sábado, maio 6

Prescrição de Medicamentos


No Reino Unido os enfermeiros e Farmacêuticos (medida recentemente anunciada) estão autorizados a prescrever medicamentos nos termos previstos na lei.
Nurse Independent Prescribers (formerly Extended Formulary Nurse Prescribers) will be able to prescribe any licensed medicine (i.e. products with a UK marketing authorisation) for any medical condition, including some Controlled Drugs (see Annex G). Nurse Independent Prescribers must only ever prescribe within their own level of experience and competence, acting in accordance with Clause 6 of the NMC’s ‘code of professional conduct: standards for conduct, performance and ethics’.
Pharmacist Independent Prescribers can prescribe any licensed medicine for any medical condition, with the exception of all Controlled Drugs, until such time as there are changes to the Home Office’s Misuse of Drugs regulations. Pharmacist Independent Prescribers must only ever prescribe within their own level of experience and competence and in accordance with ‘Medicines, Ethics and Practice – A Guide for Pharmacists’, published by the RPSGB
link
Entre nós, depois da experiência do actual sistema de substituição, o reforço do poder médico na prescrição de medicamentos parece eminente.
Efectivamente, CC na abertura do XII Congresso Nacional de Medicina, na Ordem dos Médicos do Porto (23.03.06) link anunciou a sua intenção de alterar o actual regime de substituição e dispensa de medicamentos passando a ser regra geral a não-substituição, «cabendo ao médico prescrever com liberdade, incluindo a de entender a equivalência como valor, aceitando transferir para o dispensador a escolha do produto».

Sobre o actual sistema de prescrição de medicamentos são conhecidos dois estudos: "Monitorização de prescrição por DCI e aplicação da receita médica”, efectuado pelo Infarmed
link e "Prescrição por Denominação Comum (DCI) mais Marca Comercial ou só Marca com autorização de substituição ultrapassa não autorização" do Observatório da ANF link
O estudo do Infarmed concluiu que em 30% dos casos em que os médicos autorizaram a substituição da sua prescrição por um medicamento genérico os farmacêuticos optaram por substituir o produto inicialmente prescrito por outro de marca em vez de um genérico.
Os resultados deste estudo terão levado CC a concluir (Jornal Público 06.05.06 "Farmacêuticos nem sempre vendem genéricos mais baratos"):
-Apesar da lei obrigar a dispensar sempre o genérico mais barato quando o médico autoriza a substituição, os farmacêuticos nem sempre o fazem e chegam mesmo a vender ao doente o produto sem marca mais caro;
- O farmacêutico, na substituição, acaba por ser sensível a descontos de quantidade.
Uma vez que a percentagem média de medicamentos com autorização de substituição, por farmácia, era de apenas 54,8% (estudo da ANF), CC terá pensado que os benefícios a recolher justificaria a devolução aos médicos do «direito de decidir se os medicamentos que prescrevem podem ou não ser substituídos nas farmácias».

9 Comments:

Blogger Farmaceutico de Oficina said...

Caro Xavier,

Algumas afirmações e conclusões que são feitas a propósito, Sobre o actual sistema de prescrição de medicamentos, com as quais estou em desacordo levam-me a fazer alguns comentários

“O estudo do Infarmed concluiu que em 30% dos casos em que os médicos autorizaram a substituição da sua prescrição por um medicamento genérico os farmacêuticos optaram por substituir o produto inicialmente prescrito por outro de marca em vez de um genérico.”

Não conheço em detalhe a metodologia do estudo, mas a conclusão que transcrevi só seria aceitável se inquirissem pessoalmente os utentes, e não baseadas à analise posterior das receitas, como me parece ter sido a metodologia...


Esta conclusão está muito seguramente errada, porque se baseia no pressuposto, que o UTENTE sempre que o médico prescreveu por DCI um determinado medicamento e não se opõe ou aceita a substituição por um medicamento genérico ESTÁ DISPOSTO A LEVAR UM MEDICAMENTO GENÉRICO!!!!; a minha experiência profissional ensinou-me que com a CAMPANHA DE CONTRA INFORMAÇÃO QUE NOS ULTIMOS ANOS FOI SISTEMÁTICAMENTE ALIMENTADA (por quem????) CONTRA A PRETENSA FALTA DE QUALIDADE DOS GENÉRICOS faz com que uma percentagem significativa dos utentes SE RECUSE A QUERER UTILIZAR MEDICAMENTOS GENÉRICOS MESMO QUE PARA ISSO TENHA QUE PAGAR MAIS,!!!

