domingo, dezembro 31

Figura do Ano 2006


A Frente de Blogues da Saúde, decidiu eleger como Figura do Ano 2006, o Dr. João Semedo, médico, deputado do Bloco de Esquerda pelo círculo eleitoral do Porto, presidente do Conselho de Administração do Hospital Joaquim Urbano, pertencente às Comissões Parlamentares de Assuntos Europeus e Comissão de Saúde, pela sua coragem, competência e empenho na defesa do Serviço Nacional de Saúde

Para João Semedo o SNS precisa de ser orientado no respeito por alguns princípios básicos que recolhem largo consenso. Necessita também de vontade e determinação políticas na aplicação dessas linhas orientadoras, às quais devemos atribuir toda a prioridade na distribuição dos recursos.
Valorização da informação para a saúde, promoção de modos e práticas de vida saudável, reforço da prevenção da doença (e dos sinistros rodoviários e do trabalho, por exemplo), desenvolvimento da área da saúde pública e da comunidade, expansão da rede de cuidados primários e a mudança do seu paradigma, mudança no modelo organizativo e funcional dos hospitais públicos, maior atenção no capítulo da formação dos profissionais (em número e em competências) e as condições que lhes assegurem continuidade e estabilidade no exercício das suas actividades, uma gestão do SNS mais autónoma da estrutura ministerial, mais descentralizada e com mais capacidade de articulação entre os diferentes níveis e agentes envolvidos na prestação de cuidados, que aproxime o planeamento e a decisão das regiões e dos cidadãos.

Correia de Campos não só está a comprometer a natureza geral e universal do SNS como está a transformar o tendencialmente gratuito em tendencialmente pago. Correia de Campos tem em mira a introdução de pagamentos directos na saúde, o que significa uma profunda rotura no compromisso social em que se alicerça a Constituição e a nossa democracia e que, a concretizarem-se, rasgam a essência do estado social em que temos vivido

João Semedo não partilha da ideia que o SNS necessite de salvação. Certamente que com outras políticas poderia estar em melhor situação. O SNS não fracassou nem está à beira do abismo. O SNS é indiscutivelmente o melhor serviço público de que os portugueses dispõem. E para que assim continue, há duas condições básicas: garantir o seu financiamento de acordo com as necessidades reais, recusando a ditadura dos cortes orçamentais, e gerir com rigor todos os meios colocados à disposição do SNS, não apenas os financeiros mas, igualmente, os recursos humanos e técnicos.

Quanto aos Hospitais é frequente dizer-se que precisam de novos instrumentos de gestão, de incorporar na sua gestão os modelos desenvolvidos na gestão privada. Não depende disso qualquer evolução determinante para os hospitais. A principal mudança decorrerá da capacidade dos hospitais implementarem modelos organizativos e funcionais que tenham no seu centro o serviço aos utentes, o respeito pelas suas expectativas e necessidades. Mais que qualquer outro instrumento de gestão, importado à pressa e ao sabor das modas, se colocarmos o cidadão, o utente se quiserem, no eixo da vida e da gestão de um hospital, mais facilmente concretizaremos as mudanças necessárias nos nossos hospitais públicos.

Quanto à "reorganização da oferta de cuidados de saúde", João Semedo considera que não pode acontecer o que Correia de Campos pretende fazer com as urgências: fechar 14 urgências hospitalares (a prazo, fecharão os respectivos hospitais ou passarão a hospitais de retaguarda para cuidados continuados), desclassificar outras 16 e transformar 24 SAPs em SAPs mais, devido ao impacto que tudo isto vai ter sobre as urgências que continuarão abertas e que já hoje estão a rebentar pelas costuras, com tempos de espera que, na maior parte dos casos, nos envergonham. Segundo JS trata-se de uma decisão irresponsável, tanto mais que é tomada num contexto em que o ministério tem vindo a encerrar muitos SAPs e pretende continuar a fechar mais, sabendo nós que para muitos portugueses os SAPs - apesar das suas limitações, são o único e último recurso de que dispõem quando a doença lhe bate à porta.

João Semedo deixa uma reclamação ao ministro da saúde, António Correia de Campos: não descaracterize o SNS, defenda as suas características fundamentais, não obrigue os portugueses a pagar mais pela saúde do que já pagam por via dos seus impostos.

10 Comments:

Blogger saudepe said...

Parabéns à Frente pela feliz escolha.

Espera-nos um ano de grandes e profundos combates.

