terça-feira, março 7

Reordenamento

Das Capacidades Hospitalares da Cidade de Lisboa – Plano de Acções Prioritárias

Após a leitura atenta do Plano de Acções Prioritárias no âmbito do processo de Reordenamento das Capacidades Hospitalares da Cidade de Lisboa não resistimos a fazer alguns comentários.

Todas as iniciativas relacionadas com o Planeamento são de aplaudir, principalmente na área da saúde que nos últimos anos tem sido alvo de várias críticas por ausência do mesmo. O planeamento é fundamental porque dele resulta a orientação estratégica para a oferta hospitalar para 5 a 10 anos, seja para o SNS ou para outros prestadores e organizações. Assim, é com agrado que nos confrontamos com este Plano. No entanto, não concordamos com a forma como o Planeamento está a ser levado a cabo, pelo excessivo centralismo e pelo timing.

No nosso ponto de vista, numa primeira fase deveria ter sido feita uma análise a nível nacional de modo a identificar áreas geográficas/ regiões de saúde prioritárias e respectiva sequência de intervenção. Numa segunda fase desenvolver-se-iam os planos de acção para cada área geográfica/ região de saúde específica. Ora o Sr. MS começou por identificar e publicitar as áreas da Grande Lisboa e grande Porto como prioritárias, mas só a primeira realmente teve esse tratamento.

Fazer um Plano isolado para a Cidade de Lisboa poderá ser contraproducente, principalmente quando se insere num conjunto de iniciativas que revelam um certo centralismo. Senão vejamos, na 1ª vaga das PPP 3 dos 4 hospitais vão-se localizar na região de Lisboa; na 2ª vaga das PPP 2 dos 6 hospitais previstos voltam a ser da região de Lisboa (de acordo com o Estudo de Avaliação de Prioridades de Investimento/ 2ª vaga de Hospitais) – 1ª vaga + 2ª vaga = 5 em 10. De notar que os dois Hospitais da 2ª vaga surgem no referido estudo muito bem classificados em termos de prioridade de investimento (1º e 3º lugar).
Daqui resulta uma profunda alteração da oferta para a cidade de Lisboa, impondo-se a necessidade de planear o reordenamento das capacidades hospitalares, onde se insere este Plano de Acções Prioritárias. Parece-nos também que no Plano de Acções Prioritárias deveria ser dado mais ênfase aos hospitais de Cascais, Vila Franca de Xira, Margem Sul do Tejo, Alentejo e Algarve, já que estes também influenciam as necessidades de cuidados de saúde da região de Lisboa. A análise dos hospitais especializados teria evitado que, depois do PAP publicado, o Sr. MS tenha trazido para primeira prioridade o IPOFG (venda mais construção, não se sabe do quê, onde ou quando).

Como forma de “não perder o Norte” reafirmamos a necessidade de um planeamento mais global que permita antecipar a evolução da procura e da oferta (do SNS e doutros prestadores) que lhe dará satisfação – lembramos, a propósito e com saudade, os excelentes trabalhos oportunamente desenvolvidos pelos peritos Dr. Baptista Pereira e Dr. Luís de Carvalho. No mínimo impunha-se que o plano para a cidade de Lisboa fosse o primeiro de vários que adviriam de um plano nacional, devidamente calendarizados e divulgados.

Em relação ao timing de elaboração do Plano de Acções Prioritárias este não é o mais adequado. Parece-nos que deveria ter sido feito antes da tomada de decisões relativas à construção dos hospitais em PPP’s (por exemplo: lançamento dos concursos para os hospitais de Loures, Cascais e Vila Franca de Xira, e a decisão de construção do Hospital de Todos-os-Santos). Desta forma, muitos dos inputs considerados agora no plano deveriam ser outputs do mesmo. Note-se que o reordenamento das capacidades já está condicionado pelo perfil assistencial dos hospitais com concurso já lançado. Do nosso ponto de vista o Plano acaba por existir porque é imprescindível dadas as circunstâncias.

Conclusão: embora nos agrade a nossa região estar agora como prioridade única temos que nos solidarizar com os colegas doutras regiões, do Vivóporto e do SemMisericórdia por ex., porque achamos que o “planeamento quando nasce deve ser para todos”.
Os Elmapena

2 Comments:

Blogger tonitosa said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

9:20 da manhã  
Blogger tonitosa said...

O País vai ficando cada vez mais macro-céfalo e por isso não seria inoportuno projectar-se a construção a breve prazo de uma nova Unidade no interior com uma forte componente científica e em condições de atrair doentes estrangeiros, à semelhança do que se verifica com, entre outros, conhecidos hospitais de Inglaterra e Espanha.
Assim seria possível aos nossos técnicos fazer formação e investigação e atrair a colaboração de credenciados "cientistas" nacionias e estrangeiros, ao mesmo tempo que se "valorizava o interior" do País.

9:22 da manhã  

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