domingo, janeiro 7

Concentração de Médicos











O excesso de concentração de médicos nas grandes cidades parece ter passado para o topo da agenda do ministro da saúde. Na recente entrevista à TSF, CC referiu, como exemplo, a grande concentração de oftalmologistas nos hospitais de Lisboa.
Tentámos encontrar nos dados de Contabilidade Analítica 2005 (link, pag.89) alguma evidência, relativamente às afirmações do senhor ministo.
HGO - CUT - 2.007,53 euros; DT - 752; ET- 1.509.660 euros.
HUC - CUT - 3.707,51 euros; DT - 1.627; ET-6.032.113 euros
CHL - CUT- 3.859,37 euros; DT-1.984; ET- 7.656.981 euros
StªMaria - 5.455,19 euros; DT- 517; ET- 2.820.335 euros.

O CHL apresenta a maior concentração de médicos oftalmologistas: >DP(2.736.289 euros); >ET (7.656.981 euros); mais DT (1.984 doentes) e o >CUT (3.856,37 euros).
A contrastar com a estrutura mais ligeira do HGO (que se debate com a falta de oftalmologistas), DP (309.526 euros); ET (1.509.660 euros); DT (752 doentes); CUT (2.007,53 euros). Se os DT deste grupo tivessem sido tratados no HGO, no lugar do ET (18.019.105 euros), o SNS teria apenas gasto (9.796.746 euros), ou seja, menos 45,6%.
O hospital de St.ª Maria, não tendo a maior concentração de oftalmologistas do grupo, apresenta a estrutura mais ineficiente (elevados gastos (ET 2.820.335 euros) para tão baixa produção (DT 517).
Não é nada que o maior gestor da actualidade não possa resolver.

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Com todo o respeito pelo debate que aqui possamos ter sobre a rentabilização dos serviços clínicos e as despesas com os actos clínicos, continuo a pensar ser muito difícil avaliar a produtividade, os custos por doente tratado, as despesas com o pessoal, gastos directos, etc,etc.partindo de uma base em que a fiabilidade é duvidosa.
Um só exemplo para fundamentar o que digo:

Hospital Garcia da Horta:
nº ortopedistas (quadro e internos)-15
DP - 544,o27 euros
DT - 943 doentes
CUT - 2667,26 euros

Hospital de Fafe:
nºortopedistas - 5
DP - 707,932 euros
DT - 928 doentes
CUT- 2176,72 euros

Indice Case Mix, GDHs, afectação de dspesas com pessoal, demora média,nº tratamentos cirúrgicos, MCDT, etc.etc?

Enquanto não houver um sistema de informação eficaz e uma normalização da colheita e tratamento dos dados, muito difícilmente poderá haver uma boa gestão clínica e administrativa na saúde.

1:14 da manhã  
Blogger xavier said...

Caro JF (colega da frente)

A falta de fiabilidade da informação é um facto.
Mas ela não pode ser justificação para a nossa desistência.
Cabe-nos a tarefa de tentar tirar o melhor aproveitamento possível dos dados disponíveis.

No meu post não fui feliz na forma de apresentação do que pretendia demonstrar: ver até que ponto há excesso de médicos influencia (prejudica) a produtividade.

Os HH comparados são semelhantes, comparar Garcia Orta e Fafe é que já não parece tão seguro....

Peço que veja os quadros seguintes, com o modelo de abordagem que devemos ter na análise destes dados, e os respectivos comentários
link

Temos que aprender a explorar o que temos fazendo um esforço por ultrapassar todas as dificuldades inerentes.

Hoje tenho uma BTT excelente. Depois de ter escavacado meia dúzia de pasteleiras. Mas foi com elas que aprendi a descer e subir picadas caindo cada vez menos.

Comparada a produção de Fafe e HGO, parece-nos escassa a DP face ao n.º de médicos (15)
Devemos dividir o n.º de médicos por SU, CE, Internamento e MCDT. Ora parece normal que em Fafe não haja urgência 24 horas, daí que maior parte vá para os CC: Internamento e CE. Quanto ao HGO se tiver SU em 24 horas representa mais de 8 médicos (provavelmente 16), muitos em HE o que pesa neste serviço e alivia internamento; CE e MCDT devia pesar mas... não encontrei o CC da CE de ortopedia no G Orta.

Fafe tem menor CD no internamento e maior CT o que parece normal (custo BO e das próteses, MCDT ; distribuição dos custos de estrutura,...).

Onde é que a "coisa" falha?
- Nesta especialidade há normalmente muita "reserva de produtividade" que deveria ser maior no HGO (mais oportunidades para trabalhar no privado) - a sobrecarga da SU no GO e > peso do BO (operações mais longas, menor produtividade) pode explicar...
- Atrevia-me a dizer que o valor atribuído ao internamento no HGO tem problemas, ver restantes valores globais nos HH... (talvez afectem muito tempo à CE)

Um conselho final sobre a boa forma de utilizar esta informação
1º comparar HH semelhantes, 2º uma andorinha (erro) não faz a primavera...

Um grande abraço

2:42 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Caro Xavier

De outra forma não poderia proceder senão aceitar as suas críticas ao método de comparação que utilizei.
Não são de facto comparáveis instituições de diferentes níveis.
Mas o que eu pretendi demonstrar(não de uma maneira clara, admito) foi que não seria através das DP que se poderia aferir o número de médicos a laborar no serviço pois segundo me parece (e o Xavier que me corrija) estas DP reportam-se também a outros profissionais (para além dos médicos) que directa e indirectamente têm ou não contacto com o doente.

E fi-lo (incorrendo no risco de comparação do que é incomparável) através da desproporção enorme entre o nº de ortopedistas do H.Fafe e do HGO e os respectivos valores inversos das DT.

Mas é o incentivo para o tipo de análise que sumariamente aqui fez (a título de exemplo), para a procura dos “porquês” e para a interpretação também comparativa deste relatório que resulta a oportunidade excelente dos seus posts e dos colaboradores Saúde SA ao comentá-los.
É para isto e por isto que o SaúdeSA também existe. Um bom local de debate, de estudo e de incentivo para a análise dos problemas da Saúde.

Um abraço

7:29 da tarde  
Blogger tonitosa said...

Deixem-me meter a minha colherada!...
Sabemos há muito que não há (nunca houve) informação fiável nos HH. Até à empresarialização nem sequer havia especialização de exercícios. E não eram apurados os custos de exercíco com rigor. Infelizmente ainda hoje assim é e vimos mesmo assitindo a "truques" contabilísticos para permitir ajustar resultados a níveis menos criticáveis. Iniciou-se em 2003 um percurso que há-de (ou havia de )levar a uma contabilidade analítica (de custos) com critérios de imputação devidamante elaborados e ajustados em função do maior rigor no apuramento real dos custos globais da actividade. O que antes era feito não passava de puro "embuste". Estamos no entanto ainda muito longe daquele objectivo, por razões de diversa natureza.
Para além de realidades diferentes - de hospital para hospital - a situação torna-se mais complexa por falta de registos fiáveis, quer a nível de custos directos quer indirectos. E quando se trata de registar e tratar informação relativa à produção o panorama não é melhor. E basta vermos as elevadas dicrepâncias entre HH do mesmo grupo.
Em minha oipinião qualquer análise que se pretenda fazer de forma séria esbarra com a falta de informação e com informação distorcida.

8:16 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home