Um é muito. Dois são demais
A quem mais aproveita.
MB, no artigo “Relações de poder variam de acordo com a política do Governo”, publicado hoje no DE, abandona o seu habitual rigor, para ensaiar uma prosa engenhosa, mais ao bom estilo de alguns dos seus colegas de redacção. link
O princípio de que "ninguém deve ter mais do que um inimigo ao mesmo tempo", aplicado à Saúde, significa que nenhum governante resiste ao confronto simultâneo com a ANF e a Apifarma.
Segundo MB, em obediência a este principio, LFP terá privilegiado o relacionamento com as Farmácias em detrimento da Indústria. CC, por sua vez, terá dado primazia à Indústria. Exemplo disso o protocolo assinado entre a Apifarma e o MS, que prevê, nomeadamente, a "redução das dívidas e dos prazos de pagamento nos hospitais, promete estabilidade legislativa no preço dos medicamentos, contempla um limite para o crescimento dos gastos do SNS. E revê a metodologia de formação dos preços dos medicamentos."
MB, na sua prosa redonda, parece ter esquecido (convenientemente) o acordo celebrado entre o XVII Governo Constitucional e a ANF sobre a liberalização da propriedade das farmácias, denominado “Compromisso com a Saúde, princípios para a liberalização da propriedade de farmácia...” onde são concedidos amplos privilégios à agremiação do senhor João Cordeiro.link
Esqueceu-se igualmente das restrições/dificuldades impostas à Indústria, como a avaliação de novos medicamentos dos hospitais do SNS que passou a ser efectuada centralizadamente pelo Infarmed (decreto-lei n.º 195/2006 de 03.10), semi-cerrando a porta por onde os laboratórios faziam entrar o grosso dos seus produtos.
A verdade é que, depois de muitos anos de vacas gordas, nestes últimos anos, grassa algum desânimo entre os responsáveis dos laboratórios que operam em Portugal. Basta acompanhar o movimento de redução de postos de trabalho e de novos investimentos do sector, para concluirmos a quem tem aproveitado mais a política do medicamento deste governo.
O princípio de que "ninguém deve ter mais do que um inimigo ao mesmo tempo", aplicado à Saúde, significa que nenhum governante resiste ao confronto simultâneo com a ANF e a Apifarma.
Segundo MB, em obediência a este principio, LFP terá privilegiado o relacionamento com as Farmácias em detrimento da Indústria. CC, por sua vez, terá dado primazia à Indústria. Exemplo disso o protocolo assinado entre a Apifarma e o MS, que prevê, nomeadamente, a "redução das dívidas e dos prazos de pagamento nos hospitais, promete estabilidade legislativa no preço dos medicamentos, contempla um limite para o crescimento dos gastos do SNS. E revê a metodologia de formação dos preços dos medicamentos."
MB, na sua prosa redonda, parece ter esquecido (convenientemente) o acordo celebrado entre o XVII Governo Constitucional e a ANF sobre a liberalização da propriedade das farmácias, denominado “Compromisso com a Saúde, princípios para a liberalização da propriedade de farmácia...” onde são concedidos amplos privilégios à agremiação do senhor João Cordeiro.link
Esqueceu-se igualmente das restrições/dificuldades impostas à Indústria, como a avaliação de novos medicamentos dos hospitais do SNS que passou a ser efectuada centralizadamente pelo Infarmed (decreto-lei n.º 195/2006 de 03.10), semi-cerrando a porta por onde os laboratórios faziam entrar o grosso dos seus produtos.
A verdade é que, depois de muitos anos de vacas gordas, nestes últimos anos, grassa algum desânimo entre os responsáveis dos laboratórios que operam em Portugal. Basta acompanhar o movimento de redução de postos de trabalho e de novos investimentos do sector, para concluirmos a quem tem aproveitado mais a política do medicamento deste governo.
4 Comments:
MB, defende no seu artigo“Relações de poder variam de acordo com a política do Governo”, que CC na sua actuação, desde que é ministro da Saúde do XVII Governo Constitucional, terá privilegiado como alvo político a ANF e poupado a Indústria.
Penso que se trata de uma conclusão precipitada.
CC tomou medidas de fundo, a meu ver, tendo por objectivo o cambate de interesses instalados, tanto da ANF como da Apifarma.
Com resultados naturalmente diferentes.
A ANF optou pela reacção imediata, passando desde logo ao contrataque na tentativa de fazer reverter a situação a seu favor no mais curto espaço de tempo possível.
