La Grande Bouffe Kuteeviana
Ou a bulimia do sistema
Continua a ser muito difícil, para mim, interpretar a prosa de PKM.
Não conheço a personagem de “carne e osso” mas, as referências de que me recordo, aduzidas por terceiros, são essencialmente ambíguas, quando não pouco abonatórias. Enfim, um “caldo de impressões” que, reconheço, podem conduzir-me a uma “reserva” preconceituosa, necessariamente, pouco virtuosa, muito apriorística.
Mas, vou lendo, com alguma regularidade, os seus artigos no DE. Sei que tem livros publicados, pelo menos terá publicado recentemente um, mas confesso que não tive oportunidade de o ler. Provavelmente aí, explanará, com maior detalhe e precisão, o seu pensamento.
Resta-me, para dirimir a dúvida, encomendar o livro.
Voltando aos escritos de PKM no DE. Estes, que muito embora possam ser uma pequena parcela do seu labor produtivo em termos de investigador sobre Gestão da Saúde, vão revelando um emaranhado de concepções (muitas delas avulsas) e involuntariamente espelhando o seu posicionamento político e social, sobre estas questões.
Não me parece possível esconder, por muito mais tempo, o seu perfil. Aliás, a primeira denúncia do seu posicionamento, o percalço revelador, surge marginalmente aos seus escritos no DE. É numa entrevista à revista “Visão” – na sequência da sua demissão da comissão sobre a sustentabilidade financeira do SNS – onde questionou CC sobre a existência (na cabeça do Ministro) de um plano estratégico “secreto” para a Saúde em Portugal, já que não conferia qualquer credibilidade ao programa de Governo, nessa área. Este foi um passo em falso, na permanente técnica de dissimulação de PKM onde, pelo meio, aparecem, aqui e acolá, rasgados elogios ao Ministro. Haveria (ou deveria haver), na clarividente premonição de PKM, um “outro” plano estratégico. Atrevo-me a suspeitar que renegando o actual PNS – que considera pródigo, passadista e não perfilhável por este Ministro – uma sub-reptícia via liberalizante, mais flexível que vinha mesmo a calhar. Aquilo a que os neo-liberais gostam de chamar de mudança de padrão, ou se quisermos, “novo paradigma” (para o SNS).
Ninguém é inocente neste Mundo. É bom que assim seja, já que a inocência transformou-se numa parca virtude que, muitas vezes, se esconde por detrás de silêncios e omissões, quando não, de ilusões. Convém, portanto, que à margem destas falsas inocências, ou ao arrepio das elucubrações científicas emanadas de fantasmagóricas “torres de marfim”, na aparência politicamente “neutras”, se explicitassem os interesses. É isso que – em PKM – continua em débito, sem ser iludível.
Como continuar a iludir a realidade?
Filosofando, numa matriz cartesiana, sobre o ser!
Valorizando – apanhando a dica de Wood Allen - a dimensão “res extensa”, i.e., aquela que caminha, respira e come. Logo, a que pode tornar-se obesa.
Escondendo, maltratando, a “res cogitans” - a que pensa.
Por quanto tempo mais viveremos na ignorância do "erro de Descartes"?
É-Pá
Continua a ser muito difícil, para mim, interpretar a prosa de PKM.
Não conheço a personagem de “carne e osso” mas, as referências de que me recordo, aduzidas por terceiros, são essencialmente ambíguas, quando não pouco abonatórias. Enfim, um “caldo de impressões” que, reconheço, podem conduzir-me a uma “reserva” preconceituosa, necessariamente, pouco virtuosa, muito apriorística.
Mas, vou lendo, com alguma regularidade, os seus artigos no DE. Sei que tem livros publicados, pelo menos terá publicado recentemente um, mas confesso que não tive oportunidade de o ler. Provavelmente aí, explanará, com maior detalhe e precisão, o seu pensamento.
Resta-me, para dirimir a dúvida, encomendar o livro.
Voltando aos escritos de PKM no DE. Estes, que muito embora possam ser uma pequena parcela do seu labor produtivo em termos de investigador sobre Gestão da Saúde, vão revelando um emaranhado de concepções (muitas delas avulsas) e involuntariamente espelhando o seu posicionamento político e social, sobre estas questões.