Estes utentes mesmo informados pelo Farmacêutico, que podem utilizar medicamentos genéricos com aquelas receitas- PREFEREM LEVAR O MEDICAMENTO DE MARCA QUE JÁ UTILIZAM...

“Os resultados deste estudo terão levado CC a concluir (Jornal Público 06.05.06 "Farmacêuticos nem sempre vendem genéricos mais baratos")”

Esta afirmação pelo que afirmei, revela mais uma vez o enviezamento de pensamento relativamente os Farmacêuticos e às Farmácias e afirmações de CC não fundamentadas, extraindo conclusões “a prioristicas” de dados que tem outra explicação que não aquela que se lhe pretendeu dar.

“-Apesar da lei obrigar a dispensar sempre o genérico mais barato quando o médico autoriza a substituição, os farmacêuticos nem sempre o fazem e chegam mesmo a vender ao doente o produto sem marca mais caro;”...

Não digo que esta situação não possa ocorrer, ... mas mais uma vez em meu entender e na minha experiência, quando o doente, está a consumir um genérico de determinado laboratório, (porque aquele genérico daquele laboratório lhe foi prescrito por um médico) recusa-se a mudar para o mesmo genérico de outro laboratório mesmo que a alternativa seja mais barata... e nessa receita o médico autorize a substituição por um genérico supostamente mais barato...


Cumprimentos
Eduardo Faustino

10:37 da tarde  
Blogger tonitosa said...

Como me parece evidente, há situações em que um Farmacêutico ou um Enfermeiro poderão prescrever medicamentos em função da sua experiência. Mas...estarão na verdade em posição de o fazerem?
Como utentes habituamo-nos a ser observados, sempre que "vamos ao médico", nomeadamente através de auscultação, apalpação, toque, etc.. E é com base nesse diagnóstico que o médico prescreve o que entende ser o medicamento adequado.
Mas existem situações em que a receita é passada sem que o doente seja de novo observado; trata-se, na prática de uma "renovação da receita" e esta parece ser claramente uma situação em que poderia dispensar-se a intervenção do médico (devendo a necessidade do tratamento continuado constar de registo acessível ao prescritor (farmacêutico ou enfermeiro).
Todos conhecemos situações em que é o farmacêutico (muitas vezes com êxito) que nos aconselha a tomar este ou aquele medicamento (para males geralmente menores).
O processo é necessariamente complicado, implica naturalmente interesses de classe e não será de implementação fácil. Parece-me especialmente exigente em matéria de relação médico-enfermeiro-farmacêutico podendo resultar em menos burocracia e menores custos.
Assim haja disponibiliadde dos actores envolvidos.

12:03 da manhã  
Blogger ricardo said...

O sistema de substituição não comprovou efectivamente representar qualquer vantagem quer para o utente quer para o controlo dos gastos com medicamentos.

Esta oportunidade foi muito mal aproveitada pela ANF.

11:35 da tarde  
Blogger Farmaceutico de Oficina said...

Ricardo,

não emita opiniões absolutas, sobre o que não sabe ou então não diga disparates...

1º quantos exemplos quer...

2º O que é que a ANF tem a ver com a questão???

12:51 da manhã  
Blogger Vladimiro Jorge Silva said...

Qualquer observador atento pode facilmente verificar que CC aprendeu com a sua primeira experiência governativa (marcada pelas guerras com os médicos): para encetar a sua cruzada anti-ANF, CC pediu apoio à Ordem dos Médicos (que tem apoiado todas as iniciativas do Ministério da Saúde, mesmo as mais absurdas, como foi o caso da lei dos MNSRM). Ora, em política os apoios pagam-se... e aí está o fim da lei das substituições para provar isso mesmo!

9:37 da manhã  
Blogger tonitosa said...

