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Correia de Campos e Sócrates preparam–se para enterrar o Serviço Nacional de Saúde. No melhor estilo neoliberal, o governo destrói o serviço público de saúde que foi uma das maiores conquistas da revolução de Abril.
O aumento de taxas moderadoras, a introdução de novas taxas, a diminuição da comparticipação de medicamentos, a imposição de limites nos gastos com medicamentos e material de desgaste nos hospitais e centros de saúde, o encerramento de urgências, centros de saúde e maternidades são apenas os primeiros passos da destruição do SNS.
Aí estão as propostas “reformistas”, diga-se exterminadoras, da “Comissão para a Sustentabilidade do Financiamento do SNS”, criada pelos ministérios das Finanças e da Saúde, que sugere um definitivo modelo de soluções de financiamento: “Há um conjunto de opções de financiamento dos cuidados de saúde das populações que implicariam um desmantelamento do próprio SNS”. A comissão liquidatária do direito à saúde, consagrado na constituição, revê toda a lógica de um serviço público de saúde para todos. António Arnaut, o socialista que deu à luz o SNS, insiste que o ministro é ateu em matéria de SNS. Simpático eufemismo! O ministro, em matéria de SNS, é um exterminador implacável.
As gerações mais jovens não se recordarão do “sistema” de saúde do salazarismo e da sua ausência de cuidados e de serviços de saúde. Os ricos compravam saúde, os pobres, a imensa maioria, sujeitavam-se ao assistencialismo caritativo das misericórdias.
Há dias, em Cannes, Michael Moore apresentou o seu novo documentário - “Sicko”.
“Sicko”, entre sick e psycho, é uma viagem por sistemas de saúde e levanta questões sobre saúde pública e privada nas mãos das seguradoras. O documentário narra histórias dramáticas de gente real que vive num dos países mais ricos do mundo mas vê o direito à saúde ser-lhe constantemente negado. Um casal negro abandona um hospital com um bebé doente nos braços, sem atendimento. Um grupo de idosos sem-abrigo é posto na rua.
Uma ex–funcionária de uma seguradora confessa ter negado autorizações para cirurgias urgentes. Um homem que cortou dois dedos numa serra eléctrica teve de optar, por imposição da seguradora, qual é que queria ver reconstituído. Só havia cobertura para um! A rapariga que teve um acidente de carro, quando recuperou a consciência no hospital, percebeu que a seguradora não lhe ia pagar nada, porque não os informara antecipadamente da necessidade de assistência! A jovem de 22 anos com um cancro não tem qualquer ajuda da seguradora para tratamentos. Aos 22 anos, um cancro é um luxo! No sistema de saúde americano, explica Moore, não há intervenção do Estado e os doentes são um estorvo para as empresas privadas, as seguradoras, que não tratam doentes, mas do lucro máximo.
Moore enaltece o sistema de saúde cubano. Moore transportou vários doentes crónicos para a terra de Fidel, onde estes tiveram acesso a tratamentos, que lhes foram negados nos EUA. As estatísticas não enganam, os cubanos gastam 45 vezes menos em saúde, mas com a mesma esperança média de vida, 77 anos, a mortalidade infantil é menor em Cuba, país submetido a bárbaro bloqueio. Por isso as autoridades americanas, no país de todas as liberdades, não perdoam a Moore, ameaçam-no por violação do embargo.
Em 2002, Nick Cassavetes realizou o filme “Um acto de coragem” com Denzel Washington no protagonista. Uma criança necessita urgentemente de um transplante de coração e sem ter como o pagar - o plano de seguros não cobre despesa tão elevada - o pai toma como refém o pessoal das urgências do hospital. Cinema ou a realidade importada por Sócrates & Correia de Campos? Brevemente numa sala perto de si?
27-06-2007
Francisco Queirós, diário beiras on line, 27.06.07
O aumento de taxas moderadoras, a introdução de novas taxas, a diminuição da comparticipação de medicamentos, a imposição de limites nos gastos com medicamentos e material de desgaste nos hospitais e centros de saúde, o encerramento de urgências, centros de saúde e maternidades são apenas os primeiros passos da destruição do SNS.