O dr. João Semedo (independentemente da causa dos partidos)personifica a figura do líder do combate que é preciso desenvolver.

A todos quero desejar um excelente Novo Ano.

2:13 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

O Dr. João Semedo merece toda a minha admiração. Acho que é um reputado médico e tem ideias bem precisas do que defende para o SNS.
O maior problema, do SNS que temos, é sem dúvida o do seu financiamento.
E a grande dificuldade é exactamente "garantir o seu financiamento de acordo com as necessidades reais...". E para isto até ao momento não foram encontradas soluções que não tenham passado por mais e mais sacrifícios dos que já mais contribuem para as receitas do Estado e sem que se possam apontar verdadeiras medidas estruturantes de um SNS "em reorganização".
E as esperanças de melhoria em 2007 infelizmente são quase nulas.
Votos de BOM 2207 para TODOS.

7:28 da tarde  
Blogger Clara said...

JOÃO SEMEDO
Sem dúvida a melhor escolha como figura do Serviço Nacional de Saúde 2006.

Um grande Ano Novo para o Dr. João Semedo, para a Frente de Blogues, para o Xavier, para os meus colegas comentadores e para todos os que fazem da SaudeSA um local de encontro e debate de ideias.

7:35 da tarde  
Blogger helena said...

VIVA O SERVIÇO NACIONAL de SAÙDE !
VIVA o JOÃO SEMEDO !

Para todos um grande Novo Ano.

10:08 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Porque, Guidobaldo, a figura que questiona não soube aproveitar as condições políticas favoráveis, porque os referenciais ideológicos de onde emana estão subvertidos, porque a referência técnica que lhe era atribuída está submissa a outros interesses que não os que ideologicamente diz perfilhar, porque os trajectos do passado e os caminhos apresentados no presente não são, estou certo, os que no futuro melhor saúde poderão dar aos portugueses.

3:27 da tarde  
Blogger naoseiquenome usar said...

Se me é permitido aqui, sem desconsiderar mínimamente a escolha feita, de resto previsível, atento todo o histórico do blog e, discordando isso sim, da eventual eleição de CC em substituição da escolha feita (quantos CC´s conhecemos já? a quem podemos aplaudir? CC ou o Prof?), queria fazer aqui a exortação de todos quantos com grande dedicação e valia trabalham no SNS e não desistem.
Para mim, são estes os merecedores do "título"!
De resto, são as adversidades que nos fazem avançar - se não desistirmos - e das adversidades, podemos retirar vantagens, a par da motivação e formação, que nos fazem dar saltos qualitativos!
Vamos ser:
pró activos;
organizados;
sentirmo-nos motivados e motivar(não esquecer o efeito Pigmaleão e o poder do elogio);
adaptáveis;
críticos;
saber acvaliar e sermos avaliados.


BOM ANO, que já está, de novo, em contagem decrescente!

6:35 da tarde  
Blogger tambemquero said...

Quem escolheu o Dr. João Semedo estaria certamente mais a pensar na melhor figura que pode representar todo o pessoal da saúde.

E sob este ponto de vista a escolha foi feliz.

Parab
ens à frente de Blogues.

Bom Ano Novo para todos,

7:31 da tarde  
Blogger JFP said...

Quem lê este blog com alguma assiduidade fica com a ideia de que a candidatura de João Semedo a "Figura do Ano 2006" foi lançada mesmo na altura certa.

Pela oportunidade e "savoir-faire" os meus parabéns.

(Parece-me que vamos ouvir falar de João Semedo mais algumas vezes aqui no SaudeSA)

12:51 da manhã  
Blogger coscuvilheiro said...

A luta é muito desigual.
Contra esta maioria PS, reforçada por Cavaco Silva, é difícil esboçar qualquer movimento de oposição.

Vai ser necessária muita inteligência e coragem nos próximos tempos para evitar a capitulação, sem condições, do SNS às empresas privadas.

A muito curto prazo o sector privado ocupará uma posição hegemónica na Saúde.

É necessário construir uma oposição forte a este Governo, condição essencial de preservação da nossa democracia.

A escolha do Dr. João Semedo, nesta perspectiva, foi uma escolha acertadíssima.

1:25 da manhã  
Blogger coscuvilheiro said...

É necessário lutar contra a entrega ao desbarato do SNS às empresas privadas.

Gostavamos de ter o João Semedo a intervir regularmente na SaudeSA.

Um bom ANO para todos.

9:13 da manhã  

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