sábado, março 18

Dilema de CC

Democracia Congelada:
Quanto a oposição, zero. Mas também, oposição a quê se, como diz Maria José Nogueira Pinto, a governação de José Sócrates “invadiu” a direita e actua em “cooperação estratégica” com Belém?
João Paulo Guerra, DE, 16.03.06
A não ser um outro deslize de um ministro que obrigue a explicações na Assembleia, tudo o resto é cinzento e desinteressante. Fazer oposição nos próximos três anos e meio será um tormento.
Judite Sousa, JN, 18.03.06

Chegou a hora das "forças económicas e financeiras que determinam as orientações e os programas dos governos" conseguirem, finalmente, fazer do sector da Saúde uma área privilegiada de proveitosos negócios. Para termos uma antevisão do futuro próximo, basta dar uma espreitadela para o que tem acontecido nos últimos anos com a compra de sistemas informáticos.

Daí o grande dramatismo da declaração proferida por CC, no I Seminário Nacional sobre Financiamento Hospitalar:
“Se não conseguirmos conter a despesa mantendo o nível de qualidade, será necessário encontrar outro modelo de financiamento. O orçamento para 2006 é possível de cumprir. É a última hipótese de demonstrar que o modelo é viável.”
Caso esta opção falhe será também a última oportunidade do ministro da saúde ?
Não temos dúvidas que o êxito do processo de privatização da Saúde é determinante para a continuidade do ministro. JS não hesitará em fazer a vontade às “forças económicas e financeiras”, caso este processo não se desenvolva a um ritmo satisfatório, substituindo CC por um qualquer médico ou político demagago que não tenha rebates de consciência em dar o golpe final no SNS, já que é para todos óbvio que a UE vai pedir mais cortes na despesa pública e, pela sua dimensão, a Saúde e Segurança Social não poderão ficar de fora.
CC será pois a última hipótese de salvação para o SNS, se não tiver optado já por ser o líder da comissão liquidatária, conforme a acusação da oposição no último debate parlamentar.
Porque o conhecemos o suficiente achamos que CC prefirá sair pelo seu pé.

4 Comments:

Blogger Clara said...

Gostei muito.
Se um dia CC pensar escrever a biografia pode contar com a ajuda do Xavier.
Um beijo

8:37 da tarde  
Blogger ricardo said...

O maior orçamento de sempre para a Saúde deve ter amarrado CC a vários compromissos.

10:29 da tarde  
Blogger tonitosa said...

Não pode haver desculpas.
CC tem os gestores da sua total confiança. Colocou nas ARS's, no SUCH, na DGS, na IGS, no IGIF, na ERS, nos Hospitais SPA's e EPE's, no Infarmed dirigentes da sua confiança e que se pressupõe serem técnicos e gestores competentes.
Vinculou-os atrvés de Cartas de Missão a objectivos, viu aprovado o Orçamentpo da Saúde que julgou necessário à execução das mudanças preconizadas, etc., etc..
Assim, não pode haver desculpas para não cumprir o Orçamento para 2006.
Tem-se por vezes a percepção de que o MS não sabe bem o que se passa, por exemplo, nos Hospitais. Continua a escassear informação sobre a actividade desenvolvida e financeira pelo menos em tempo útil. Corre-se assim o risco de quando se quiser corrigir o rumo ser já demasiado tarde.
Os resultados de 2005 virão trazer alguma luz. Esperemos que a sua divulgação pública não seja feita tardiamente.

12:53 da manhã  
Blogger tambemquero said...

Até que ponto CC não está entalado entre aquilo que desejaria fazer para o SNS e aquilo que lhe é imposto pela Comissão Europeia, ministro das Finanças, José Sócrates e Vitor Constâncio.

12:26 da manhã  

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