Morte aos SA, Vivam os SA
Como de costume, 08.00 am, combóio em Paço d´Arcos. No trajecto em direcção ao Cais do Sodré, uma lida dos gratuitos. No Destak, em parangonas: «HOSPITAIS SA GARANTEM MELHOR ATENDIMENTO». Em letra miúda: «Estudo conclui que, em relação aos hospitais de gestão pública, as unidades de gestão empresarial oferecem menos tempo de espera, mais eficiência, mais qualidade, mais rapidez e registam menos mortes do que o esperado.»
Ena pai, tanta fruta ! Está aqui a salvação do nosso Sistema de Saúde, exclamei com os meus botões.
Ontem, fugazmente, vi nos jornais da noite as imagens da sessão de apresentação do estudo do professor Miguel Gouveia, com a troika do MS (CC, FR e CP) a assistir. Tudo muito cool...
Ena pai, tanta fruta ! Está aqui a salvação do nosso Sistema de Saúde, exclamei com os meus botões.
Ontem, fugazmente, vi nos jornais da noite as imagens da sessão de apresentação do estudo do professor Miguel Gouveia, com a troika do MS (CC, FR e CP) a assistir. Tudo muito cool...
CP, abandonou os tons vermelhos, apresentando-se, pareceu-me, toda de branco. Voltará aos rubros logo que tiver de reunir com os sindicatos médicos.
Sobre os SA, longe vão os tempos em que eram apontados como o mal de todas as ineficiências do sistema, o inimigo público n.º 1 a abater.
Agora, os SA, depois de mortos, são os MAIÓRES !
Que aconteceu aos dados aldrabados ? À selecção adversa ? À desnatação ? À qualidade rasca dos serviços ?
Após o estudo do professor, o passado mal afamado "deletado" , rebaptizados EPEs, 9% mais eficientes, indicadores assistenciais afinados, os HH SA, são, segundo FR » a revelação de que a aposta em novos métodos de gestão contribui para um melhor Serviço Nacional de Saúde e para uma mais eficiente resposta às necessidades do cidadão.»
Afinal, não seria este o terceiro segredo de Fátima?
Sobre os SA, longe vão os tempos em que eram apontados como o mal de todas as ineficiências do sistema, o inimigo público n.º 1 a abater.
Agora, os SA, depois de mortos, são os MAIÓRES !
Que aconteceu aos dados aldrabados ? À selecção adversa ? À desnatação ? À qualidade rasca dos serviços ?
Após o estudo do professor, o passado mal afamado "deletado" , rebaptizados EPEs, 9% mais eficientes, indicadores assistenciais afinados, os HH SA, são, segundo FR » a revelação de que a aposta em novos métodos de gestão contribui para um melhor Serviço Nacional de Saúde e para uma mais eficiente resposta às necessidades do cidadão.»
Afinal, não seria este o terceiro segredo de Fátima?
Etiquetas: fun stories
7 Comments:
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
O 2.º porta voz do Ministério da Saúde (Manuel Delgado (MD)- não confundir com o MD presidente da APAH em black out), comenta assim os resultados do estudo do professor Miguel Gouveia:
As conclusões da Comissão de Avaliação dos Hospitais SA não têm, nem de longe, nem de perto, a expressão de sucesso que o anterior ministro (Luís Filipe Pereira) punha quando falava na empresarialização. Reconheço a seriedade das conclusões do trabalho de Miguel Gouveia, mas vejo nele apenas uma vitória de 2-1 no prolongamento para os SA. À tangente.
Sou um grande defensor dos SA. A pequena vantagem do resultado dos SA foi que os custos globais cresceram mais porque produziram mais, o que também permitiu custos unitários mais baixos, mas pode ser explicado por uma coisa simples: o aumento do registo de actos e despesas.
A amostra de hospitais SPA não inclui uma única unidade com menos de dez anos, ao contrário do que acontece em 30% dos SA. "Ora, a estrutura física influencia significativamente os custos.
Os resultados reflectem sobretudo um dado positivo o facto de os SA terem beneficiado do empurrão para cima da Unidade de Missão que os coordenou. Estrutura cujos custos, aliás, deveriam ser incluídos nas contas dos SA.
Embora tarde, MD reconhece-se fã dos hospitais SA. Falta explicar o que fizeram aos dados aldrabados.
Cada cor seu paladar.
É o olá fresquinho, fruta ou chocolate.
É pró menino e prá menina.
Os estudos de avaliação dos hospitais SA faz-me lembrar a história que se conta sobre os pareceres encomendados ao professor Marcelo Rebelo de Sousa.
É quantos queiram, basta ter dinheiro para os pagar. Ou fazer crer que se está na disposição de os pagar.
O que é triste é ver os criticos de ontem a reajustar posições.
God save the queen.
Gestão SA falhou nos hospitais
A avaliação dos Hospitais SA dá nota negativa ao detectar falhas no seu funcionamento
O estudo ontem apresentado pela Comissão para a Avaliação dos Hospitais SA (Sociedade Anónima) é arrasador. Aponta falhas várias, que passam pela atribuição de subsídios aos hospitais menos eficientes, que se tornaram ainda mais ineficientes por problemas no modelo de financiamento e de gestão e ainda erros graves nas políticas de recursos humanos.
Apesar das falhas, o estudo revela alguma eficácia, o que vem ao arrepio de outro relatório, divulgado em Novembro de 2005, pela Direcção-Geral da Saúde, que já se demarcou do mesmo, justificando que não era uma posição oficial. Contudo, concluía que os hospitais com gestão empresarial são menos eficientes do que os que mantiveram o estatuto público.
