sexta-feira, janeiro 13

Formação de Quadros da AP


O problema não é o INA ter o exclusivo de formar os quadros superiores do Estado, em Alta Direcção. O problema é o Estado não cumprir a obrigação de nomear para esses lugares os quadros com a formação exigida, neste caso a ministrada pelo INA, nomeando ao invés, por motivos politico-partidários, pessoal sem essa habilitação.
O que se pretende fazer com o INA é exactamente o mesmo que se pretendeu fazer com a ENSP e a carreira de AH: formar quadros dentro da própria Administração Pública, para fazer gerir determinado tipo de organização de interesse público. E porque o INA enquadra-se dentro da Administração Pública, não sendo uma universidade ou politécnico, adequa-se a essa função.
Por outro lado, um mestrado ou doutoramento não são certificados de habilitação para o exercício de cargos, muito menos de direcção na Administração Pública. Confunde, em meu entender, habilitações académicas com formação e habilitações profissionais. Um dirigente deve saber o que dirige e para quê, detendo conhecimentos teóricos e práticos aprofundados sobre a sua área de actuação, para além das suas habilitações académicas.
As semelhanças entre a génese da Administração Hospitalar e a nova lei de pessoal dirigente são elevadas. Os AH são licenciados, que obtendo uma formação específica na ENSP ficam habilitados ao exercício de funções de gestão nos HH. O problema destes tem sido a politização dos HH e da Saúde e a necessidade que os políticos têm de arranjar tacho para os amigos. O mesmo problema se coloca nos cargos de Alta Direcção do Estado.
O facto de actualmente o INA ministrar um curso rápido para dirigentes, prende-se com a necessidade de manter em funções os actuais dirigentes, até existir um campo de recrutamento suficiente entre profissionais habilitados com o curso de Alta Direcção, sendo por isso uma fase transitória. O objectivo é nobre, visando dotar o Estado de dirigentes habilitados e, de certa maneira, garantir que as nomeações, apesar de serem sempre politicas, incidirem em pessoal com uma habilitação adequada. Vamos é ver se pega. Com os AH é o que se tem visto.
xico

7 Comments:

Blogger tonitosa said...

Oh...Oh...Xavier, com que então

Será que os argumentos certeiros do SemMisericórdia arrumaram de vez com o tonitosa?

Cá estou eu na minha missão de acicatamento.

Eu reconheço nas posições do SemMisericordia que le não tem Misericórdia por mim! Mas julgo e le já disse que ele sabe que está perante um "adversário" (salvo seja) respeitador das regras de jogo.
E acho que ainda não foi desta que me arrumou. É só uma questão de tempo (confesso que só hoje vi esta sua "pequena ou grande(?) provocação).
Mas estou confiante, sobretudo porque acredito que o amigo Joaopedro não tardará em vir em meu auxílio, se outros o não fizerem.
Sabe, tenho estado muito ocupado com os relatórios sobre os SA's!
Um abraço

4:20 da tarde  
Blogger tonitosa said...

