domingo, julho 15

Em defesa das nossas bolas



Depois do encerramento de quase todos os restaurantes chineses, roulotes da marginal, e das más notícias sobre o capitão Iglo, as Bolas de Berlim parecem ser as próximas vitimas da sanha fiscalizadora da ASAE.

A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) vai fiscalizar este Verão as «bolas de Berlim», que se vendem nas praias de todo o país . tsf

É chegada a hora das Gerações de consumidores se unirem em defesa das nossas Bolas, contra o ASAE, esse perigoso inimigo público do "que não mata, engorda e sabe bem.
tambemquero

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3 Comments:

Blogger e-pá! said...

Um excelente artigo de VPV no "Público" de domingo onde se fala das bolas de Berlim.
Resta esperar que, nesta escalada burocrático-normativa, não acabem por "entalar" as "nossas bolas".
Dói p'ra carago!

Neste andamento, sugeria uma nova campanha de praia contra as "línguas da sogra" ou a "bolacha americana" (conforme os locais), contra os gelados estrangeiros, etc.
Um novo slogan: praias com produtos portugueses!
Incluindo o merecido sossego das "nossas bolas"...

12:09 da tarde  
Blogger tambemquero said...

Má educação

15.07.2007, Vasco Pulido Valente




Não sei como a minha geração, que viveu em permanente perigo de morte, conseguiu chegar à idade adulta. A bolas-
-de-berlim, por exemplo. Quando, em 1940 ou 50, comecei a ir à praia, comia bolas-de-berlim, com a criminosa colaboração da minha família. Aparecia a D. Aida com a sua lata e, em dez minutos, lá iam duas bolas a escorrer de creme, sem qualquer investigação ou autorização do Estado. O Estado nessa altura não se interessava pela minha saúde. Fazia mal, fazia muito mal. Agora felizmente existe uma Autoridade de Segurança Alimentar e Económica, a ASAE, que vigia este delicado comércio. As bolas têm hoje de estar em malas térmicas com uma temperatura de, pelo menos, 7 graus, têm de ser servidas com pinças (suponho que para evitar o pernicioso contacto da mão humana) e os vendedores têm, como é natural, de tirar um curso especial de "manuseamento". As multas vão até aos 3740 euros; coisa que se percebe muito bem quando se trata de combater a bactéria e a toxina e, sobretudo, de proteger a infância.
Mas não se julgue que a ASAE fica por aqui. Sendo uma polícia cumpridora, não esquece esse outro foco de infecção, que tanto envergonha Portugal: a festa popular. O povo, manifestamente, precisa de quem o defenda de si mesmo. E a ASAE não hesita. Na festa de Odivelas, fechou 16 barracas que vendiam "alimentos", por "falta de higiene" e "deficientes condições técnico-funcionais", e aprendeu 25 quilos de produtos "fora das regras". Quantas vidas não salvou com esta intervenção paternal? E que exemplo não deu a dezenas de loucas localidades, que preparam festas sem o escrúpulo e a assepsia que o nosso querido corpo exige.

Em Inglaterra, até já se criou uma ASAE que se ocupa do espírito e que proibiu (por racismo) um álbum de Tintim, o Tintim no Congo. Esperemos que o eng. Sócrates nos dote rapidamente com uma instituição semelhante. Na minha adolescência, era permitido ver filmes em que os cowboys matavam índios do princípio ao fim: um espectáculo deletério e deformador, que fica para sempre. Às vezes penso que, sem as bolas-de-berlim da D. Aida, sem as feiras populares por onde inconscientemente andei e sem cowboys, seria com certeza uma pessoa muito melhor. Mas, por má sorte, o Estado do dr. Salazar não me educou, nem educou o povo, como o Estado benemérito e providencial da "Europa" e do eng. Sócrates. Não se imagina o que sofri com isso. E o que ainda sofro.
JP 15.07.07

12:54 da tarde  
Blogger tonitosa said...

Naturalmente que precisamos de quem fiscalize. Naturalmnete que muitas das coisas que comemos não se apresentam nas melhores condições de higiene e não são manuseadas como deviam sê-lo!
Mas a ASAE parece muito interessada em dar espectáculo. Faz o seu trabalho sempre com muito folclor e nesse aspecto não merece aplausos.
Há no entanto coisas bem mais graves de que ainda não ouvi falar. Temos por todo o país, e particularmente nos grande centros urbanos, milhares de restaurantes a funcionar em caves (pelo menos parcialmente) e onde, se um dia houver um incêncio, os clientes passarão a "churrasco".
Temos um El Corte Inglês, com parques de estacionamento e lojas a funcionar em caves, donde dificilmenmte alguém escapará com vida se houver um incêncio e o consequente pânico. E (pelo menos eu) desconheço se os serviços de Bombeiros chegaram a dar parecer favorável. Aquele parque de estacionamento é um horror!
E vemos muitas vezes nas grandes e médias superfícies produtos frescos sem qualidade e mesmo nalguns casos já deteriorados (a mim já por mais do que uma vez me aconteceu chegar a casa e ter que ir devolver os produtos - fruta, carne e castanhas). Alguém se lembra de ter visto uma operação da ASAE ser filmada nesses locais? Ou ter a mesma sido publicitada?

7:56 da tarde  

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