domingo, maio 7

Promoção da Saúde Pública


Recentemente, o “guru” das Farmácias e do mercado do medicamento, defensor de um maior consumo de medicamentos para promover a Saúde Pública e a economia nacional, afirmou numa conferência:
“Outro segmento de mercado que o Governo já liberalizou, foi a venda de medicamentos não sujeitos a receita médica. De facto, este segmento de mercado, correspondente à automedicarão, é uma componente fundamental de uma política de saúde razão que terá levado o governo à sua liberalização.
Esta medida vai aumentar a sua acessibilidade e a maior concorrência vai permitir baixar os preços. Enquanto que em Portugal estes produtos representam apenas cerca de 6,6% no total das vendas de medicamentos, em países mais avançados como a França chegam a atingir 30%. Combinado com o acompanhamento dos consumidores e educação, esta medida permitirá uma poupança substancial dos gastos de saúde que se estima em 150 a 300 milhões de euros por ano. Para alem de resolução de problemas comuns de saúde que não requerem assistência médica, promove o descongestionamento das urgências e redução das consultas médicas.”
link
Apetece dizer, comentários para quê ! Mas vale a pena comentar este severo defensor do mercado.
Eduardo Faustino

3 Comments:

Blogger tonitosa said...

É verdade, Guidobaldo,
Temos ouvido falar em tantos biliões de euros poupados com esta, aquela e aquel'outra medida do Governo, seja na área da Saúde seja noutras áreas, que já se não percebe como pode o País continuar em crise.
E como pode a UE atrever-se a prever o agravamento do desemprego?!
O que eles mereciam é que Portugal os deixasse a falar sozinhos, lhes fizesse aquele sinal do Bordalo Pinheiro e abandonasse esse grupo de "malfeitores". Acabávamos com o PEC, fixávamos o câmbio a nosso belo prazer, fixávamos levadas taxas sobre os bens importados...e éramos todos felizes!!!

11:02 da tarde  
Blogger Farmaceutico de Oficina said...

Sabemos que a “economia” não é uma ciência exacta todavia isto não confere o direito ao Dr Abel Mateus de provavelmente mal informado, ou por preconceitos “Ideológicos” ou de opinião afirmar disparates, que com Autoridade que é, tem influencia directa quer nas políticas que regulam o sector da Farmácia e do medicamento, quer na opinião pública lançando para a “fogueira” o modelo de distribuição farmacêutica e de serviços farmacêuticos em vigor, garantidos por Farmácias e farmacêuticos, independentes.


O modelo de Farmácia Português, em meu entender deveria ser considerado um case study de sucesso em termos de custos, organização, ganhos para a saúde, recursos humanos, e retorno económico (para o País, para os profissionais que nele trabalham, para os consumidores)!!!


Vamos então verificar a bondade das afirmações do nosso “Guru Mateus”:


Aumento da acessibilidade ao medicamento...


de facto esta afirmação é verdadeira temos que admitir já abriram 117 estabelecimentos; isto é a acessibilidade em termos numéricas aumentou 4,3% em termos de pontos de venda, todavia considerando que uma grande nº de estabelecimentos abriu nas imediações de Farmácias já existentes este valor de maior acessibilidade terá o significado que cada um lhe quiser atribuir...



A maior concorrência vai baixar os preços...


Como dizia o nosso colega Mario Peliteiro no seu blogue:

Dizia-se há uma ano atrás que os preços dos medicamentos não sujeitos a receita médica, quando comercializados de uma forma livre - fora das Farmácias, em cenário de concorrência alargada, e sem fixação de preço - ficariam muito mais baratos, beneficiando assim , e muito, o "consumidor".

Hoje, pressente-se que não é bem assim. Pressente-se, porque não há nenhuma avaliação independente, rigorosa, englobando as variações no tempo e na geografia.

A partir do Expresso pode-se construir a seguinte tabela com os preços, em euros, praticados para a venda da Aspirina:

Farmácia 1= 2,95€
Farmácia 2= 2,95€
Carrefour = 3,58€
Continente = 2,99€
Corte Ingles= 3,10€

Ora, há um ano atrás uma embalagem de Aspirinas, da Bayer, custava em todo o país 2,70 euros;

o que representa um aumento de preços que pode ir até 33% !!



Abel Mateus manipula os números...

Diz que sob o ponto de vista terapêutico 6,6% de mercado de OTC, é mau para a saúde dos portugueses, o que é bom é o que acontece nos países mais desenvolvidos 30% é que seria bestial, como é França, assim é que podiamos começar a poupar os celebres 150 a 300 milhões de euros, como o mercado actual é de 6,6% corresponde em valores absolutos a 200 000 milhões, confesso que não consigo atingir a aritmética do Dr Abel Mateus, provavelmente porque não sou economista, a não ser que ele se refira aos beneficios indirectos das pessoas não ficarem doentes por ingerirem mais OTC´s...


Mas na nossa faculdade “a gente” aprende a promover o uso racional dos medicamentos, por vezes os nossos clientes vão á farmácia, com um problema e já com disponibilidade de pagarem o “remédio” que lhe aconselharmos, mas nós “burros” depois de ouvirmos a sua história mandamo-lo para casa porque entendemos que a situação não exige medicamentos...


Ficamos a saber pelas palavras do nosso “Guru Mateus”um paracetamol é bom 3 paracetamois são muito melhores,...

Por outras palavras se um copo de vinho de tinto às refeições é bom... tem montes de antioxidantes previne as doenças cardiovasculares se consumirmos 3 copos a nossa saúde vai melhorar na proporção...


Mercado em 2004 de OTC em França é de 2,6 mil milhões de €; mercado total em Franca 23 mil milhões de euros % = 11,3%... portanto muito longe dos 30% anunciados nos brilhantes silogismos de mercado de Mateus...


Todavia uma pesquisa nas revistas cientificas de famácia revela que:


Over-the-counter (OTC) drugs are a significant source of morbidity and mortality in the United States. Although the shelves of every major drug store and grocery store are heavily stocked with these common medications—and they are used millions of times every day—few people are aware of the dangers posed by common OTC medications, especially acetaminophen and nonsteroidal anti-inflammatory drugs (NSAIDs) such as ibuprofen and naproxen. Acetaminophen and NSAIDs commonly cause serious liver and gastrointestinal side effects, yet most people have no idea how dangerous they can be.

Part of this ignorance is because these strong medications are available without prescriptions, and heavy television and magazine advertising has perhaps given the impression that cold medicines, pain killers, antihistamines, and other ubiquitous drugs are safe.

In fact, OTC medications as a category are responsible for more than 150,000 hospitalizations every year, according to the Food and Drug Administration, and almost 1000 OTC medications have been linked to liver toxicity, which causes about 2000 deaths annually in the United States (Ford MD et al 2001).

12:40 da manhã  
Blogger Farmaceutico de Oficina said...

A propósito, hoje descobri que estamos a dispensar a a Aspirina na nossa Famácia a 2,75€, amanhã tenho que ir aumentar o preço para um valor mais consentâneo com o mercado"!!!

11:53 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home