Percurso de uma profissão
(…) Os técnicos são úteis, mas também incomodam. link Dá muito jeito arranjar o suporte de um parecer técnico que corrobore, reforce e sustente a decisão política. Geralmente, o poder político encaixa mal a crítica, o comentário ou o parecer que vai em sentido diferente do pretendido. Por isso que o poder antes prefere ter um aliado dócil que um crítico competente. E depois há as novas elites. E os novos lobbys. E a alternância do poder a tornar a permanência precária e a mudança inevitável. E o esquecimento da necessidade de encontrar um equilíbrio entre as mudanças necessárias e a estabilidade institucional.
A subalternização e os ataques aos administradores hospitalares enquanto corpo profissional e em termos individuais, atingiu, por vezes, limites inimagináveis. E foi sempre constante a incapacidade ou a impotência da classe para lidar com estas situações…
Em termos de balanço, gostaria de saber, gostaríamos todos de saber, creio, o que se ganhou e o que se perdeu. Quais os ganhos que advieram para os hospitais da subalternização dos administradores hospitalares sempre que ela se verificou? E para o sistema de saúde em geral? O que está errado? É a carreira? É o Estatuto Remuneratório? Mas é ou não verdade que a maior parte dos licenciados contratados para trabalhar nos hospitais aufere remuneração superior à dos Administradores hospitalares?
Passaram 36 anos e as condições de exercício da profissão mudaram radicalmente. Há hoje disponíveis ferramentas poderosas no domínio da informação que permitem o exercício da actividade profissional com mais rigor e segurança.
Mas os hospitais também mudaram. São hoje grandes centros de tecnologia altamente especializada onde o doente apenas permanece o tempo estritamente necessário ao reencontrar do seu equilíbrio. As demoras médias e o número de camas diminuíram e o peso e a importância do ambulatório cresceram. O ritmo de funcionamento é completamente outro, mais rápido, mais exigente, mais implacável. E a exigir também maior responsabilidade.
E os Administradores Hospitalares?
Fala-se do fim da carreira. Mas a carreira, tal como foi estruturada, não acabou há muito tempo? Se não acabou, caiu em desuso que é uma das piores formas de acabar…
Mas há ou não, na óptica dos administradores, valores a salvaguardar? Haverá, ou não, um conjunto de princípios que devam ser preservados? Princípios na formação, na definição de perfis, um quadro de referência de comportamentos éticos relativamente aos colegas, aos hospitais, aos doentes e à sociedade? Se de facto acreditamos nisso, de que estamos à espera para avançarmos por esse caminho? Ou então “isto”é para acabar! Será que no futuro se justifica a sua existência? Ou dito de outra maneira: será que no futuro os poderes políticos entendem necessária a existência de profissionais com uma preparação adequada à prática da gestão hospitalar ou será que isso não faz sentido? Esgotou-se em menos de 40 anos a “vida útil” desta profissão?
Fernanda Dias, Congresso Nacional dos Hospitais, GH n.º 24
A subalternização e os ataques aos administradores hospitalares enquanto corpo profissional e em termos individuais, atingiu, por vezes, limites inimagináveis. E foi sempre constante a incapacidade ou a impotência da classe para lidar com estas situações…
Em termos de balanço, gostaria de saber, gostaríamos todos de saber, creio, o que se ganhou e o que se perdeu. Quais os ganhos que advieram para os hospitais da subalternização dos administradores hospitalares sempre que ela se verificou? E para o sistema de saúde em geral? O que está errado? É a carreira? É o Estatuto Remuneratório? Mas é ou não verdade que a maior parte dos licenciados contratados para trabalhar nos hospitais aufere remuneração superior à dos Administradores hospitalares?
Passaram 36 anos e as condições de exercício da profissão mudaram radicalmente. Há hoje disponíveis ferramentas poderosas no domínio da informação que permitem o exercício da actividade profissional com mais rigor e segurança.