Um dos mais graves problemas do SNS está ligado ao poder corporativo dos médicos (e menos mas ainda assim significativo o dos enfermeiros).
Os principais conselheiros de CC e a maioria dos gestores por ele nomeados para os lugares de topo são médicos (nomeadamente nos HH e ARS's).
CC tem mesmo "conselheiros" que são também dirigentes de estabelecimentos privados de saúde.
Não surpreende por isso que CC tenha o seu apoio e lhes conceda cada vez mais poder.
E assim se vai alimentando a promiscuidade entre o sector público e o sector privado da saúde.
CC sabe conhece bem a situação. Mas como gato escaldado d'água fria tem medo...

11:26 da tarde  
Blogger Farmaceutico de Oficina said...

drFeelgood essa dá-me vontade de rir...!!!
Antes de poder haver substituição, já existiam medicamentos genéricos no mercado e os médicos já os podiam os prescrever de livre e expontanea vontade... e a cota era de 0,05%...!;

Com a novo modelo de receita de LFP que deu a possibilidade do utente, aconselhado pelo farmacêutico de optar pela substituição ,a cota de genéricos chegou aos 12 a 13,5% em menos de um ano e meio; Um "case study" internacional merçê desta cota elevada e dos preços de referência induzidos pelos genéricos, foram induzidas baixas significativas nos PVP de medicamentos de marca que alinharam os seus preços pelos preços de referencia, nalguns casos os preços desceram + de 50%.

Só por má fé e que se pode afirmar que a generalidade dos farmacêuticos não contribuiu, para este crescimento estrondoso da cota de genéricos,


Você vem-me dizer que os farmacêuticos não souberam aproveitar!!!!

Quais medidas duras? política de descontos para baixar o crescimento da despesa, quando somos o sector na europa que já tem menores margens, mesmo que por absurdo se conseguisse por esta via um abaixamento de 6%, quando nós sabemos que as tendências anuais de crescimento apontam para valores entre os 7 e 10%...

Passado um ano tínhamos ganho o quê??? íamos fazer mais descontos,...? de 12%

É que no nosso sector as 17 000 pessoas que connosco trabalham não tem o salário garantido ao fim do mês pelo Orçamento Geral do Estado... é pelos 20 a 26% de margem comercial...

A liberalização vai resolver os problemas da despesa com medicamentos??? vai melhorar os serviços farmacêuticos, vai promover mais substituição???

O que é que o João Cordeiro, tem a ver com a gestão directa individual de cada Farmácia???, ou as decisões que eu e mais 2700 proprietários??? Nada!!! Só é sócio da ANF que quiser, ninguém é obrigado!!!

Mas também estou farto de que insinuem de que por sermos sócios somos uns mentecaptos, ás ordens dessa vossa sinistra personagem!!!

11:56 da tarde  
Blogger Farmaceutico de Oficina said...

drFeelgood está enganado + uma vez,
Como sabe a propriedade e direcção técnica são na maioria do caso das farmácias, indissociadas, e tem que ser exercidas em exclusividade...
Isto é não permitem a chamada da promiscuidade entre por exemplo o sector público e o sector privado como acontece com outras profissões na area da saúde...

Isto significa que nos empresários em nome individual nos seus rendimentos de trabalho, estão englobados nos 100 000 €,dos quaias se paga sob a forma de IRS, uma parte significativa ao estado... portanto não é assim tão limpinho!!!

Essa do emprego para a família não atingi...
a qualidade dos seus argumentos baseados em "lobis", "cordeiros" e "lobos maus" é deveras interessante e reveladora.

1:12 da manhã  
Blogger Doutor Enfermeiro said...

Porque não os enfermeiros prescrever fármacos, se já o fazem de uma forma informal no meio intra-hospitalar! Toda a gente sabe isso!
Mais, segundo um estudo disponível no site da OE, os enfermeiros ão os responsáveis pelo "desmantelamento" de 86% dos erros farmacológicos de outros profissionais.
Neste momento, do que tenho conhecimento, a experiência inglesa está a decorrer extraordinariamente bem...
Mesmo em termos de triagem hospitalar, porque é que acham que são os enfermeiros que a fazem?

7:55 da tarde  

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