Assim, não há SNS que aguente
Segundo um estudo efectuado pela ARS do Alentejo, os custos do Serviço Nacional de Saúde (SNS) com o nascimento de portugueses em Badajoz são inferiores em quase metade aos registados no hospital de Elvas, cujo bloco de partos encerrou em Junho. link
Partindo da notícia do DD, fomos ver no site do IGIF (link) os custos de obstetrícia em 2005... são de estarrecer!! Assim não há SNS ou Orçamento de Estado que resista ...
Partindo da notícia do DD, fomos ver no site do IGIF (link) os custos de obstetrícia em 2005... são de estarrecer!! Assim não há SNS ou Orçamento de Estado que resista ...
Ex.1: Em Elvas cada doente tratada ficou em 2.619 EUROS e em Castelo Branco 2.800 EUROS (mas H St Maria apenas 900, Santarém 717, Leiria 783, Viseu742, Vale Sousa 759, Vila Real 569). Quer dizer: a) Globalmente as 430 doentes de Elvas custaram mais que as 1.606 de Vila Real!! b) No Total as 786 doentes de Castelo Branco custaram MAIS DO DOBRO (!!) que as 1.606 de Vila Real... (página 116) .
Ex.2: Em Elvas cada consulta de obstetrícia custou 122,68 Euros, ou seja + 73% que a média do Grupo de HH semelhantes, e MAIS do DOBRO de Matosinhos! Ou doutro modo: no H Évora a CE ficou por 50 Euros, mas, ali ao lado em Elvas, custou 122,68 (+145%!!!)
Aproveito para lançar um desafio ao Tonitosa e ao J.F. para a elaboração de alguns posts com base na exploração desta informação, globalmente por actividades (internamento CE, Urgência, …), por especialidades e SCDT.
Ex.2: Em Elvas cada consulta de obstetrícia custou 122,68 Euros, ou seja + 73% que a média do Grupo de HH semelhantes, e MAIS do DOBRO de Matosinhos! Ou doutro modo: no H Évora a CE ficou por 50 Euros, mas, ali ao lado em Elvas, custou 122,68 (+145%!!!)
Aproveito para lançar um desafio ao Tonitosa e ao J.F. para a elaboração de alguns posts com base na exploração desta informação, globalmente por actividades (internamento CE, Urgência, …), por especialidades e SCDT.
É necessário analisar a informação que dispomos para podermos intervir da melhor forma na gestão do nosso SNS.
6 Comments:
Fulminante este post do Xavier.
Surpreendemo-nos todos os dias com o que já conhecemos.
Vou adoptar como leitura de fim de semana aContabilidade Analítica do IGIF.
Bem haja o Xavier.
Xavier,
Aceito o seu "repto" de bom gosto mas, e procurarei informação sobre a matéria, como sabe a mesma escasseia no âmbito do nosso SNS e em particular dos HH.
Sem mais qualquer informação (e como tal tendo consciência de que certamente estarei errado) atrevo-me, no entanto a fazer com os colegas um breve exercício:
1ª questão - estamos a falar do mesmo tipo de actos? Ou em Elvas estamos a falar de cesarianas e em Badajoz de partos normais?
Ainda assim, se em Elvas havia um elevado número de partos por cesariana, o recurso a Badajoz parece ser financeiramente vantajoso para o Estado (não sei se o será para a utente);
Se em Elvas havia demasidas cesarianas, temos que concluir pela incompetência dos nossos "técnicos";
E parece que efectivamente é de cesarianas e partos normais que se trata quando falamos dos custos por parto. O que dificulta as comparações ou nos leva para comparações entre realidades diferentes.
Logo a explicação para a difença de custos tem a ver com o que parece ser um abuso do recurso a cesarianas em Portugal (e não é só em Elvas que tal ocorre!)
2ª questão - Como são apurados os custos por acto? Custos directos e indirectos? Custo médio calculado a partir do custo global dos Serviços? Todos sabemos que os nossos hospitais não têm um contabilidade analítica fiável e muito menos uniforme.
Será o custo de Elvas o valor contratado com o IGIF? E o de Badajoz o contratado com o hospital espanhol?
Nós sabemos que os nossos hospitais estão ainda longe da eficácia e eficiência dos da nossa vizinha Espanha. Mas os custos que o Xavier apresenta (dados do IGIF) parcem contradizer essa realidade!
O que não deixa de ser surpreendente.
3ª questão - De acordo com a pesquisa do Xavier, e face aos valores apresentados, não se percebem as diferenças de custos, entre alguns dos nossos hospitais/Obstetrícia.
