sexta-feira, agosto 18

Gestão dos Hospitais

PKM, num artigo publicado no DE (17.08.06), interroga-se sobre a “Má gestão Hospitalar ?” link

"Faz hoje dois dias que, em alguma imprensa nacional, um relatório da Inspecção Geral das Finanças (IGF) é apresentado como um instrumento de acusação de “má gestão” dos actuais hospitais EPE. De forma lacónica, afirma-se que, afinal, “a gestão dos hospitais do Sector Público Administrativo (SPA), é superior à gestão praticada nos hospitais EPE”. E, sem grandes rodeios, apresentam-se “factos” para “comprovar” essa fenomenal comparação entre a qualidade de dois supostos tipos de gestão hospitalar.

Na verdade, apresentam-se apenas dois “factos” ou antes, se me permitem, dois “factóides”. Um primeiro, parte da premissa de é possível comparar e classificar a qualidade da gestão hospitalar através do prazo de pagamento aos fornecedores. Tal ideia, não poderia ser mais inesperada no contexto complexo da gestão hospitalar lusitana. Primeiro porque, na verdade, a prática do pronto-pagamento não é, em lado nenhum, sinónimo de excelência de gestão. Muito menos no sector hospitalar. Segundo, porque a capacidade para definir e equilibrar as múltiplas dinâmicas de fluxos financeiros nos hospitais não está totalmente nas mãos dos seus gestores, sejam estes SPA ou EPE. Terceiro, porque comparar prazos de pagamento a fornecedores de hospitais com realidades tão distintas como, por exemplo, pequenos hospitais de província e grandes hospitais centrais é, no mínimo, intelectualmente pobre. Ainda assim, o factóide ficou no ar. Para a ‘rentreé’ (...)"

O que diz a Inspecção Geral de Finanças, com base numa inspecção efectuada aos Hospitais de Santa Maria, São Bernardo, Júlio de Matos e Centro Hospitalar Barlavento Algavio, sobre o exercício de 2005:
a) – Os HH EPE não têm uma “cultura de gestão norteada para o estabelecimento de objectivos quantificados fazendo com que o processo de acompanhamento e controlo seja meramente formal, sem uma verdadeira preocupação de análise e explicação dos desvios face às metas previamente estabelecidas;
b) – os objectivos não se encontram devidamente quantificados nem são partilhados pelos responsáveis das diversas áreas de gestão;
c) - sobre a conferência informatizada de facturas dos medicamentos, a IGF conclui que “o processo de planeamento do projecto apresenta inúmeras lacunas como a ausência de objectivos, a falta da aderência dos recursos previstos, uma programação incoerente, a constituição de uma equipa de projecto desajustada da realidade e a não implementação de um adequado sistema de informação, acompanhamento e reporte.
d) – a contratação da concepção e execução do projecto teve por base procedimentos prévios inadequados, consubstanciados no fraccionamento da despesa suportado em fundamentos de direito e de facto inconsistentes. A execução material e financeira do projecto não foi objecto de um controlo efectivo na parte da concepção que custou ao estado 1,2 milhões de euros.
DE, 14.08.06

Segundo a IGF, continua tudo na mesma: uma trapalhada.
PKM ter-se-à dado ao trabalho de dar uma lida ao relatório da IGF?

1 Comments:

Blogger ricardo said...

É um facto: a cultura de gestão dos nossos hospitais mudou muito pouco.
Nada de qualitativamente diferente, para melhor, foi acrescentado.

As mesmas maningâncias nas compras de sistemas informáticos que não servem para nada.

Está em discussão a primeira modificação substancial: o sistema remuneratório do pessoal médico.
Há muito a fazer com os sistemas de informação.

Perante esta tarefa gigantesca de transformar qualitativamente o sistema público de gestão dos HHS, CC parece preferir trilhar outros caminhos, optando pela gestão privada dos hospitais do SNS.
Talvez o tiro lhe saia pela culatra.

2:01 da tarde  

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