No meu comentário digo que "temos defacto hoje um conjunto de Instituições Universitárias que "tutelam" ou realizam cursos especializados a nível de pós-graduação, mestrado e doutoramento, nesta área de Administração Pública".
Não me conseguiram explicar, os caros colegas Xivo e Vivóporto em que difere o curso de Alta Direcção do INA dos cursos ministrados na UCP, na AESE, no INDEG, etc., cujo objectivo visa exactamente formar dirigentes (gestores) para a Administração Pública. E no que se refere à área da Saúde, como sabemos, alguns desses cursos até são reservados exclusivamente a licenciados em medicina.
Compreendo a defesa dos cursos do INA por razões de coerência com a defesa do curso da ENSP, mas também aqui entendo ser errada a "protecção" que se pretende ver atribuída, à semelhança do que acontece com os AH's da ENSP.
Imaginemos que, sendo as Universidades Públicas, tal como o INA, instituições "enquadradas na Administração Pública" o governo fazia aprovar legislação que excluía os formados nas Universidades privadas do acesso a cargos públicos, reservando-os a licenciados nas Universidades Públicas. Quantos licenciados ficariam impossibilitados de entrar para os Serviços do Estado?
E mais ainda, uma tal medida seria imediatamnete julgada inconstitucional até em defesa da concorrência entre estabelecimentos de ensino.
Caros colegas, reparem bem nas áreas de competência da dita formação profissional ministrada no INA. Acham que estamos efectivamente a falar de cursos diferentes para melhor das licenciaturas ministradas em escolas como a Universidade do Minho onde há muitos anos existe uma licenciatura especializada na área de Adminsitração Pública?
Imaginemos licenciaturas que nada têm a ver com Administração e Gestão, cujos titulares frequentam o curos de AD do INA. Ficam esses "pós-graduados" mais habilitados a desempenhar funções de Alta Direcção na AP do que licenciados em Adminsitração Pública que durante quatro ou cinco anos fizeram n disciplinas do correspondente curriculo? E que dizer se para além disso fizerem o seu Mestrado ou Doutoramento? E se forem investigadores nos domínios das ciências da Administração/Gestão?
A minha análise é apenas uma questão de simples raciocínio e liberta de preconceitos.
Eu, ao contrário de outros, não defendo a exclusividade. Não sou (e desafio a provarem-me o contrário) contra os cursos de especialização, formação profissional ou outra sejam do INA, sejam da ENSP. O que sou é contra o "tratamento de privilégio" que o Estado concede a tais cursos que em meu entender permite acusar o Estado de não tratar com isenção os seus "súbditos".
O Estado deve ser o primeiro defensor da igualdade de oportunidades e não cumpre, nestes casos, o seu papel.
Parece-me que não colhe a distinção entre mestrados e doutoramentos (não sei se deixou propositadamente fora as pós-graduações) e os cursos do INA para justificar a "vocação" para as funções dirigentes.
Na verdade, e em minha opinião, o que se não deve confundir são cursos de formação profissional com habilitação para o exercício de funções dirigentes. Mais uma vez o digo: tais cursos (de formação profissional, se assim se quiserem chamar) devem ser tidos em conta na apreciação de potenciais gestores/dirigentes mas não devem conceder o exclusivo para a ocupação do cargo.
Eu não duvido das competências de D'Estaing, Jospin ou Jupé, (mas não faltará quem duvide!) tal como não duvido da competência de muitos outros líderes europeus e mundiais que nunca passaram por escolas de Administração Pública. Miterrand também foi enarca? e Blair? E Gonzalez? E os dirigentes Irlandeses que fizeram do seu país um dos mais desenvolvidos da UE?
As coisas mudaram muito...e os desafios são outros.
Caro Xico, como me parece estar a par dos cursos dados aos actuais dirigentes em funções, penso que sabe que ficam habilitados a ocupar cargos de dirigentes em qualquer outra situação (ficam titulares do dito curso de Alta Direcção...ou será baixa direcção?!)
PS.: frequentei mais do que um curso do INA e sei bem qual o mérito dos mesmos; há bons e menos bons e acima de tudo há pessoas a ganhar dinheiro com a formação. E afinal muitos dos formadores (professores do INA) são os mesmos que dão aulas em tudo semelhantes (até os power-point são os mesmos) às dadas noutras escolas.

4:28 da tarde  
Blogger tonitosa said...

Na veradde somos um país onde falta quase tudo. Faltam quadros técnicos, faltam novas tecnologias, falta motivação, falta responsabilização política, falta iniciativa e qualquer dia até chegamos à situação de sermos um país onde FALTA UM PAÍS!
Veja-se o que hoje também é notícia:

UE: PIB de Portugal foi único a cair no 3ºT de 2005

A economia portuguesa foi a única que registou contracção no terceiro trimestre (3ºT) de 2005, segundo dados divulgados esta sexta-feira pelo Eurostat.

E cá vamos fazendo sacrifícios e mais sacrifícios sem que deles sintamos qualquer melhoria da situação do País.
Como um dia disse o Padre Melícias: apetece-me emigrar.
Ele, certamente, desta vez vai cumprir a promessa!

4:35 da tarde  
Blogger tonitosa said...

