CC, light
Ao contrário de muitos dos seus colegas do XVII Governo Constitucional, CC não desilude. Igual a si mesmo, bem preparado, demonstra neste entrevista ao JP estar apto para, nesta "segunda fase do ciclo de reformas", temperar a governação com "mais pedagogia, mais explicação, mais detalhe na comunicação com os cidadãos" e que não perdeu a capacidade de nos surpreender. link
(...) Como é que a Procriação Medicamente Assistida (PMA) vai ser comparticipada?
Esta é uma técnica complexa, altamente dispendiosa e com uma taxa de sucesso baixa, cerca de 20 por cento. A estimativa é a de que, se tivéssemos uma comparticipação a 80 por cento, o gasto ascenderia a 51,7 milhões de euros.
E isso é muito ou pouco?
Quer um termo de comparação? A vacina do papiloma vírus dada só as raparigas que façam 11 anos este ano custa 25 milhões de euros. As vacinas todas [actualmente dadas nos centros de saúde] custam 10 milhões de euros. Mas o ónus financeiro é apenas um dos aspectos. O outro é o resultado prático. Se fizermos 15 mil ciclos [de tratamentos], com a taxa de sucesso a 20 por cento, teríamos 3 mil nascimentos adicionais. A questão é a de saber encontrar a comparticipação que seja aceitável pelo sistema e que permita induzir um grande número de casais a fazerem PMA, mas que também os leve a ter uma participação financeira.
A comparticipação nunca será de 100 por cento, portanto?
Teoricamente pode oscilar entre 10 a 80 por cento. Eu acho que, na condição actual, podíamos ir até 50 por cento, o que implicaria 24 milhões de euros adicionais.
De que depende essa decisão?
Depende da aprovação do Orçamento do Estado do próximo ano. (...)
(...) Como é que a Procriação Medicamente Assistida (PMA) vai ser comparticipada?
Esta é uma técnica complexa, altamente dispendiosa e com uma taxa de sucesso baixa, cerca de 20 por cento. A estimativa é a de que, se tivéssemos uma comparticipação a 80 por cento, o gasto ascenderia a 51,7 milhões de euros.
E isso é muito ou pouco?
Quer um termo de comparação? A vacina do papiloma vírus dada só as raparigas que façam 11 anos este ano custa 25 milhões de euros. As vacinas todas [actualmente dadas nos centros de saúde] custam 10 milhões de euros. Mas o ónus financeiro é apenas um dos aspectos. O outro é o resultado prático. Se fizermos 15 mil ciclos [de tratamentos], com a taxa de sucesso a 20 por cento, teríamos 3 mil nascimentos adicionais. A questão é a de saber encontrar a comparticipação que seja aceitável pelo sistema e que permita induzir um grande número de casais a fazerem PMA, mas que também os leve a ter uma participação financeira.
A comparticipação nunca será de 100 por cento, portanto?
Teoricamente pode oscilar entre 10 a 80 por cento. Eu acho que, na condição actual, podíamos ir até 50 por cento, o que implicaria 24 milhões de euros adicionais.
De que depende essa decisão?
Depende da aprovação do Orçamento do Estado do próximo ano. (...)
Está a pensar fazer convenções (PMA) com os centros privados?
Por que não? Esse ponto insere-se dentro das nossas prioridades.
(...) Quando é que acha que a nova rede nacional de urgências vai estar completa e a funcionar?
Quero ter o processo concluído no primeiro semestre de 2008. Em 15 hospitais [cujas urgências vão fechar] celebrámos acordos com 11 [autarquias onde se localizam as unidades de saúde]. Falta a Régua, São João da Madeira, Anadia e Peniche. Estamos em conversações. Quando se assina um protocolo, não quer dizer que a urgência encerre imediatamente, há calendários de substituição e criação de alternativas.
Mas uma parte delas estão inoperacionais grande parte do tempo....
Alguma parte do dia, porque uma VMER precisa de 12 médicos.
Então como se pode resolver o problema?