Todavia, as conclusões da avaliação ontem apresentada pela comissão, liderada pelo economista Miguel Gouveia, revela uma melhoria pouco significativa de eficácia. Entre os pontos considerados positivos está a redução em cinco por cento da mortalidade em ambiente hospitalar.
A comissão analisou nos últimos oito meses os 31 hospitais com gestão empresarial, comparando-os com as outras unidades de saúde públicas.
CONTRATAÇÕES
Miguel Gouveia não tem dúvidas da má aplicação de subsídios nos serviços contratados: “Houve uma atribuição de subsídios aos hospitais menos eficientes para promover a convergência dos níveis de eficiência, mas o resultado foi o contrário”. E sublinha a suspeita de que estes incentivos foram perversos: “Pagando mais aos ineficientes obteve-se mais ineficiência.”
Ao CM Miguel Gouveia explica que, com a atribuição de mais verbas, “eram esperados resultados de maior eficiência quanto a números de internamento hospitalar e de Urgências, o que não se veio a verificar”.
O modelo de financiamento, de contratação e de gestão também apresentou falhas, designadamente de coordenação e definição de áreas de intervenção entre os hospitais, as Administrações Regionais de Saúde e o IGIF – Instituto de Gestão Informática e Financeira da Saúde.
O estudo conclui ainda que há “divergência na evolução dos custos e produção dos hospitais SA. São apontadas falhas nas políticas pensadas para recuperar os menos eficientes.
Constata que há pouca sensibilidade para a efectiva redução de consumos e que existem limitações na gestão da tesouraria devidas ao receio de atraso das transferências de verbas do IGIF e às dívidas no sector público.
As políticas de recursos humanos foram considerados, pela comissão, como “erros graves”. Miguel Gouveia, explica porquê: “Foram anunciados incentivos, mas houve um recuo, o que gerou um sentimento de frustração evidente nos quadros dos hospitais”.
Correio da Manhã, 12.01.06
Afinal em que ficamos !
Sejamos honestos! Se o estudo de MG fosse desfavorável à gestão dos HH SA's não faltariam vozes concordantes com as suas conclusões. Mas assim não aconteceu. Os resultados apresentados são manifestamente positivos e isso é para muitos "uma grande decepção". Foram feitos três estudos (dando de borla que o da DGS tenha esse nível face aos erros apontados, mesmo aqui no blog) e em qualquer deles não são confirmadas as falhas que muitos anunciaram antes de tempo.
Eu sei, tenho absoluta certeza, de que houve excelentes resultados em vários HH SA's; também não tenho dúvidas de que nem tudo correu bem. Não há modelos perfeitos e sobretudo "errar é humano". Mas no balanço geral o que se concluiu foi pelos resultados positivos da experiência.
O tempo foi curto, e até devemos admitir que não se podem considerar os resultados já alcançados como suficientemente consolidados para podermos ter a certeza de que o modelo deveria continuar. Mas entidades como a ENSP e a Comissão de Avaliação parecem coincidir na sua apreciação. E não creio que alguém possa, de boa-fé, por em causa a competência dos técnicos envolvidos. E muito menos quando os mesmos foram designados por CC, na sequência de críticas que ele próprio fez aos gestores SA e ao seu antecessor na pasta da Saúde.
Custa engolir "sapos vivos"!... Mas conformem-se os mais cépticos pois há coisas na vida bem piores.
Quanto á semelhança que terá feito MD (beando-me no blog) com o futebol, e de um modo geral a sua apreciação, considero ser própria de alguém "intelectualmente indigente".
Para os desiludidos deixo uma palavra: solidariedade.
O tonitosa já leu o estudo do MG ?
Tente lê-lo e depois falamos.
Nesta altura do campeonato toda a gente está interessada em puxar os aspectos positivos do relatório para cima. Mais do que se apresentação deste estudo ocorresse no tempo do LFP.
Os hospitais SA são de uma forma geral os que têm melhor estrutura.
Por outro lado, já vinham a registar melhorias assinaláveis da sua performance.
Até que ponto a passagem a SA funcionou como um catalisadoe desta melhoria é o que o estudo tem dificuldade em provar.
Aliás o estudo quanto a mim não traz nenhuma novidade.
A politização de trabalhos técnicos apenas gera, quanto a mim, desconfiança.
Ricardo,
Ler mais de 160 páginas requer algum tempo, sobretdu se queremos fazer uma leitura analítica.
Mas, atrevo.me a repetir:
... tenho absoluta certeza, de que houve excelentes resultados em vários HH SA's; também não tenho dúvidas de que nem tudo correu bem. Não há modelos perfeitos e sobretudo "errar é humano". Mas no balanço geral o que se concluiu foi pelos resultados positivos da experiência.
Fazer aquisições de material de consumo clínico a preços da ordem de 70 a 80 % dos que vinham sendo praticados (o mesmo material), introduzir maior rigor na gestão de stocks, maior controlo nos consumos, obter preços muito mais baixos no outsorcing, promover reuniões peródicas semanais, quinzenais e mensais com colaboradores a diveros níveis (motivação), etc., só podia conduzir a resultados positivos.
E também não tenho dúvidas de que muitos falaram antes do tempo, desconhecendo a realidade ou deturpando-a em função de interesses pessoais, políticos e (até) corporativos (vários). Tais críticos tiveram "azar" pelo facto de terem sido efectudos estes "estudos" que, na generalidade desmentem os seus prognósticos(?).
Agora, e certamente não por mero acaso, vem argumentar-se que os SA's já eram antes os melhor equipados, e de uma forma geral os que têm melhor estrutura; diz-se também que já vinham a registar melhorias assinaláveis da sua performance.
Se fizermos uma análise introspectiva talvez concluamos que este tipo de apreciação carece de coerência e "honestidade intelectual". Nem tudo vale quando defendemos os nosso pontos de vista.
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