sábado, dezembro 10

Substituição dos Gestores de LFP

É uma questão de sanidade política, de coerência e de responsabilização política .
Discordo completamente do actual sistema de nomeação dos gestores hospitalares, como aqui tenho bastas vezes reafirmado: a nomeação por livre escolha e com base na confiança política (que nem sempre partidária, devendo sê-lo como a seguir justifico). A experiência nas Empresas Públicas tem sido desastrosa quanto a tal sistema e os malefícios do que tem sido o sistema de nomeação dos gestores públicos naquela base está já a inquinar toda a gestão nos hospitais. A situação que recentemente foi noticiada a propósito da CP (mais gestores do que geridos, mais generais do que soldados) está a ocorrer em alguns HH SA. Conheço serviços com dois e três subordinados e 4 «generais». Todos em situação de prateleira «dourada». Mas a manter-se o actual sistema, como parece ser o caso (CC não teve a coragem suficiente para se assumir como republicano e socialista e de cumprir a palavra que propagou durante a campanha eleitoral), sou completamente favorável a que se verifique aqui o sistema (americano) de espólio, puro e duro.
O partido que ganha tem o direito/dever (direito potestativo) de nomear os seus gestores.
O Governo tem não só o direito como deve exigir-se-lhe esse dever, de nomear apenas gente da sua cor política.
Para quê?
Para mostrar que tem gente competente, se não tem que os forme. Para haver directa e completa responsabilização política do Governo, do partido do Governo e do Ministro pelas nomeações que são feitas. Responsáveis políticos serão então todos: o Governo, o Partido, o Ministro. Que deixem de se esconder uns atrás dos outros, como é típico neste país.
Quer saber o que se passou, aquando das reconduções inesperadas dos gestores de LFP?
Pois bem, os elementos da Distrital do PS (Francisco Assis incluído) garantiram que foram apanhados de surpresa, que (o próprio Ministro o teria dito) tinha havido precipitação, que a situação iria ser resolvida dentro em breve (presume-se que agora, aquando da passagem de HH SA a HH EPE. Veremos!), que ele próprio (Ministro) não sabia de nada, porque isso era da responsabilidade do Secretário de Estado (teria sido dito a um Deputado do Porto que o interpelou sobre esse assunto aquando da sessão de apresentação da candidatura de Strecht Monteiro, na Feira). Outras fontes do PS começaram a dizer que a culpa era de Cármen Pignatelli (independente) e não de Franscisco Ramos. Outros ainda diziam que Correia de Campos é um S de direita, como tal as reconduções explicar-se-iam por isso. Ou seja, ninguém quer assumir a responsabilidade pelas reconduções, o que é dizer que não há responsáveis políticos. É contra isto que me bato. Que haja coragem então de assumir políticamente os actos. Daí eu dizer que a eventual recondução dos gestores de LF será a pedra de toque da política de saúde de CC. Não tenho dúvidas quanto a isso. CC tem aqui a sua última oportunidade para dizer sem tibiezas o que quer.
A manutenção dos gestores de LFP é um acto político relevante. Daqui para a frente não irá haver desculpas políticas, nem da parte do PS, nem da parte do Ministério. Em política o que parece é, repito-me! A minha insistência neste assunto prende-se apenas com o facto de não gostar deste tipo de tibiezas, deste tipo de hipocrisias, com o facto de saber o que se passa e sentir que CC não sabe, de pensar que, por esta modesta via, CC deixa de ter desculpa para dizer que não sabia. Move-me ainda o facto de ter votado no PS, de ter criado expectativas políticas até agora completamente defraudadas, de me sentir traído quanto à moralização que esperava da gestão hospitalar e quanto ao papel nela dos AH (como aliás CC prometeu por diversas vezes em campanha).
Em suma, sinto-me imensamente revoltado. Mas basta de bater no ceguinho ! Depois de 31 de Dezembro, sobre este assunto, calo-me.
Ficarei então com o que me parece.
vivóporto

4 Comments:

Blogger tonitosa said...