Mas os hospitais também mudaram. São hoje grandes centros de tecnologia altamente especializada onde o doente apenas permanece o tempo estritamente necessário ao reencontrar do seu equilíbrio. As demoras médias e o número de camas diminuíram e o peso e a importância do ambulatório cresceram. O ritmo de funcionamento é completamente outro, mais rápido, mais exigente, mais implacável. E a exigir também maior responsabilidade.
E os Administradores Hospitalares?
Fala-se do fim da carreira. Mas a carreira, tal como foi estruturada, não acabou há muito tempo? Se não acabou, caiu em desuso que é uma das piores formas de acabar…
Mas há ou não, na óptica dos administradores, valores a salvaguardar? Haverá, ou não, um conjunto de princípios que devam ser preservados? Princípios na formação, na definição de perfis, um quadro de referência de comportamentos éticos relativamente aos colegas, aos hospitais, aos doentes e à sociedade? Se de facto acreditamos nisso, de que estamos à espera para avançarmos por esse caminho? Ou então “isto”é para acabar! Será que no futuro se justifica a sua existência? Ou dito de outra maneira: será que no futuro os poderes políticos entendem necessária a existência de profissionais com uma preparação adequada à prática da gestão hospitalar ou será que isso não faz sentido? Esgotou-se em menos de 40 anos a “vida útil” desta profissão?
Fernanda Dias, Congresso Nacional dos Hospitais, GH n.º 24
20 Comments:
Os AH's entraram no SNS pela porta grande. Entraram como quadros superiores. Quando chegaram não repararam que existiam lá, há muitos anos, técnicos com cuurricula técnica e profissional, pelo menos, similar. Pretenderam assentar praça em generais. Entraram para mudar tudo, para supervisionar em tudo. Tinham lido nos livros e, portanto, sabiam "tudo" de saúde.
Intrometeram-se, arrogantemente e desastradamente, em áreas (clínicas) onde não sabiam nada. Sendo o doente o núcleo fulcral da existência de um SNS, desprezaram (desvalozizaram) a gestão médica do doente. O importante era a gestão administrativa. Depois, mudaram a agulha, e intrometeram-se na gestão económica das unidades de saúde. Mais tarde, como não podiam ser reconhecidas competências específicas nesta área, zarparam em direcção aos emergentes grupos privados de sáude. Pelo meio, sempre tentaram parasitar ou andar próximo do poder. Hoje, ainda lá estão.
Queixam-se agora que foram esvaziados. Na realidade, não o foram. Esvaziaram-se a si próprios nos constantes conflitos (abertos ou surdos) que criaram (ou alimentaram) com os outros sectores profissionais que trabalham no SNS. Nunca foram capazes de trabalhar em equipa. Consideraram-se, sempre, um grupo à parte, para dirigir, orientar e presidir. Um grupo, acima, do difícil quotidiano das unidades funcionais da saúde... Pairavam!
Mas apesar deste perturbante percurso não têm, ainda, grandes razões de queixa. São os conselheiros privilegiados dos decisores da política de saúde, para os "outros" executarem, sem serem tidos nem achados...
Ah!... pelo meio, como outsiders, colaboram no denegrir dos outros profissionais da saúde.
É Pá! Deve ser grande o sofrimento envelhecer nessa calda de azedume.
Mas felicito-o por ter descoberto a causa de todos os males do SNS.
Caro coscuvilheiro:
Pelo contrário, foi um gozo - e um exercício - "topá-los". Para quem trabalhou muitos anos num Hospital, para quem conheceu o antes e o depois, foi um percurso aliciante. Parecia um "rally paper".
Agora, a almejada "causa dos males" é outro assunto. Todavia, creia que os AH's são parte do problema. Ou foram. Porque nesta altura do campeonato estão de debandada ou, como se lê no post, interrogando-se sobre o que lhes sucedeu. Deixaram de ser AH's, são "conselheiros" ou, se quiser, "filósofos" do(s) sistema(s)...
É Pá! É uma sorte toparmos com um cronista assim tão habilitado e conhecedor. Imagino quem lhe terá arrematado a encomenda. As grandes ordens é para o que servem.
