quarta-feira, março 8

Co-pagamentos são Inconstitucionais


Vi, com estupefacção, CC na SIC Notícias, confrontado com a pergunta do inefável Mário Crespo sobre se, estando em causa a redacção de uma nova Constituição alteraria a regra da gratuitidade, esquivar-se afirmando que cada coisa tem o seu tempo.
Mais adiante, CC teve o desplante de afirmar que a actual CRP ao prever a "tendencial gratuitidade", abre as portas aos co-pagamentos dos cuidados de saúde.
Ora, tal afirmação não é minimamente correcta, uma vez que, a introdução da expressão "tendencial" teve por objectivo fazer passar a ideia junto dos utentes de que a Saúde, efectivamente, não é gratuita, comporta custos suportados pelos impostos dos cidadãos. Além dos impostos, como CC muito bem fez notar ao Mário Crespo, os portugueses já suportam, através de pagamentos directos, 30 a 40% dos custos totais da Saúde.
Correia de Campos, por conveniência, arroga-se o direito de fazer interpretações da Constituição consentâneas com os objectivos da sua acção política, passando com ligeireza por cima da vontade do legislador constitucional .
Por enquanto as taxas pagas pelos cidadãos servem apenas para moderar. Dentro em breve, quando as taxas engordarem transformando-se em efectivos co-pagamentos para financiar a Saúde, o espírito da Constituição saírá incólume segundo a interpretação de CC que mais lhe convém.
Ultimamente vamos de desilusão em desilusão.
Raven

4 Comments:

Blogger tonitosa said...

Raven...na mouche.
Eu diria mais: um serviço ou um bem tendencialmente gratuito...é aquele que tende para o preço zero.
Logo, a "tendência" para aumentar as taxas moderadoras é fazer com que a "saúde passe a ser tendencialmente paga".
E CC sabe bem que assim é. Para quê e por quê mentir aos cidadãos? Porque não falar a verdade e dizer que é contra a gratuitidade dos cuidados de saúde.

12:30 da manhã  
Blogger ricardo said...

Pois o problema é este.
No lugar do aperfeiçoamento do SNS, através da melhoria da eficiência e da qualidade, o objectivo prioritário da actual política de Saúde é a redução drástica das despesas públicas com a Saúde, para investir noutros sectores que melhor possam apoiar os nossos empresários que gostam de se resguardar dos riscos do mercado com a protecção do Estado.

9:50 da manhã  
Blogger saudepe said...

´´Epor isso que muitos preferem fazer já nesta legislatura a Revisão da Constituição.
Começa hoje com a tomada de posse de Aníbal Cavaco Silva um novo ciclo político.
Vamos ver o que vai calhar à Saúde.

10:00 da manhã  
Blogger helena said...

"Tememos que este seja o início da caminhada para que sejam os utentes a financiar o Serviço Nacional de Saúde, o que se configura inconstitucional" deputado social-democrata Fernando Negrão.
JP, 08.03.06

10:39 da manhã  

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