Sobre este assunto não tenho mais a dizer do que o que consta do meu comentário anterior, como segue:


Estou perplexo! Estou pura e simplesmente perplexo!
Como é possível que uma pessoa como o Vivóporto, que tem feito comentários de elevado nível técnico, insista e da forma como agora o faz, na primazia (exclusividade) das razões políticas para a nomeação dos gestores dos HH EPE's. Sou dos que entendem que os altos dirigentes devem ser escolhidos pelas suas competências e adequado perfil para os cargos a desempenhar. E se houver erro na escolha, os selecionados devem ser demitidos logo no final do primeiro exercício do mandato (ou mesmo antes), com clareza e transparência quanto às razões da exoneração. E não me venham com a história dos concursos para escolha desses dirigentes. A não ser que os vencedores desses concuros adquiram direito definitivo à categoria (que não ao lugar). Era assim antes do 25 de Abril (e foi durante algum tempo) sendo Director Geral, por exemplo, um lugar de carreira. E em tal hipótese os concursos deveriam ser baseados em provas públicas de conhecimentos e discussão dos perfis dos candidatos perante um Júri acima de toda a suspeita (o que não seria fácil, reconheça-se).Na verdade os concursos não são isentos de suspeita. O resultado final, como no futebol, pode ser desde logo influenciado pela escolha do "árbitro" e depois, em campo, pela equipa de arbitragem. E se as regras do jogo não forem totalmente definidas no acto de abertura do concurso, pior ainda! Deixemo-nos de lirismos. Os altos cargos da Administração devem ser de escolha do membro do Governo com a tutela do Organismo. E não me venha, Vovóporto, com a defesa dos "jobs for the boys". Desculpe que lhe diga: não lhe fica bem e descridibiliza-o. Já imaginou o seu discurso na defesa da situação inversa? Um governo PSD, CDS ou PCP (porque não) com o Vivóporto a levar uma "grande corrida" só por ser do PS (sem ofensa pois não sei se o é...mas parece)?!
Que se possa defender a opção por AH's eu ainda compreendo, atendendo à sua formação específica. No entanto já aqui o disse: os AH's não têm o exclusivo do saber em matéria de gestão hospitalar e conheço alguns que são manisfestamente incompetentes para dirigentes.
A defesa do saneamento político, pelo Vivóporto, é manisfestamente sectária e é bom recordar que o período do Gonçalvismo e do MFA já passou.
Como muitas vezes o tenho escrito acho que a condução da nossa política de saúde não tem percorrido, com CC, o melhor caminho e o que espero é que CC tenha presentes, nas escolhas que vier a fazer, as provas dadas (para bem e para o mal) dos gestores em exercício.

2:50 da tarde  
Blogger tonitosa said...

Oh Xavier,
Qual é a sua opinião sobre a eventual substituição de gestores já nomeados por CC, pelo menos para doze (creio que foram 12) HH SA's. Deverão também ser substituídos?

2:59 da tarde  
Blogger xavier said...

tonitosa:

Em condições normais, não.

Mas as coisas não são o que parecem.

Casos como o referido no comentário do pedro:
Escola de Enfermagem do Porto 1 x IPO do Porto 0
«Governo trava abertura da linha de metro até ao São João».

E outros que nós conhecemos (contração abusiva de familiares, negociatas, protecção a indivíduos envolvidos em processos disciplinares e criminais e não só ...) mas não podemos aqui revelar para não prejudicar os AH que trabalham nesses HH, leva-me a concluir que sim.
CC deve aproveitar esta oportunidade para começar tudo de novo.
Limpar.
Tentar renovar as equipas de gestão que acompanham o nascimento dos novos HH.
Um abraço

3:46 da tarde  
Blogger tonitosa said...

Ok, Xavier. De acordo.
Podemos então concluir que só os gestores do tempo de LFP são, por inerência, incompetentes, mesmo os que sejam AH?!
Se a substituição for feita por escolha centrada na "filiação" partidária, então deve ser expressamente esclarecida o que implica, no entanto, um comportamento do tipo "pidesco" com alguém a "denunciar" que A ou B é militante deste ou daquele partido. E que fazer, neste caso aos "CINZENTÕES"?

1:06 da manhã  

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