Havendo mais médicos nos primeiros anos de Medicina. Neste momento há 1350 que entram nas faculdades por ano. A minha meta e a do senhor ministro da Ciência é chegar a 2000. Mas vamos ter que procurar outra solução neste período de transição, porque estamos com medo da crise demográfica dos médicos em 2012/2013. Provavelmente vamos ter que os ir buscar ao estrangeiro. Estamos em negociações para arranjar médicos para as VMER.
Com quem?
Com o Uruguai.
Uruguai? Porquê?
O Uruguai é a Suíça da América do Sul, tem uma única escola médica, o que garante qualidade, uma ministra da Saúde sensível ao problema, médicos em excesso. Ao mesmo tempo, iremos formar para o Uruguai médicos de alta diferenciação, através de um protocolo entre os dois governos.
Recorrentemente consta que se vai embora.
(Gargalhadas). O Governo é um governo de legislatura.
Mas não o incomoda ser o ministro mais impopular?
Incomodava-me era se fosse o ministro mais popular, porque não estaria a fazer nada.
JP, 05.08.07
Quero ter o processo concluído no primeiro semestre de 2008. Em 15 hospitais [cujas urgências vão fechar] celebrámos acordos com 11 [autarquias onde se localizam as unidades de saúde]. Falta a Régua, São João da Madeira, Anadia e Peniche. Estamos em conversações. Quando se assina um protocolo, não quer dizer que a urgência encerre imediatamente, há calendários de substituição e criação de alternativas.
Mas uma parte delas estão inoperacionais grande parte do tempo....
Alguma parte do dia, porque uma VMER precisa de 12 médicos.
Então como se pode resolver o problema?
Havendo mais médicos nos primeiros anos de Medicina. Neste momento há 1350 que entram nas faculdades por ano. A minha meta e a do senhor ministro da Ciência é chegar a 2000. Mas vamos ter que procurar outra solução neste período de transição, porque estamos com medo da crise demográfica dos médicos em 2012/2013. Provavelmente vamos ter que os ir buscar ao estrangeiro. Estamos em negociações para arranjar médicos para as VMER.
Com quem?
Com o Uruguai.
Uruguai? Porquê?
O Uruguai é a Suíça da América do Sul, tem uma única escola médica, o que garante qualidade, uma ministra da Saúde sensível ao problema, médicos em excesso. Ao mesmo tempo, iremos formar para o Uruguai médicos de alta diferenciação, através de um protocolo entre os dois governos.
Recorrentemente consta que se vai embora.
(Gargalhadas). O Governo é um governo de legislatura.
Mas não o incomoda ser o ministro mais impopular?
Incomodava-me era se fosse o ministro mais popular, porque não estaria a fazer nada.
JP, 05.08.07
3 Comments:
CC é efectivamente um ministro consistente que tem levado a cabo um excelente trabalho.
O que me parecia mais dificil, à partida- contenção da despesa da Saúde- foi realizado com algum supless.
Foram cometidos alguns erros de comunicação e de diálogo com as populações.
O sistema de comunicação tem vindo a melhorar.
A nova assessora para a comunicação social, Helena Marteleiro, tem realizado um trabalho discreto e eficaz.
CC tem melhorado imenso a sua forma de actuação, mostrando-se mais certeiro e rigoroso no discurso, poupando-nos a tiradas sensacionalistas e desnecessárias.
Esta segunda fase do ciclo de reformas vai ser mais fácil. A preparação de CC vai tornar possível uma melhor e mais correcta explicitação das políticas.
Concordo com o Xavier, CC ao longo destes dois anos e meio de Governação tem demonstrado capacidades impares para levar a cabo o projecto de reforma/inovação do SNS, assegurando a sustentabilidade do nosso sistema de saúde e a obtenção de ganhos de saúde, contribuindo desta forma para a melhoria da Saúde e bem estar dos portugueses.
E as USF?
A meta para 2006 já foi atingida, em 2007?
Se alguém ainda tem dúvidas sobre o que são bons trabalhos jornalísticos na área da saúde, aqui temos esta entrevista da Alexandra Campos e Catarina Gomes.
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