Épá, épá, épá esses AH são mesmo espertinhos. Passaram a perna a todos os outros espertos. E eu a pensar que tinha o dono dos HH que os tinha fabricado, tal como são, e os tinha colocado nos píncaros dos HH com brutos e chorudos ordenados. Como andava enganado.
Depois de terem destruido o SNS e se porem em debandada já não há motivos para grandes preocupações. O SNS está salvo. Nem CC o consegue destruir. Épá, olha do que nos safamos!
Coscuvilheiro:
Parabéns! É um grande insinuador!
Como é óbvio a minha encomenda foi arrematada pela APAH.
A sua foi pelo CC?
xico do canto:
Não se safou tão depressa... como pensa.
O processo está em curso. Não está arrumado como parece desejar.
éoquetemos:
"Os AH entraram pela porta grande do SNS? Não entraram, não. Pela simples razão que, quando entraram, ainda não havia SNS.
Meu amigo, não vamos recuar aos tempos de Hipocrates. Certamente entendeu que me referia apos a implementação do SNS . E aí, repito, sem receio, que os AH's entraram pela porta grande. Não vamos, portanto, fazer chicana com formalismos. Aliás no comentário explico porque: Entraram, com um estatuto privilegiado, como quadros superiores.
Não tem razão em se queixar de os "gestores" terem entrado na quinta. Há muito que os AH's tinham vestido a casaca de gestores - que não eram! Leonor Beleza só aproveitou a deixa. Quem coloca um Hospital no mercado, como se fosse uma fábrica, apanha com as leis do mercado.
Por outro lado, recuando muito, talvez não seja tão importante ou premente enfatizar o trabalho nas Misericórdias quando uma incipiente administração pertencia a uma mesa de "irmãos".
De acordo, quando faz a seguinte pergunta: Mas há alguma classe profissional onde sejam todos bons? Ou todos maus?. Todavia, no terreno, não se tem vivido à sombra deste legítimo questionamento. A verdade é que se criaram bodes espiatórios. Que estão saturados deste papel. "É o que temos" vivido!
Meus amigos,
Como poderia eu ficar indiferente a este "bate-papo", depois de tanto ter escrito sobre a polémica da nomeação dos gestores dos SA's, tão "estupidamente" criticados por CC e MD?
Na verdade não vou adiantar muito mais ao que já disse.
Mas a verdade é que o SNS está como está (e já esteve pior?) e só muito recentemente os ditos "gestores" (não médicos e não AH) foram chamados a desempenhar funções.
Mas, meus amigos, não concordo com este atirar de pedras. Eu escrevi, há uns bons meses atrás, que há bons e maus AH, tal como há bons e maus "Gestores". E conheço de uns e de outros (opinião meramente pessoal, como se compreende) e por isso reafirmo que conheço muitos AH competentes e alguns que nem para simples Administrativos lhes reconheço competências.
E sei de "Gestores" que são muito bons a apresentar trabalho feito por outros, particularmente projectos (feitos por fornecedores externos) que nunca são capazes de implementar. E como também já escrevi, nós, funcionários públicos, (AH ou outros) somos tão bons como os outros. Dêem-nos condições para trabalhar e não tememos o desafio.
Fico por aqui.
Um abraço a todos.
Têm surgido no Saudesa vários comentários que exploram a dicotomia entre os prestadores directos ( maxime Médicos) e gestores que julgo deveriam merecer mais ponderação.
Não podemos esquecer que as mudanças no sistema de saúde se estão a processar num contexto de profunda crise económica.
Dessa realidade decorrem fenómenos sociológicos que afectam profundamente os profissionais de saúde, confrontados com escolhas psicologicamente muito difíceis.
Os gestores encontram-se numa posição delicada, porque lhes incumbe comprometer, na via da gestão, pessoas que naturalmente têm tendência a considerá-los como o símbolo de todos os males.
Num tal contexto, toda a tentativa de forçar a mudança, pelo reforço do poder de enquadramento burocrático, tem uma eficácia limitada e até efeitos perversos.
