Gestores Hospitalares
Bons Samaritanos
Joaquim Pinheiro, director clínico da ULSM, propôs aos colegas de Conselho de administração, a utilização de 175 mil euros destinados à compra de viaturas de uso pessoal, no financiamento de 25% do custo total de equipamento destinado ao serviço de neurologia (microscópio, sistema de neuronavegação e broca cirúrgica de precisão). link
Parece tratar-se, em princípio, de uma decisão acertada (já que a atribuição de viatura aos gestores hospitalares, legalmente consagrada, continua a ser pecado). Traduzida de imediato num golpe de publicidade para a administração do hospital .
Mas não de uma decisão exemplar.
O que se espera dos gestores hospitalares é que sejam competentes. Façam boa gestão. Obtenham bons resultados. Utilizem com eficiência os meios postos à sua disposição de forma a conseguirem prestar cuidados de qualidade às populações.
Parece tratar-se, em princípio, de uma decisão acertada (já que a atribuição de viatura aos gestores hospitalares, legalmente consagrada, continua a ser pecado). Traduzida de imediato num golpe de publicidade para a administração do hospital .
Mas não de uma decisão exemplar.
O que se espera dos gestores hospitalares é que sejam competentes. Façam boa gestão. Obtenham bons resultados. Utilizem com eficiência os meios postos à sua disposição de forma a conseguirem prestar cuidados de qualidade às populações.
2 Comments:
Se atendermos à redução do investimento do Estado em novas tecnologias, trata-se de uma decisão exemplar.
Uma chapada de luva branca aos decisores do programa Saúde XXI e em última instância ao ministro da saúde.
Não! Não quero chamar-lhe caridade. Nem vou considerar a atitude solidária como um óbulo ou uma oferenda a Hipocrates.
Não sou (nem na política e nem na religião) um "cristão-novo".
Vamos, antes, chamar-lhe filantropia.
Filantropia, da nova, didáctica.
O equipamento requisitado (oportunamente) pelo ULSM para o Serviço de Neurocirurgia, vai permitir a realização, com moderna tecnologia, intervenções ao nível cerebral, nomeadamente ao nível de alguns casos de epilepsia, não foi atribuído.
Ficamos a saber – graças ao gesto filantropo - que não existia qualquer centro de referência, para estas situações, na região Norte.
Alguém, no MS, estará encarregue da inovação técnica. Segundo as últimas directivas do MS, penso que os centros de decisão estarão confinados ao mais alto nível. Bem longe dos que trabalhando no terreno (médicos e administração local), sentem a sua necessidade, quando não da sua urgência. É importante sabermos quem – no meio desta balbúrdia - tem responsabilidades.
Ficamos na dúvida se existe, ou não, no âmbito da Saúde, uma estratégia de investimento no campo da inovação. O mais provável é que não!
Estes centros estratégicos estão resguardados, distantes, em nome de inomináveis desperdícios. Cobertos por infindáveis burocracias quando não subsidiários de grupos de influência (regionais ou nacionais). Na realidade, verificamos que havia, por detrás da cortina, um vultoso desperdício. A equipa de neurocirurgia propõe-se efectuar cerca de 500 intervenções/ano, utilizando os novos equipamentos.
É esse o grande ensinamento que deve ser colhido a partir da atitude dos membros do CA da ULSM. Vem por a nu a pobreza franciscana que envolve a saúde nomeadamente no que diz respeito a estratégias de desenvolvimento e inovação e como elas são indispensáveis para o aumento da produtividade.
Certo, que terá de haver um plano estratégico para a inovação tecnológica. Se não arriscamo-nos a tropeçar com equipamentos sofisticados, aqui e acolá, por desempacotar. Estes nefastos exemplos que gostamos de publicamente exibir, não justificam nada, a não ser a necessidade de chamar às responsabilidades os seus autores, os seus promotores e os responsáveis. Não pode haver investimentos sem objectivos de ganhos de eficiência.
Para haver uma estratégia de investimento é necessário ser redefinida uma rede hospitalar nacional, onde se explicitem os níveis operativos de cada unidade hospitalar. Os trabalhos do Professor Ara Darzi, efectuados no plano “NHS Healtcare for London”, nomeadamente, no que diz respeito às particularidades da rede hospitalar, deveriam fazer-nos reflectir sobre a qualidade, as valências e os perfis dos HH’s (os que existem e os futuros). Equacionar a dimensão, o equipamento humano e de meios, a capacidade de resposta dos hospitais ditos “generalistas”.
Enfim, um gesto filantrópico, que nos leva muito longe.
Como nota de rodapé, este gesto também vem descobrir outro tipo de desperdícios. Não gosto de demagogias, mas “o que se passou na ULSM” faz-nos interrogar se um único veículo oficial não bastará para o serviço público das administrações hospitalares ?
Mas isto é, tão somente, contracção das despesas de administração.
Nada tem a ver com o essencial desta questão – a política de investimentos e a inovação tecnológica, a melhoria dos resultados, a eficiência, enfim, a defesa do SNS, enquanto pilar social deste País.
Por isso, a atitude da administração da ULSM, aparentemente gratuita perante a imensidão dos problemas é, no mínimo, didáctica.
E vale muito mais pelo didactismo do que pela filantropia.
Porque citando Dino Segré o conhecido "Pitigrilli":
"Agradecidos são aqueles que ainda têm algo a pedir "
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