CC - Sustentabilidade do SNS
Após algumas horas de sono, antes do pequeno almoço, como de costume, liguei o PC para dar uma vista de olhos nas notícias. Logo a seguir uma ida à SaudeSA para uma última conferência do trabalho efectuado na madrugada .
Ainda sobre a intervenção de CC no "Negócios da Semana" (SIC Notícias) de ontem à noite, gostei especialmente quando CC disse, e repetiu, que não contassem com ele para co-pagamentos (pagamentos significativos pelos doentes no acto) e que não aceitaria recomendações nesse sentido da comissão para a sustentabilidade. A palavra dele ficou dada/comprometida. Este ponto da intervenção de CC pareceu-me deveras importante. Isto quando os partidos da oposição já embandeiravam em arco na defesa dos co-pagamentos (que naturalmente facilitariam o desenvolvimento de grupos privados de saúde).
Também nós aqui na SaudeSA nos fartámos de acusar CC de defender um sistema de co-pagamentos, querer mercantilizar as prestações de cuidados, de forma a viabilizar, mais facilmente, a privatização da saúde. Temos de reconhecer que nos enganámos (e ainda bem).
Ainda sobre a intervenção de CC no "Negócios da Semana" (SIC Notícias) de ontem à noite, gostei especialmente quando CC disse, e repetiu, que não contassem com ele para co-pagamentos (pagamentos significativos pelos doentes no acto) e que não aceitaria recomendações nesse sentido da comissão para a sustentabilidade. A palavra dele ficou dada/comprometida. Este ponto da intervenção de CC pareceu-me deveras importante. Isto quando os partidos da oposição já embandeiravam em arco na defesa dos co-pagamentos (que naturalmente facilitariam o desenvolvimento de grupos privados de saúde).
Também nós aqui na SaudeSA nos fartámos de acusar CC de defender um sistema de co-pagamentos, querer mercantilizar as prestações de cuidados, de forma a viabilizar, mais facilmente, a privatização da saúde. Temos de reconhecer que nos enganámos (e ainda bem).
CC dá mostras seguras de querer mesmo salvar o SNS. Isto só nos pode deixar ficar satisfeitos.
8 Comments:
Independentemente de "salvação do SNS" (esperemos que se não for salvo, o coveiro vá directamente para o inferno)para mim é claro o seguinte: há na saúde co-pagamentos. Há co-pagamentos nos custos de medicamentos (e cada vez mais), há co-pagamentos nos custos dos MDCT, há co-pagamentos nas consultas e nas urgências, etc.. Não tem havido co-pagamentos nos actos cirurgicos e vai haver na cirurgia de ambulatóario (não tardará a haver na cirurgia urgente) não tem havido no internamento e vai haver. Por mais justificações que o MS arranje, por mais "fintas" que possa e pretenda fazer é de co-pagamentos que se trata, e tanto assim que não existe um montante fixo, isto é, há uma certa relação com o maior ou menor custo dos actos. Se essa relação é 1 por mil ou 1 por cento, tanto faz. O Estado não suporta a totalidade dos custos, imputando uma parte aos doentes.
E até já se fizeram contas, apontando, salvo erro, para 90 milhões de euros.
Ouvi CC dizer que os "co-pagamentos" nos medicamentos não são criticados, que as taxas dos MCDT não são questionadas, mas que se pretende dizer que as "taxas" (de punição, digo eu) no internamento e na cirurgia de ambulatório não devem ser aplicadas porque não dependem da vontade do doente. E dizia CC que também os MCDT são decididos pelo médico (por estas ou outras palavras). Na verdade assim é, mas ainda assim as coisas a meu ver não são comparáveis. A decisão de operar um doente e/ou de o internar pressupõe uma situação já devidamente ponderada e considerada como solução adequada pelo corpo clínico e não deve ser adiada nem discriminatória entre quem pode e quem não pode pagar. Repito o meu ponto de vista: é para bens como a saúde e a educação que, sobretudo pagamos impostos. Não me importa ter OTA's ou TGV's e se tiver que optar, prefiro ter bons cuidados de saúde.
