Alguns factos indesmentíveis
As Farmácias Portuguesas nunca foram uma parte do problema do sistema de saúde português.
As Farmácias Portugueses garantem e fornecem aos portugueses um bom acesso a produtos farmacêuticos a um nível de serviço aceitável.
O circuito de distribuição-dispensa, funciona bem, com as margens mais baixas da Europa e com um nível de serviço entre os melhores do mundo.
As Farmácias Portuguesas não intervém em nenhum ponto do processo na produção do preço final de uma especialidade farmacêutica comparticipada. O preço dos medicamentos aprovado pelo MS e a DGE é um preço político e concertado, que não traduz os verdadeiros custos de produção fabril e matérias primas, só assim se justifica que produtores com sistemas de custos completamente díspares consigam aprovar preços de venda a armazenista exactamente IGUAIS sejam genéricos sejam similares. Onde anda a AdC no momento de aprovação dos preços de medicamentos?
A taxa de substituição de genéricos andará entre os 16 e 20 %, a maioria faz-se por substituição tácita e não por verdadeira autorização de substituição do médico. (Apenas 3,1% dos casos.)
Como o ministro prometeu um novo modelo de receita médica em que a substituição tácita deixará de ter lugar está-se mesmo a ver qual o impacto no mercado dos genéricos e na despesa do Estado desta medida...
As medidas de abaixamento generalizado dos preços em dois anos consecutivos em 6%, com abaixamento concomitante da margem da distribuição não vem resolver nenhum problema de fundo, apenas penalizam duplamente as Farmácias. São medidas que não poderão continuar indefinidamente por razões obvias. Aliás o aumento de consumo de Janeiro de 2007 relativamente a Janeiro de 2006 será certamente superior a 2 dígitos!!!
Eduardo Faustino
8 Comments:
É bom voltar a "ler" Eduardo Faustino. Um abraço para si.
Fico curioso por conhecer oa dados de 2007.
Entretanto apesar de mais uma redução (forçada...mas talvez justificada?) dos preços, dos bolsos de todos nós irão continuar a sair cada vez mais euros para medicamentos.
E isto, quando, como disse Manuel Pinho, os nossos salários são dos mais baixos da UE (toma lá que já almoçaste...).
Mas somos pouco reivindicativos. O POVO É SERENO.
Uma coisa são as Farmácias Portuguesas "per si", outra será a ANF, que as representa.
Algumas das verdades expressas neste post, absolutamente correctas em termos de farmácias ("tout court"), poderão não ser tão límpidas e transparentes em termos de ANF.
Será que a ANF é tão "indiferente" em termos de produção e de distribuição, nomeadamente, no que diz respeito aos genéricos?
Quantos países tem um orgão de cúpula do tipo "Instituto Nacional da Farmácia e do ...." (o dito INFARMED)?.
Misturar FARMÁCIA e MEDICAMENTO, no mesmo Instituto, não levanta qualquer tipo de conflitos de interesses?
Penso que o problema poderá estar aí.
Não na "passividade" da AdC.
A minha vénia a Eduardo Faustino pela pertinência do seu post.
Subscrevo inteiramente o que foi dito.
Um abraço a todos, aproveito para escrever mais alguma notas soltas Notas Soltas sobre as questões que vão na cabeça de um farmacêutico de oficina em 2007...
Em meu entender as farmácias em si não estão contra o abaixamento de preços dos medicamentos em 6%; desde sempre achamos que a situação vigente era insustentável. Se os preços baixassem 6 % no PVA todos os intervenientes no circuito seriam chamados a dar o seu contributo nos sacrifícios que são pedidos a todos os portugueses.
O problema é que as farmácias foram penalizadas em relação à situação vigente em 2005 numa quebra de margem operacional de 19,37% ...
Como é que os senhores conseguiam gerir o vosso orçamento familiar se o Vosso salário tivesse uma quebra em 2 anos de 19,37%??? Qual é a mensagem que eu transmito aos nossos colaboradores que trabalham 40 horas por semana, sábados domingos e feriados quando necessário... que infelizmente o esforço deles não pode ser recompensado no aumento do salário por valores que ao menos compensem a inflação do ano!!!???
Caro Tonitosa,
Concordo com a justificação redução dos preços naqueles segmentos e moléculas que tem “adiposidades” significativas. Mas quem aprova os preços de venda a público...? São as Farmácias e os Farmacêuticos ou é o governo???
Em meu entender existem moléculas e segmentos em que os preços poderiam descer mais de 30%, por exemplo estatinas, inibidores da bomba de protões... e outros em que os preços deveriam inclusivamente aumentar... Não é por acaso que algumas empresas pura e simplesmente retiraram os produtos antigos do mercado português! o abaixamento cego de 6% é estúpido e não resolve nenhuma questão de fundo. Daqui por dois anos estaremos exactamente na mesmíssima situação
Caro jyronimo
"Substituição tácita" pode fazer-se quando o médico na receita prescreve por marca comercial, um produto que tem alternativa genérica, mas não coloca na receita a cruzinha em que se opõe à substituição.
Neste caso o doente é informado pelo farmacêutico que aquele produto possui alternativa genérica e que o médico não se opõe à sua substituição por um produto genérico. Neste contexto o doente opta ou por aviar o produto de marca mais caro ou o genérico. No primeiro caso pagará mais e no segundo menos.
O Eduardo Faustino focou o cerne da questão: nem as farmácias, nem a ANF intervêm no PVP dos medicamentos comparticipados, ao contrário do que se tentou fazer passar para a opinião pública (cheguei a ver economistas respeitáveis defenderem publicamente que a liberalização da instalação de farmácias permitiria baixar os preços dos medicamentos).
Em relação à substituição tácita, é importante esclarecer que se trata de algo claramente previsto na lei e não de uma qualquer interpretação livre ou discutível.
Eduardo Faustino,
Esta é daquelas matérias em que me declaro muito mais um "consumidor comum" do que especialista.
Daí o ponto de interrogação na frase ..."talvez justificada".
Sou um defensor convicto do mercado e da concorrência. Mas bem sabemos que não há verdadeiro mercado de concorrência no sector dos medicamentos. E nem surpreende que assim seja atendendo à sua especificidade e aos elevados custos da investigação científica.
Há pois necessidade de intervenção das entidades "reguladoras"/MS.
Concordo consigo em tudo que disse e particularmente no que respeita a uma redução "inaceitável" das margens das farmácias (ou então há que demonstrar que as margens anteriores eram excessivas...muito excessivas).
E naturalmente, como diz, não demoraremos a voltar à mesma situação.
Mas CC prefere a estratágia de curto prazo...e do "depois logo se vê".
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