Não me parece possível esconder, por muito mais tempo, o seu perfil. Aliás, a primeira denúncia do seu posicionamento, o percalço revelador, surge marginalmente aos seus escritos no DE. É numa entrevista à revista “Visão” – na sequência da sua demissão da comissão sobre a sustentabilidade financeira do SNS – onde questionou CC sobre a existência (na cabeça do Ministro) de um plano estratégico “secreto” para a Saúde em Portugal, já que não conferia qualquer credibilidade ao programa de Governo, nessa área. Este foi um passo em falso, na permanente técnica de dissimulação de PKM onde, pelo meio, aparecem, aqui e acolá, rasgados elogios ao Ministro. Haveria (ou deveria haver), na clarividente premonição de PKM, um “outro” plano estratégico. Atrevo-me a suspeitar que renegando o actual PNS – que considera pródigo, passadista e não perfilhável por este Ministro – uma sub-reptícia via liberalizante, mais flexível que vinha mesmo a calhar. Aquilo a que os neo-liberais gostam de chamar de mudança de padrão, ou se quisermos, “novo paradigma” (para o SNS).
Ninguém é inocente neste Mundo. É bom que assim seja, já que a inocência transformou-se numa parca virtude que, muitas vezes, se esconde por detrás de silêncios e omissões, quando não, de ilusões. Convém, portanto, que à margem destas falsas inocências, ou ao arrepio das elucubrações científicas emanadas de fantasmagóricas “torres de marfim”, na aparência politicamente “neutras”, se explicitassem os interesses. É isso que – em PKM – continua em débito, sem ser iludível.
Como continuar a iludir a realidade?
Filosofando, numa matriz cartesiana, sobre o ser!
Valorizando – apanhando a dica de Wood Allen - a dimensão “res extensa”, i.e., aquela que caminha, respira e come. Logo, a que pode tornar-se obesa.
Escondendo, maltratando, a “res cogitans” - a que pensa.
Por quanto tempo mais viveremos na ignorância do "erro de Descartes"?
É-Pá
Etiquetas: E-Pá
4 Comments:
PKM, La Grande Bouffe, muito bem apanhado pelo é-pá.
PKM foi "imposto" por CC ao grupo de trabalho encarregado de estudar a sustentabilidade do SNS.
Vindo da área das ciências sociais, mas do marketing, PKM burregou nas matérias económicas.
Quis dar então uma de dissidente e bateu com a porta.
Como é do domínio comum os artigos do DE são um bricabraque de leituras mal digeridas e lugares .
comuns.
Na intervenção política PKM é um meia tintas, um candidato a lobo vestido de cordeiro.
Penso que PKM devia parar uns tempos para reflexão e ajustamento da agulha.
Uma no cravo, outra na ferradura, o é-pá parece, no final do seu comentário, aproximar-se perigosamente das ideias defendidas por PKM.
Caro tambemquero:
Se existe algum facto notório e que desejo sublinhar é o meu natural distanciamento dos escritos - dos que conheço - de PKM.
O artigo de PKM, em referência, tem em subtítulo a chave do seu "res cogitans", para continuar numa linha cartesiana:
"O apetite do Estado raramente se deixou direccionar pela racionalidade da reflexão estratégica. Ficou obeso."
Não estaremos longe, se quisermos especular, ou extrapolar, da badalada "mobilidade especial".
Que tem sido tratada muito cautelosamente, com pinças, como se fosse uma miragem.
PKM, nesse artigo, alinha pela bitola do reclamado conceito neo-liberal: é preciso "emegracer" o Estado. Para que a economia nacional "engorde".
É a meticulosa preparação do terreno para justificar actos traumatizantes que levem o Governo a renunciar ao seu programa: "O Estado não vai despedir funcionários públicos."
O problema arrasta-se desde 20 junho de 2006 quando o min. Teixeira dos Santos anunciou a "solução" ao Parlamento. Desdobrou-se em malabarismos para iludir os compromissos sociais do governo.
Evocou, generosas e estafadas metas:
1.)melhorar a prestação de serviços públicos;
2.)menores custos;
3.)maior eficiência;
4.)simplificação de
processos e procedimentos (Simplex);
5.) uma Administração Pública moderna (?);
e,
finalmente, não esqueceu de rematar a desejada colaboração da Administração Pública no incremento da competitividade da
economia portuguesa.