anadias,
A discussão entre taxas moderadoras e co-pagamentos foi introduzida por este governo. Foi este governo que veio dizer que as novas taxas (as, mais precisamente, designadas taxas de punição) não são co-pagamentos mas sim taxas moderadoras. Ora para o utente o que é relevante é que o mesmo para ter acesso a cuidados de saúde tem que pagar. E quem paga, faz pagamentos. Sejam eles o preço total ou parcial daquilo que recebe. E o que é realidade é que de "moderação" as taxas não têm nada. Quem precisa vai aos HH e CS e se não está isento, paga.
Ou acha que o doente vai dizer ao médico que não quer ser internado para não ter que pagar?!
Por outro lado, quem está isento não paga. Onde está a moderação?
Não lhe parece absurdo o MS dizer, entre outras coisas, que o pagamento permite aos doentes ser mais exigentes perante os médicos, e obriga os médicos a serem mais responsáveis?!
O que o Governo pretende é arrecadar alguns milhões de euros retirados, masi uma vez dos bolsos da classe média. Sim porque os ricos têm seguros.
Sabe anadias o Tonitosa procura pensar no que diz e, depois, diz o que pensa. Porque não tem que se preocupar em agradar nem a Gregos nem a Troianos.
CC disse que não contassem com ele para co-pagamentos (pagamentos significativos pelos doentes no acto) e que não aceitaria recomendações nesse sentido da comissão para a sustentabilidade.
Quem terá assumido esta posição clara ?
O professor ou o ministro?
Eu acho que finalmente o professor ousou fazer de ministro para fazer o que tem de ser feito.
É assim que gostamos de o ver.
É assim que nos dá orgulho.
É assim que pode contar com todos nós.
E olhe que somos muitos.
Cerca de dez milhões de portugueses.
Chame-se o que se quiser e diga-se o que se disser.
Chame-se de taxas moderadoras, co-pagamentos ou "taxas de Punição" como o Tonitosa, bem diz.
O que interessa é que o Estado arrecada ums bons milhares de euros com este procedimento.
Não fosse ter CC alargado este acréscimo de despesa a outros serviços assistenciais (Cirurgia de Ambulatório e Internamento) ainda poderia acreditar nas suas "boas e bem intencionadas palavras" quando, segundo Xavier, disse para não contarem com ele a "defender um sistema de co-pagamentos, querer mercantilizar as prestações de cuidados, de forma a viabilizar, mais facilmente, a privatização da saúde".
Mas há um velho ditado popular que diz “gato escaldado de água fria tem medo”. É que depois de escaldado apercebe-se o cidadão de que o que se prepara é uma progressiva sua comparticipação acrescida nos gastos com a saúde, não só através dos impostos que já paga mas de mais qualquer coisa.
Agora são uns “míseros” (para alguns) euros a serem contemplados com uma previsível actualização anual (pela taxa de inflação real e não pela prevista em orçamentos), mas amanhã quem sabe se serão para pagar por completo a diária da refeição hospitalar?.
Hoje é a comparticipação com os medicamentos que foi diminuída, a exclusão de medicamentos anteriormente comparticipados, o aumento de descontos mensais para os sistemas de saúde e das taxas sobre os MCDT, e amanhã, quem sabe?
E as convenções com as Misericórdias e Organizações de Solidariedade sujeitam a taxas privadas para as quais ainda não houve medidas regulamentadoras ou punitivas?
Etc.,etc..
É que em prol da sustentabilidade do sistema mais qualquer coisa se irá impor como necessária daqui a alguns meses.
Pelo andar desta carruagem da política da saúde parece transportar o princípio filosófico de que "já que hoje alguém paga por nós para nascer e morrer, porque não devemos nós, enquanto vivos, pagar para estarmos vivos"?
Sócrates também disse que não ia aumentar impostos (à semelhança de Barroso) e aumentou-os. E continua a aumentá-los.
Disse que não haveria portagens nas SCUTS e é o que se vê?
