quarta-feira, agosto 2

Genéricos mais Caros ?


Não é verdade que os genéricos estrangeiros sejam mais baratos que os portugueses. Aliás, até há várias situações em que sucede precisamente o contrário.
O elevado preço dos genéricos que se vendem em Portugal (que faz com que estes contribuam mais para os custos totais com medicamentos que para o número de embalagens consumidas) deve-se essencialmente a três originalidades legislativas que existem entre nós:
- O facto da comparticipação destes medicamentos ser indexada ao genérico mais caro e não ao mais barato;
- À insólita existência de genéricos de marca;
- À possibilidade dos médicos proibirem que os doentes optem pelo medicamento bioequivalente mais barato.
Vladimiro Jorge Silva

3 Comments:

Blogger ricardo said...

Estudo do "Sistema de Comparticipação de
Medicamentos e a sua Adequação à
Reforma da Saúde, incluindo o Regime de
Preços dos Medicamentos a
Comparticipar pelo Estado"
Relatório Final
Europe Economics

página 9 faz uma comparação com os preços dos genéricos do RU, concluindo que em Portugal são mais caros.

Penso que o sentido que VJS quis dar ao seu texto é o seguinte:
Se não fossem as burradas legislativas que refere os Genéricos em Portugal seriam efectivamente mais baratos que nos países da UE.

11:28 da tarde  
Blogger Peliteiro said...

A possibilidade de os médicos proibirem os doentes de optar por um outro medicamento bioequivalente tem ainda mais um "efeito secundário":
como é impossível que as todas as Farmácias tenham todos os genéricos de um determinado PA (são imensos; como é difícil bem gerir esses stocks), o doente calcorreia seca e meca procurando encontrar aquele que o médico prescreveu. Fica assim comprometida a acessibilidade ao medicamento.

Falta de firmeza do Ministro...

11:33 da tarde  
Blogger Vladimiro Jorge Silva said...

Um esclarecimento: este texto foi escrito como resposta ao Eduardo Gravanita, que sugeria a importação de genéricos como forma de combater o elevado preço destes medicamentos.
O que eu quis dizer é que os genéricos que se fabricam em Portugal não são mais caros que os fabricados no estrangeiro. No entanto, reconheço que o preço cá praticado (por empresas portuguesas e estrangeiras) é mais elevado que o observado em outros países para as mesmas formas farmacêuticas, o que na minha opinião sucede essencialmente devido aos três factores que referi no post. Ou seja: corrigindo-se a lei, não fará qualquer sentido adoptar uma medida que privilegie a importação de um bem que também se produz cá. Até porque actualmente Portugal já importa genéricos, que cá são vendidos mais caros que em outros países. O problema está no contexto de mercado criado artificialmente pelo legislador português e não em factores intrínsecos à comercialização do próprio bem (fabrico, processo de distribuição, etc.), pelo que a importação directa pelo Estado seria uma medida extrema que neste caso não me parece fazer sentido.

10:33 da manhã  

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