Frequentemente o resultado é tornar mais rígidas as relações existentes entre a componente da gestão e a componente técnica, acentuando o controlo administrativo da actividade técnica.
Os Médicos, os Enfermeiros e todos os outros prestadores directos de cuidados de saúde exercem a sua actividade no quadro duma organização complexa.
A sua eficácia está fortemente dependente da eficácia da própria organização. Por isso se vêem constrangidos a interessar-se por domínios que não são estritamente técnicos e pertencem ao universo da gestão.
Os custos duma terapêutica, ou de exames complementares de diagnóstico, não podem ser considerados em função dum caso clínico considerado isoladamente, mas devem ser analisados no contexto mais abrangente do potencial de cuidados correspondente a um conjunto finito de meios.
Por outro lado a gestão não pode ser reduzida à procura do custo mínimo. A luta contra o desperdício não tem nada de exaltante em si mesma. Ela só ganha sentido num quadro de objectivos definidos, de forma participada, por todos os responsáveis.
Pedir a um Médico que assuma, individualmente e caso a caso, a responsabilidade de restringir recursos é ilusório e desumano.
Remeter este problema para procedimentos administrativos é extremamente perigoso, porque significa agir às cegas.
A responsabilidade de racionalização de meios deve ser assumida colectivamente, solidariamente e de forma prospectiva pelos responsáveis de todos os níveis organizacionais, por todos os profissionais de saúde e pelo cidadão para quem, afinal, o sistema existe.
Na guerra contra os AH, cada um compra a que mais lhe interessa.
Tal como a FD refere no seu texto a Saúde, a gestão hospitalar, têm sofrido transformações profundas nos últimos tempos. Estamos a fazer a transição de uma gestão administrativa baseada na aplicação e vigilância do cumprimento das leis, para uma gestão empresarial caracterizada pela utilização de sistemas de informação e metodologias deveras complexos.
Ao contrário de LFP, o actual ministro da saúde apostou nos AH, atribuindo-lhes variadas responsabilidades na Administração da saúde.
O balanço do primeiro "round" é altamente positivo. Quase todos os AH, quer os colocados em funções de gestão intermédia, quer os AH com responsabilidades de gestão de topo, cumpriram com eficácia os objectivos traçados pela tutela.
E a procissão ainda vai no adro.
Aguardemos os resultados dos próximos anos, que serão, tudo o indica, a confirmação efectiva da qualidade destes profissionais.
Portanto o futuro é risonho.
É Pá! mas quem é este artista da TV, cinema, video e cassete pirata?
Porta grande, porta pequena, zarpanços, rally paper, denegrir, filosofar, as coisas que este jovial da matiné sabe!
A saudesa tem de criar uma rubrica de variedades para enquadrar este criativo.
A avaliar pelo jeito promoção da banha da cobra, tipo bancada central, deve tratar-se de um DIM em ressaca de férias num ressort do país irmãooo.
As audiências vão subir.
Caríssimo hospitalepe:
Você é que me saiu um artista. Um acrobata do estilo que trabalha sem rede.
Já andamos por cá há muito tempo. Se calhar estava na matiné e distraiu-se. Ou então na tal rubrica de variedades onde terá um lugar reservado para destilar o seu viperino humor, do tipo em voga: “isto é uma espécie de magazine”…
O que o incomoda (mau grado o falso fair-play e a insolente jactância) é um “gajo” (fora do redil) trazer assuntos que inquinam os bastidores da saúde para a “praça pública” (salvo seja). Estavam os AH’s entretidos a falar de: “adverse selection, benefit packag, capital cost, capital expenditure, capitation payment, catastrophic health expenditure, community rating, contracting, contributory scheme, average cost, direct cost, economic cost, financial cost, fixed cost, incremental cost, indirect cost, marginal cost, opportunity cost, recurrent cost, replacement cost, semi-fixed cost, unit cost, variable cost, co-payment…etc”, como é de bom tom numa tertúlia do tipo british country club, onde o snobismo e as questões diletantes pontificam, e vai daí o tal “gajo” começa a falar em coisas “corriqueiras”, que deviam permanecer silenciosas: “ porta grande”, “concubinato com o poder”, “zarpanços” (melhor debandadas), etc.