A ver vamos, com diz o outro.
Mas é sempre bom lembrar a história de "O Menino e o Lobo".
O que me pareceu estar em jogo (e a muita gente) é que as novas taxas de utilização seriam o inicio da alteração do actual modelo de financiamento, passando de tendencialmente gratuito para um sistema de co-pagamentos.
Aproveitando, como é evidente, a oportuna recomendação da Comissão.
O que CC ontem veio dizer, e deu a sua palavra, é que não vai por aí.
Mesmo que essa seja a recomendação mais viável da Comissão.
Então o que vai acontecer?
Vamos continuar a apostar no actual modelo de financiamento.
Mas para isso vai ser necessário reduzir muito desperdício através da racionalização da rede de cuidados, do medicamento, dos recursos humanos, etc, etc
Gestão, gestão, mais gestão para o SNS.
É evidente que mesmo assim, sobre estas medidas, nem todos estamos de acordo aqui na SaudeSA.
Vamos continuar a discutir.
De acordo, Xavier.
Desperdício, desperdício, despedício. Gestão, gestão, gestão.
É sobretudo isso que temos que combater e procurar realizar. Uma actuação mais eficaz, uma gestão de recursos mais eficiente, maior autonomia e maior responsabilização.
Acho que no Saúde SA foram já vertidas centenas de comentários sobre desperdício e gestão.
Penso que só temos que nos lamentarmos enquanto não formos capazes de poder afirmar que tudo foi feito para evitar o desperdício (seja ele a tradução de ineficácia ou de ineficiência ou de ambas).
Mas ainda assim, atingido o óptimo em termos de redução do desperdício, continuaremos a assistir ao crescimento das despesas de saúde por factores que têm a ver com novas patologias, novas e melhores técnicas, maior longevidade. E a discussão em torno da sustentabilidade financeira do SNS não acabará. Há sobretudo que esperar que a retoma económica seja uma realidade e que, quando ela surgir - e há-de surgir, mais tarde ou mais cedo - os governantes sejam capazes de tomar as melhores decisões para o futuro, não se deixando levar pura e simplesmente por decisões orientadas para a manutenção ou conquista do poder.
Gastamos muito em Saúde (10% do PIB), gastamos mal (ineficiência elevada), não podemos gastar mais (a economia não o permite).
O que fazer?
Pegar numa das propostas da Comissão (não fazer nada, aumentar os impostos, co-pagamentos, opting-out, a criação de seguros de saúde, a limitação da cobertura do SNS, a criação de contas poupança)e… vamos lá ver o que isto dá.
Não será melhor manter o actual modelo ?
Como ?
Através do combate ao desperdício?
A redução de desperdício poderá resolver 90% dos problemas do SNS. Já alguém aqui o disse.
Eu acredito que sim.
Eu penso que a procura desta solução deve deixar entusiasmados todos os gestores, pois é uma apelo às suas capacidades.
Chegou a altura de demonstrarem de que são capazes.
Colocar a solução do problema na gestão parece-me que é uma decisão acertada e corajosa de CC (corajosa pelos elevados riscos que ela envolve).
Como refere o Tonitosa, a subida incontrolada dos custos é um problema actual de todos os sistemas de saúde.
É verdade, anda toda a gente preocupada na busca de soluções para o reequilíbrio dos sistemas.
O nosso problema é mais grave pelas razões conhecidas.
Penso que não há soluções mágicas para os problemas da Saúde.
Procurar defender o SNS através de uma melhor gestão dos recursos disponíveis parece-me o caminho certo. È a condição primeira para resolver todos os outros problemas.
Não me parece que a solução esteja em nenhuma das propostas da Comissão conhecidas.
O problema está nos sacrifícios que é necessário fazer. E neste campo ninguém está de acordo.
Já viram como difícil é gerir um condomínio urbano (para quem vive num modesto imóvel de apartamentos, flat, fracções. Cada iniciativa, cada medida que se queira implementar esbarra sempre com o egoísmo do condómio de um 2.º direito qualquer).
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