quinta-feira, março 23

Discussão da Carreira (IV)


Em primeiro lugar, agradecer ao Vivoporto a resposta ao desafio do que constitui um bom AH. Não tinha ainda usufruido de tempo para voltar à escrita.
Como comentário prévio à discussão proposta neste post, a definição de um bom AH é algo que pessoalmente subscreveria para muitas outras "profissões". O aspecto sobretudo distintivo será o "conhecimento aprofundado do Sistema de Saúde, do que é um Hospital (da sua organização, das suas regras e do seu modo de funcionamento)".
Assim, e entrando como sugere o Vivóporto, nos pontos criticos para discussão do texto da APAH:
a.- não vejo qualquer motivo para que a ENSP detenha a exclusividade de acesso à profissão. Independentemente da opinião que se possa ter da formação que actualmente é dada na ENSP, o certo é que as competências pessoais e conhecimento técnico que um AH deve possuir podem ser obtidas noutros locais. A especificidade de conhecimento do sector da saúde e do hospital pode ser também ministrada em formação por outras entidades. O custo da exclusividade da ENSP é remeter a definição da formação para um conjunto restrito de decisores, abdicando da capacidade de inovação e da diversificação que outras entidades fossem eventualmente capazes de intervir. Sugestão: acabar de vez com esta ligação exclusiva.

b.- a qualificação para AH deveria ser obtida pela demonstração das competências criticas para o efeito, e não pela mera frequência de um programa.

c.- eliminação da ideia de quadro único e de todas as outras burocracias inerentes. Os AH devem afirmar-se pela qualidade da sua formação específica, e devem poder ser escolhidos livremente para cada hospital. Apesar de tudo será inevitável que cada AH ter maior ou menor gosto por certa área de actuação, que tenha maior ou menor capacidade de trabalho nesta ou naquela área. Deve-se procurar fazer o encontro entre os pontos fortes de cada AH e as necessidades do hospital. O quadro único é forma praticamente segura de garantir que isso não acontece (aliás, sinónimo disso é a quantidade de AHs que tendo depois lugar num hospital há anos que lá não vão, ou vão? e estou enganado? aceito correcções).

d.- avaliação periódica da manutenção de competências, por exemplo de 7 em 7 anos.

e.- por instinto, acordos colectivos de trabalho são a melhor de impedir o premiar de quem trabalha melhor. Num contexto onde o empenho pessoal é determinante, como é o caso da AH, é realmente isso que se pretende? Compreendo a preocupação com situações de precariedade de emprego, mas a que custo?
Julgo que deve ser de rejeitar tudo o que possa constituir mecanismo de protecção de quem já se encontra instalado quanto a avaliação do que faz (e não faz) e quanto a melhor desempenho de quem venha depois (se tenha formado posteriormente).

e.- APAH face à negociação colectiva? APAH como entidade sindical ou para-sindical? Creio que aqui a APAH terá que definir se quer ser um parceiro social do sector num sentido mais abrangente ou uma entidade sindical. Espero que opte por ser parceiro.

Um abraço ao Vivóporto por ir mantendo viva a chama da discussão... Boa discussão no seio dos AH.
lisboaearredores

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1 Comments:

Blogger tonitosa said...

O Lisboaearredores que tem tido menos tempo para participar neste blog, veio dizer o que me parece fundamental nesta matéria.
Não se coaduna com o tempo presente uma "carreira" de AH baseada na formação obtida num curso de pós-graduação onde têm acesso as mais diversas formações académicas ao nível da licenciatura. Ser AH é ser um profissional, como tantos outros, noutras áreas da Administração Pública. E na verdade não existe uma Carreira de Administrador Público, de Administrador da Educação, de Administrador da Segurança Social, etc.!
Com todo o respeito pelos muitos e bons AH's, a verdade é que esses, se tivessem frequentado um outro curso, numa outra escola, certamente continuariam a ser BONS. Enquanto outros sempre seriam profissionais iguais a muitos outros: não conhecem aprofundadamente o Sistema de Saúde; não têm o conhecimento aprofundado do que é um Hospital. Ou melhor dizendo para não ser "injusto": esse não é, para muitos AH's o seu aspecto distintivo. Não se distinguem de outros eventualmente estudiosos da matéria e frequentando cursos de outras escolas.
Os AH's devem por isso ser tratados em pé de igualdade com outros técnicos, sendo valorizados os seus currículos onde a pós-graduação se deverá incluir.
A Saúde e em particular os Hospitais têm particular especificidade nas áreas clínicas, como é óbvio. E os Hospitais não são fábricas de parafusos. Mas também não o são as escolas, por exemplo. Mas não vejo por que motivos as funções de Gestão/Administração tenham que ser "área exclusiva de emprego" dos AH's.
O que digo acima não me impede de reconhecer que, alguns (bastantes) AH's admitidos nos HH têm hoje, por força do desempenho de funções durante muitos anos, conhecimentos profundos de áreas de trabalho que lhes permitem um elevado nível de desempenho. E essas capacidades não podem (não devem) ser desaproveitadas.
A resistência à mudança pode ser um obstáculo mas o bom senso e a inteligência permitirão ultrapassar dificuldades.

10:48 da tarde  

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