática é superior aos 19,85%. No entanto, os acordos com as distribuidoras e laboratórios são feitos às claras e as farmácias são tributadas por isso. Aliás, basta perguntar às finanças qual a margem de lucro que os seus inspectores pressupõem quando "visitam" farmácias ou consultar o histórico dos exercícios fiscais anteriores. É que, ao contrário do que CC e outros intoxicadores de opiniões tentam fazer passar, as farmácias são dos sectores que mais e melhor paga os seus impostos;
- Em relação à zona de atendimento conter produtos de dermocosmética: caso não saiba, a publicidade a medicamentos é fortemente limitada por lei e é desaconselhada pelas Boas Práticas de Farmácias. As farmácias que funcionam melhor e com ética evitam expôr medicamentos (mesmo os MNSRM). Aliás, que outro motivo haveria para que a esmagadora maioria das farmácias desse honras de destaque comercial a produtos que representam no máximo 1 ou 2% da sua facturação?
- Quanto ao futuro dos novos profissionais, e tal como diz o Peliteiro, a liberalização é o seu principal problema... pelo menos para os que não se contentam em trabalhar para os mega-retalhistas (adoptando a linguagem-CC). Aliás, basta ir a uma qualquer Faculdade de Farmácia e perguntar aos alunos o que pensam do assunto...
Para o guidobaldo:
- Comentários como o seu (sobre o acto farmacêutico) mostram bem a eficácia da política suja de CC e Sócrates. Tal como já sucedeu com outras classes profissionais (juízes, professores, funcionários públicos em geral), o governo antes de legislar começa por tratar da destruição moral dos corpos profissionais, tomando a parte pelo todo e generalizando os maus exemplos. Aliás, é curioso verificar como o projecto da Central de Informação de Santana Lopes foi finalmente aplicado, e sem levantar ondas. Já se percebeu que as próximas vítimas serão os médicos e nessa altura talvez as coisas não corram tão bem ao governo... De qualquer modo, a definição do Acto Farmacêutico só peca pela sua simplicidade. E a Farmacoterapia é apenas uma pequena área do conhecimento técnico farmacêutico.

8:52 da manhã  
Blogger Peliteiro said...

Dois apontamentos finais:

1- Este blogue, ao contrário da maior parte, tem participantes esclarecidos, que sabem do que estão a falar. Por exemplo o Guidobaldo; surpreendeu-me, pensei que fosse mais um treteiro, mas percebo agora que não. Dá gosto trocar opiniões com quem conhece o tema - concorde-se ou não. Uma boa e longa conversa entre pessoas bem intencionadas e conhecedoras não daria opiniões tão diversas como às vezes transparece em comentários telegráficos.

2- Eu não represento ninguém, falo em nome próprio e identifico-me inequivocamente. Sou Farmaceutico mas já não proprietário de Farmácia (vendi-a quando pressenti o "circo" que se avizinhava). Defendo o que julgo melhor para o país, para os doentes e para a classe - embora em termos pessoais fosse até melhor a liberalização total (tenho algumas vantagens competitivas para sobreviver num cenário de puro mercado).

É um prazer participar no Saúde SA; um abraço para todos.

PS- Vladimiro Jorge é um dos jovens talentos Farmacêuticos de que falava.

1:35 da tarde  

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