O que conseguiu.
A Apifarma optou por uma reacção mais comedida, apostando na inversão da situação a médio prazo.
MB é um dos melhores jornalista de uma área complexa que requer uma especialização profunda e muita dedicação.
O seu trabalho pauta-se por critérios de rigor e objectividade.
Neste artigo, porém, MB teve o seu ataque de subjectividade.
A afirmação que LFP privilegiou as Farmácias e que CC se voltou para a Indústria carece de melhor fundamentação.
Um levantamento sumário das medidas que foram tomadas visando mais directamente um e outro protagonista deste processo, leva-nos a concluir, facilmente, que ambos foram visados. E, que este tipo de abordagem não tem qualquer interesse.
Revendo as medidas decididas pelo XVII governo constitucional, relativamente à área do medicamento, concluímos facilmente não haver evidência da existência de um entendimento especial entre CC e a Apifarma.
Faltando os factos, resta-nos a subjectividade da análise e o risco de cairmos no campo das meras insinuações.
O que não é nada bonito.
Ambos apanharam para tabaco.
Resultado: redução do preço e melhoria da acessibilidade dos utentes aos medicamentos.
Ó joãopedro, francamente... Em que mundo vive?
Liberalização fez laboratórios subirem os preços
Há remédios de venda livre que duplicaram o preço
Há medicamentos de venda livre que estão a sair da fábrica com o dobro do preços por unidade do que em 2005, antes da liberalização deste mercado. Várias farmácias e lojas de medicamentos contactadas pelo DN queixam-se que os laboratórios aproveitaram a liberalização para subir o valor cobrado por estes remédios. E, a estes valores, acrescem ainda no preço final as margens que cada um destes estabelecimentos cobra.
De acordo com a tabela de compras de uma farmácia de Lisboa, a que o DN teve acesso, as variações dos preços por unidade ultrapassam os 100% em alguns remédios. É o caso do Antibiophilus, um antidiarreico que em 2005 custava 1,28 euros (preço de venda ao armazenista) e hoje custa 2,81 euros. Numa embalagem de 20 comprimidos, cada um deles teve uma subida de 119% em dois anos - de seis cêntimos passou para 14. O DN tentou obter um esclarecimento por parte da empresa, os Laboratórios Azevedos, mas não obteve resposta até ao fecho desta edição. Subida semelhante tem, por exemplo, o Venoruton, um gel cutâneo para as dores e edemas, que há dois anos custava 1,77 euros por unidade de toma e hoje custa 4,04 euros - mais 128%. Os exemplos são vários. Outra pomada, o Thrombocide, teve um aumento de 45% - de 1,6 euros passou para 2,4 euros.
A esta subida é ainda acrescentada a margem de lucro do vendedor - a farmácia ou a loja. Antes da liberalização, as margens estavam fixadas - a farmácia só podia ter um lucro até 20%. Mas hoje cada estabelecimento cobra o que entende. Por isso, um estudo recente da Deco Proteste conclui que estes remédios estão mais caros, em média 3,5%, do que há dois anos, e é nas farmácias que mais subiram. O Instituto Nacional da Farmácia e do Medicamento (Infarmed) garante que estes estão em média 0,7% mais baratos, mas só dispõe de dados das lojas e são as farmácias a deter 95% do mercado.
A razão para o aumento de preços varia consoante os casos - ou é inflaccionada pelo laboratório ou pela farmácia ou loja. O Antigrippine, por exemplo, é apontado pela Deco como o medicamento que mais encareceu (42%). Mas na referida tabela da farmácia, a subida por unidade de toma é de 8% à saída da fábrica. O que não explica os 42% de aumento encontrado - produto das margens do grossista e do estabelecimento de venda. A Aspirina sofreu um aumento no laboratório de 10%, mas a Deco identificou uma subida na venda ao pública que ronda em média os 27%. A GlaxoSmithKlein, que comercializa o Antigrippine e outros fármacos não sujeitos a receita, como o Zovirax, garante que as subidas dos seus produtos são entre os "dois e os oito por cento", e não mais do que isso. "São valores razoáveis que seguem a inflação", defende o director geral do laboratório, Rui Simões Silva. E garante que o Antigrippine só subiu cerca de 6% e acrescenta que a empresa não pratica preços diferentes consoante o distribuidor (farmácia, loja ou grande superfície). "Temos as nossas tabelas de preços, que só mudam consoante as quantidades", refere.
DN 08.08.07
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