Aí estão as propostas “reformistas”, diga-se exterminadoras, da “Comissão para a Sustentabilidade do Financiamento do SNS”, criada pelos ministérios das Finanças e da Saúde, que sugere um definitivo modelo de soluções de financiamento: “Há um conjunto de opções de financiamento dos cuidados de saúde das populações que implicariam um desmantelamento do próprio SNS”. A comissão liquidatária do direito à saúde, consagrado na constituição, revê toda a lógica de um serviço público de saúde para todos. António Arnaut, o socialista que deu à luz o SNS, insiste que o ministro é ateu em matéria de SNS. Simpático eufemismo! O ministro, em matéria de SNS, é um exterminador implacável.
As gerações mais jovens não se recordarão do “sistema” de saúde do salazarismo e da sua ausência de cuidados e de serviços de saúde. Os ricos compravam saúde, os pobres, a imensa maioria, sujeitavam-se ao assistencialismo caritativo das misericórdias.
Há dias, em Cannes, Michael Moore apresentou o seu novo documentário - “Sicko”.
“Sicko”, entre sick e psycho, é uma viagem por sistemas de saúde e levanta questões sobre saúde pública e privada nas mãos das seguradoras. O documentário narra histórias dramáticas de gente real que vive num dos países mais ricos do mundo mas vê o direito à saúde ser-lhe constantemente negado. Um casal negro abandona um hospital com um bebé doente nos braços, sem atendimento. Um grupo de idosos sem-abrigo é posto na rua.
Uma ex–funcionária de uma seguradora confessa ter negado autorizações para cirurgias urgentes. Um homem que cortou dois dedos numa serra eléctrica teve de optar, por imposição da seguradora, qual é que queria ver reconstituído. Só havia cobertura para um! A rapariga que teve um acidente de carro, quando recuperou a consciência no hospital, percebeu que a seguradora não lhe ia pagar nada, porque não os informara antecipadamente da necessidade de assistência! A jovem de 22 anos com um cancro não tem qualquer ajuda da seguradora para tratamentos. Aos 22 anos, um cancro é um luxo! No sistema de saúde americano, explica Moore, não há intervenção do Estado e os doentes são um estorvo para as empresas privadas, as seguradoras, que não tratam doentes, mas do lucro máximo.
Moore enaltece o sistema de saúde cubano. Moore transportou vários doentes crónicos para a terra de Fidel, onde estes tiveram acesso a tratamentos, que lhes foram negados nos EUA. As estatísticas não enganam, os cubanos gastam 45 vezes menos em saúde, mas com a mesma esperança média de vida, 77 anos, a mortalidade infantil é menor em Cuba, país submetido a bárbaro bloqueio. Por isso as autoridades americanas, no país de todas as liberdades, não perdoam a Moore, ameaçam-no por violação do embargo.
Em 2002, Nick Cassavetes realizou o filme “Um acto de coragem” com Denzel Washington no protagonista. Uma criança necessita urgentemente de um transplante de coração e sem ter como o pagar - o plano de seguros não cobre despesa tão elevada - o pai toma como refém o pessoal das urgências do hospital. Cinema ou a realidade importada por Sócrates & Correia de Campos? Brevemente numa sala perto de si?
27-06-2007
Francisco Queirós, diário beiras on line, 27.06.07
3 Comments:
O VPV não estaria a pensar neste tipo de jornalismo quando escreveu isto:
Mesmo a maior parte dos cronistas são ignorantes, e o que escrevem são crónicas desnecessárias ou desabafos, aquilo a que chamo jornalismo da indignação. Mas faz muito sucesso, porque como as indignações são básicas, há muita gente a partilhá-las, e a ficar feliz por o senhor X, que até escreve no jornal, pensar como elas."
Quando o engenho não dá para mais, faz-se o filme...
Vale que estamos na Europa onde se defendem outros valores. Arrepio-me sempre que ouço economistas da saúde portugueses a defender ou dar como um bom exemplo o sistema de saúde dos EUA.
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