Tal como um sacristão de uma recôndida capela sentiu necessidade de caracterizar o intruso (comentador) que perturbou a cerimónia, depressa e já. E, não sendo, com certeza, um AH só pode ser um DIM ( …no melhor estilo da adivinhação “zandinga”). A tal ressaca faz parte do mesmo estilo.
Se pretendeu intimidar procurando zurzir pelo ridículo escorregou inexoravelmente para a vulgaridade. E a vulgaridade é inversamente proporcional à sociabilidade.
O que fica a saber é que, independentemente das audiências (que parecem preocupá-lo…), dos espaços de variedades (onde julga que se vai divertir…), postarei - enquanto houver liberdade para isso - os comentários que achar convenientes.
Os solilóquios têm os dias contados. As audiências não gostam!
éoqtemos:
Não vale rescrever a história à nossa medida. É batota.
Quando os AH entraram nos HH franquearam a tal "porta grande" e dirigiram-se aos corredores da Administração. Instalaram-se. Particamente não sairam de lá. Sentaram à mesa da administração e começaram a "produzir". Os serviços hospitalares (mesmo para os AH's colocados em chefias intermédias) eram "miragens" onde deambulavam ou se alactoavam uns pacientes que, seguramente, responderiam aos planos, aos números, aos mapas, aos financiamentos, aos projectos, às estatísticas...
A arrogância morou sempre aí. Na auto-suficiência de quem não conhecendo o ambiente hospitalar sabia tudo sobre HH's, sobre sistemas de saúde, sobre modelos assistenciais e até sobre nosologias. A presença de um AH num Serviço (caso não necessitasse de assistencia médica) era um bodo aos pobres.
A migração dos AH para os circulos próximos do poder e, paulatinamente, para os grupos privados de sáude, é precoce e torrencial. Não tinham queda para a função pública. O seu "negócio" era outro e os condicionamentos das regulamentações públicas coartavam-lhe os voos.
Agora não têm de esperar que os Mellos, ESSaude, CGD, BNP vão à falência. Antes disso, os AH's vão sendo substituidos por gestores, economistas, engenheiros com MBA, etc. Com certeza que conhece este "filme". É no que deu transformar os HH´s em empresas e em PPP. Não foi? O mercado é implacável!
O happy end é que os Mellos, ESSaude, CGD, BNP não vão à falência... esteja descançado. Vão vender os seus grupos de saúde aos espanhóis e depois teremos um novo ciclo.
O mercado a funcionar... e a estragar a idílica estória!
PS - de qualquer modo já percebi que a tal "porta grande" é um engulho. Mas foi assim!
éoquetemos:
Peço desculpa. "Descançado" foi um "lapso teclae".
Eu não reescrevi a história... Explicitei a estória cujo resumo não era o "apenas"...
Finalmente, eu não estaria tão descansado. Não é fácil sobreviver a todos os ciclos.
ÉPá, é destes que eu gosto, salvo seja!
Não é que o é pá, por dá cá aquela palha, soltou-se em torrencial algaraviada com brios de academista (à Dantas) acabando por alinhavar um texto de fino recorte camiliano.
Artista é vossemecê, caro épá! Espécime de magazine.
Aconselhava-o mesmo a deixar a indústria e fazer um castings nas produções fictícias. Nunca é tarde para revelar todo o talento que há em si.
Permite-me só um pequeno reparo. Penso que o épá terá cometido um pequeno erro de análise quando se referiu à tertúlia do tipo “british country club”. Preconceito de classe, o seu. Revelador de humildes origens. Também eu. Tenra idade iniciei-me no gamanço e outras artes afins para conseguir custear os cigarritos (aqui para nós. que ninguém nos lê, os charritos) e a prancha de surf (odeio quem faz body bord, uns maricões...).
Pela gíria druckerniana deduzo que que lê muitos rótulos, o que confirma o meu palpite que o épá é um garboso DIM exercitado em atribuir pontuações aos médicos da nossa praça. Por embalagem prescrita.