A avaliar pelo penúltimo parágrafo do comentário do Xico, deduzo que o mesmo foi escrito antes de se conhecer o relatório da Comissão "Miguel Gouveia"!
Ainda em relação a este assunto imaginemos um licenciado em zootecnia (sem menosprezo pelo curso) e que vai fazer o tal curso do INA. Ficará ele habilitado a exercer funções de Alta Direcção na Administração Pública em condições mais vantajosas que um licenciado em Administração Pública num curso com 5 anos de duração, 48 cadeiras e um ano de estágio ou seminário?
E admitamos ainda que aquele licenciado em AP faz na mesma Universidade um Metrado também em Administração Pública (estou a tomar como referência a Univ. do Minho). Continuará em desvantagem quanto a nível de conhecimentos para desempenhar aquelas funções, em relação ao nosso engenheiro Zootécnico pós-graduado?
Sobre esta matéria dou aqui por terminada a minha intervenção no blog. Que cada um fique com a sua verdade. Eu fico com a minha.
E não prossigo, nem pretendo prosseguir, interesses próprios nem defesa de Classe.

8:05 da tarde  
Blogger tonitosa said...

Xavier,
Certamente quando muitos estarão em merecido descanso, cá estou eu a "bombar".
Acabo de postar um comentário respondendo ao seu acicatamento (veja lá, não acicate muito)no post "Papel do Estado".
Possivelmente vai "gostar"(?)Arrumei com o SemMisericordia!...
Um abraço aos dois.

1:14 da manhã  
Blogger tonitosa said...

Xico,
Na verdade você tem razão: eu já expressei a minha opinião de que equipas mistas trarão vantagens à gestão.
Obviamente nem excluo a hipótese de um Zootécnico ser Dirigente (alto) na AP. E até, em áreas diferentes da sua formação de base.
O que não entendo é que ele (e referi este como poderia ter referido filosofia, história, ou outro) pelo facto de ter um "curso INA" possa ter acesso a funções dirigentes na AP e o licenciado/mestre em Administração Pública o não tenha.
Repare que não me refiro a outros aspectos curriculares que possam influir na selecção. Refiro-me apenas à formação académica. Até porque como sabe, o curso do INA, não prepara melhor que o das Universidades. Os professores/formadores até são muitas vezes os mesmos (que vão ao INA acumular mais umas centenas/milhares de euros).
E o acesso a esse curso não pressupõe X anos de experiência profissional podendo nele ingressar um "recém licenciado (o que também reforça a minha tese).
Imaginemos dois funcionários públicos, com o mesmo curso mas em que um tira o curso do INA e outro tira um curso na AESE (reconhecidamente prestigiada). O primeiro pode ser nomeado director de serviços; o segundo nem pensar!
Não será isto discriminação à luz da Constituição?
Deixe-me perguntar-lhe: acha que sou tonto ao ponto de dizer ou pensar que para ser gestor nos Hospitais não é preciso saber nada do que se está a gerir?!
Para gerir hospitais é preciso saber de "gestão" e isso só por si sginificará saber alguma coisa (talvez muito) do que se está a gerir: pessoas, em primeiro lugar, recursos materiais a seguir e todos os gestores (pressupõe-se, tem ao menos a noção de que a saúde é um bem precioso e que não é algo que se compre numa bomba de gasolina). E saberão também que "com a saúde não se brinca"!
Xico, acha que o licenciado e mestre (ou doutor) não investiu na sua formação? Não acredito que seja isso que pretendeu dizer!
Eu não defendo que só o licenciado em AP devem aceder a lugares de direcção. Em primeiro lugar a licenciatura em AP foi por mim utilizada como mero exemplo de um curso vocacionado para funções na Administração Pública; em segundo lugar o que eu estou é exactamente contra a situação criada de só os INA's terem acesso a dirigentes na AP. E pelas razões que explicitei agora e noutras intervenções.
Faço-me entender?

1:50 da manhã  
Blogger tonitosa said...

Vivóporto,
Solidariedade inter-classista acima de tudo. Eu já o disse: os AH's, em coerência com o que reivindicam para si próprios, terão muitas dificuldades em concordar com a minha posição nesta matéria.
Eu estou mais solto, mais livre, para dizer o que penso.
Não deixo de admitir que na vossa posição teria as mesmas dificuldades. E até me surpreende que o Xico não tenha mais apoios expressos.

1:59 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home