domingo, setembro 3

Gestão Hospitalar

Reflectindo a propósito de mais um texto brilhante do semmisericórdia, a merecer integrar um Manual de boas práticas da Governação da Saúde, julgo oportuno dizer o seguinte:

Se olharmos à nossa volta podemos constactar como longe estamos das boas práticas de Governação da Saúde.

Em relação ao processo de reforma em curso, um dos elos mais fracos, tem sido a demonstração de impreparação dos nossos gestores hospitalares. Apesar de haver AH com formação específica e, nalguns casos, com provas dadas a vários níveis da gestão de serviços de saúde, o seu desempenho recente tem demonstrado que a sua preparação/adaptação aos novos desafios da gestão empresarial tem ficado muito aquém das expectativas e do que é necessário.

Para ultrapassar esta dificuldade julgo ser necessário desenvolver acções de formação específicas, tendo em atenção as novas necessidades, dirigidas aos gestores da saúde, papel que, naturalmente, deveria caber especialmente à ENSP.

Apesar de termos um ministro profundo conhecedor dos problemas da saúde, esforçado, trabalhador e honesto, o seu perfil irrequieto, avesso a uma intervenção coordenada, tem dado origem a frequentes baralhações entre níveis de Governação e gestão. Tudo agravado pela preferência do ministro em anunciar novas medidas em catadupa através dos órgãos de comunicação social. Muitas em contradicção com as anteriores.

Porém, em abono da verdade, muita coisa está a ser bem feita no sentido de ser conseguida uma melhor organização do nosso sistema de saúde: reforma dos CSP, alteração do sistema de remuneração do pessoal médico, racionalização da oferta de cuidados de saúde de forma a adaptá-la às novas necessidades e torná-la mais eficiente, controlo do crescimento da despesa da saúde.

Há meses atrás estaria longe de aceitar esta conclusao mas, na verdade, à medida que o processo de reforma avança, estou, cada vez mais, convencido que esta é efectivamente a última oportunidade, a oportunidade histórica de fazermos algo de bom pelo nosso Serviço Nacional de Saúde.

Neste processo, como já referi, penso que não temos estado à altura dos desafios que o ministro nos tem lançado, essencialmente por falta de preparação (o falhanço da preparação que julgávamos ter) para enfrentar os problemas postos pela gestão empresarial dos hospitais.
ricardo