Quanto à sua fezada de comentarista, por mim, esteja à vontade o cyberespaço aguenta com tudo.
Alíás sou de opinião que a sua crítica irreverente, descomprometida, fora do redil, libertadora, rendilhada, faz falta a este blogue de gente conformada. Um pequeno must para estes campónios habituados às leituras áridas dos books de gestão hospitalar e estatística.
Um pequeno conselho: fale, aliás escreva do que sabe. Essa da porta grande não lembrava ao diabo. Eram as portas dos hospitais das misericórdias, desconjuntadas, mas de qualquer forma imponentes. de uma imponência decadente.
Dê-se por feliz. Eu por cá continuo no mesmo hospital de sempre, a entrar todos os dias pela porta grande com o recém instalado controlo electrónico de assiduidade.
Está a ver?
No seu tempo não havia destas modernices.
O caro épá safou-se a tempo... pela porta dos fundos.
hospitaepe:
A sua prosa displicente, visceral e alegórica, não consegue esconder certo incómodo.
Continua a tentar adivinhar. Mais parece um monge tibetano tentando prever o imprevisível...
Já que se mostrou tão pródigo a emitir palpites, vou adiantando, para sua orientação:
- Não sou leitor de Júlio Dantas, nem de Camilo.
- Frequentei, na adolescência (calhou - veja lá!), um "british country club"...
- Não sou DIM...
- Não pontuo médicos...
- Não me fico pelos rótulos...
- Não trabalhei nas Misericórdias...
- Não tenho (ainda) controlo de assiduidade biométrico...
- Não saí...nem pela porta grande... nem pela dos fundos...(ainda estou lá!)
Ah! já mudei de Hospital...
E, assim sendo, penso que poderei continuar, por aqui, a escrever. Do que sei, esteja tranquilo.
Portanto, não padeço do carrocel de moléstias que me imputou. Mas tenho de reconhecer que a sua especialidade não é o diagnóstico (clínico, para precisar).
E, se quiser, poderei escancarar a desconjuntada "porta grande" (que tanto prurido lhe faz).
Assim, ficam a saber por onde entraram...
E, o épá desbulhou-se em revelações surpreendentes...
Afinal, ambos curtimos o country club, o que não é por acaso.
Só faltou dizer que trabalha no mesmo hospital do JMS.
Lamentável não dar um ajudinha na redacção dos inúmeros textos que o professor publica no "tempo de medicina". Escrever, falar, em português, para muitos cidadãos é uma aventura. Um tormento para quem os lê.
Com este bate papo, bate tecla, esquecemo-nos da Dr.ª Fernanda Dias e da sua análise sobre o destino de uma profissão.
Mas como o épá prometeu escancarar o portão, ficamos a aguardar.
Seja benvindo ao clube dos comentadores loucos.
Hospitaepe:
Acertou! Depois de tantos palpites tinha de ser.
Já que o preocupa tanto a origem, é verdade que trabalho no mesmo HH do JMS. Mas não pertenço ao clã. Se tiver atento, verá que tenho um espirito mais consentâneo de um "franco atirador".
Já agora, não me diga que trabalha em Matosinhos...
Finalizo, em consonância com o seu último voto, com um pequeno excerto do " Elogio da Loucura " (Herasmos)
" Já sabia que nenhum de vós é bastante sábio, ou bastante louco, digamos bastante douto... "
Não, trabalho nesta cidade de cultura boémia e resistentes defensores do direito à preguiça.
A uns escassos quarteirões do nosso ministro.
Um abraço
nota:
ando a escrever um ensaio sobre as urgências hospitalares. Vou convidar o JMS para redigir o prefácio e a exortação final.
hospitalepe:
Afinal trabalha "próximo" do poder...Devia ter previsto!
Não escreva sobre as urgências sem passar largas horas nesse "inqualificável" ambiente.
E não se esqueça dos dramas dos dias festivos, senão o JMS não lhe faz o prefácio, nem o posfácio - talvez um requiem...(suponho eu!)
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