Será credível que o custo por doente tratado varie da forma que nos é apresentada no exemplo 1?!
Não pode ser, digo eu...de caras!
4ª questão - Então em que ficamos? O custo de cada consulta em Elvas é de 99,95 euros (ARS) ou de 122,68 euros (Xavier/IGIF)?
E como pode uma CE custar em Évora 50 euros? Como é determinado esse valor?
Sinceramente a discrepância de custos, de acordo com os dados apurados pelo Xavier (com base nos dados do IGIF) é tão grande que os valores não merecem grande credibiliadde; não que o Xavier esteja errado mas porque certamente os HH não utilizam critérios contabilísticos uniformes nem critérios de imputação de custos normalizados.
Mas, não termino sem dizer o seguinte: se temos em Portugal tantos casos de custos mais baixos que os de Badajoz, porque razão não são as utentes (todas) encaminhados para Vila Real, por exemplo?!
E brincando um pouco: quanto custará um parto num combóio?
Excelente comentário do Tonitosa a chamar a atenção para um problema grave com que nos debatemos: a qualidade da nossa informação.
Tive o cuidado de confirmar os dados referidos pelo Xavier: Correctíssimos.
Os custos unitários totais incluem os custos directos (pessoal, consumos, etc) e os custos indirectos. É no cálculo destes últimos que a coisa deve falhar.
Acho que vale a pena continuar a debater este tema.
Será interessante apurar, por exemplo, porque é que Vila Real tem custos tão baixos.
Não quero de forma alguma fazer qualquer crítica ao relatório aqui apresentado(mais um, referente à Contabilidade Analítica de 2005 dos HH do SNS, porquanto o IGIF se baseia nos dados fornecidos pelos HH nacionais.
Dúvidas levanto à fiabilidade desses dados na sua generalidade, já que a falta de controlo interno, de rigor contabilístico e de centros de custo efectivos em cada Hospital e em cada Serviço em particular, adulteram os resultados, pela positiva uns, pela negativa outros.
São no entanto importantes estes relatórios para aferição do trabalho que em termos colectivos e individuais, cada um está a realizar. Mas importantes, se neles podermos ter plena confiança.
Que cada um tire as suas conclusões e que se penitencie se está “mal visto” ou que se “orgulhe” se estiver bem…
Eu, com muita sinceridade, não as consigo tirar.
Excelente tema.
Na minha vida académica já me vi confrontado exactamente com este problema: em Portugal não existe qualquer tipo de informação credível sobre os preços dos partos ou os custos do internamento nos Serviços de Obstetrícia. E se os quisermos relacionar com os custos do internamento nas Unidades de Cuidados Intensivos de Neonatologia, a situação torna-se ainda mais complicada.
Além disso, como também aqui foi referido, quando se fazem comparações deste género não se podem deixar de considerar factores que podem influenciar fortemente este tipo de custos, nomeadamente a realização de cesarianas e a existência de complicações nos partos. Por outro lado, há também o efeito de desnatação em muitas maternidades: partos com maior probabilidade de complicações são encaminhados para hospitais mais diferenciados.
Assim, penso que não valerá a pena perder-se muito tempo com estes dados: como muito bem referem o Tonitosa e o JF, parece muito pouco provável que os valores apresentados sejam comparáveis.
Estou também de acordo com a generalidade dos outros comentadores: este caso evidencia mais uma vez os graves problemas de falta de sistemas de informação fidedignos no SNS.
Quando se tenta fazer um trabalho académico nesta área é particularmente desmoralizante verificar que quase todos os países da Europa ocidental dispõem de boas bases de dados sobre partos e recém-nascidos, enquanto em Portugal é o caos: os dados da DGS, INE, IGIF e os dos registos internos dos hospitais são todos diferentes, para os mesmos hospitais, no mesmo período de tempo...! E há variadíssimos parâmetros que são alvo de registos deficientes e incompletos. No caso dos custos, o desconhecimento é quase total e só é possível obter informação hospital a hospital, e depois de partir muita pedra com os respectivos serviços de contabilidade...!
O João Pedro refere que "CC prometeu para este ano a construção de um conjunto de indicadores de forma a permitir a comparação da performance entre hospitais".
Se o fizer bem, esse será um acto absolutamente fundamental para o futuro do SNS e sustentação das políticas de saúde em Portugal.
Aliás, não seria de esperar outra coisa de um Ministro da Saúde com o seu currículo académico.
Se CC conseguir implementar bons sistemas de informação na área da Saúde em Portugal poderá salvar o seu mandato.
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