A grande maioria dos funcionários públicos achou que este elaborado "expediente" governamental lhe passava ao lado. Parecia-lhe que um "outro" esquema anteriormente anunciado, i. e., por cada 2 funcionários reformados só 1 seria admitido, traduzia-se um regime de "emagrecimento" da Administração Pública, paulatino, atraumático e progressivo.
Provavelmente, em termos númericos a Administração Pública sofrerá de algum "excesso de peso" de funcionários. Será, todavia, temerário considerá-la obesa.
Mas, o actual regime de "mobilidade especial" inserido no PRACE é um caso de anorexia nervosa, ditada por precipitações orçamentais - vulgo "Programa de Estabilidade e Crescimento".
A anorexia não é só um problema de saúde, com as drásticas consequências conhecidas, poderá ser, também, uma tentação económica, com diminuição da capacidade de garantir as indispensáveis (obrigatórias)prestações do Estado aos cidadãos.
A "mobilidade especial" é apresentada como um conjunto de mecanismos operacionais de
transferências, requisições, destacamentos ou cedências
temporárias. Na verdade, é a colocação de funcionários públicos na definitivamente na "prateleira" com diminuição das suas regalias económicas e sociais e a visionária (não consigo usar outro termo) possibilidade de passado 1 ano (de estio) poderem acumular os 4/6 do vencimento, com actividades privadas...
Sejamos frontais. Não há seriedade nesta processo. Senão vejamos: uma entidade anunciada e prevista para gerir estas situações de mobilidade - GeRAP, pura e simplesmente não existe. Não tem sede, não tem quadro de pessoal, etc., é um fantasma.
Os "excedentários" estão entregues à sua sorte - quando muito, os que dispõem de internet, podem consultar o portal: www.bep.gov.pt e continuarão à deriva.
Entretanto, nos HH's chega uma já citada circular informativa.
A saúde é um sector do Estado onde a resposta aos prementes problemas dos cidadãos está longe de estar conseguida. O SIGIC, por exemplo, apresentou bons resultados evolutivos mas isso não pode fazer-nos esquecer que "ainda" permanecem cerca de 200.000 portugueses nas listas de espera cirúrgicas. E que um número ainda mais avultado estará colocado em lista de espera, para 1ªs consultas.
Quando se propõem metas de "mobilização" à volta de 25% onde pretendemos chegar?
À "descapitalização" humana do SNS?
Com que propósitos, falta definir, mas será fácil adivinhar: a fragilização da capacidade de resposta do SNS e a consquente abertura de "espaço" ao sector privado da Saúde.
Neste momento, existem cerca de 1400 trabalhadores abrangidos pelo regime de "mobilidade especial", a maioria (quase 70%) provenientes do Ministério da Agricultura.
Mas o programa está em marcha, nomeadamente, na área hospitalar.
Pouco temos pensado sobre este assunto. O post de o "Navegante" de 14.08.07, não mereceu qualquer comentário.
Não me incomoda qualquer interesse corporativo. A "mobilização" dos médicos está em velocidade de cruzeiro com os sucessivos e cirurgicos recrutamentos do Sector Privado. E a confirmarem-se as anunciadas (para breve) aberturas de novas unidades privadas, provavelmente ultrapassará a obscura "quota" dos 25%...
Só PKM resolveu glosar com o assunto no DE, entrando no caminho da obesidade do Estado. Pede reflexão estratégica. Por isso, considerei que a "res cogitum" começou a ser maltratada.
O que se segue, não é qualquer reflexão, será "La grande bouffe"... no assalto ao aparelho de Estado. Que o artigo de PKM abre - através de uma rábula cartesiana - caminho.
Por isso reclamei que a inocência acabou.
PS - Caro tambemquero: Espero que tenha conseguido, de algum modo, separar-me das movediças e conspurcadas águas onde se banha PKM
O joaopedro está enganado em relação ao Prof. PM. Ele é licenciado em Economia da Saúde em Inglaterra e é Doutor em gestão dos serviços de saúde também em Inglaterra. Parece haver aqui um movimento contra a pessoa por motivo nenhum. Será apenas o velho problema de que se queixaram Eça, Garret e Pessoa: um país de invejosos? um sitio mal freuqentado? porque é que o xavier permite a publicação destes comentários ofensivos?
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