Salvador de Mello
Salvador de Mello, homem sereno (não é a opinião de quem priva de perto com SM), sempre a medir as palavras, pessoa discreta, que vai trabalhar de transportes públicos (fica sempre bem dizer estas coisas), não perde uma boa peça quando vai a Londres (mas não se lembra da última que viu), gosta do Génesis, Peter Gabriel e Phil Collins (está tudo dito), empresário da saúde cujo objectivo é aumentar a qualidade de vida dos portugueses (eufemismos destes...) link
(...) Como avalia a forma como o Governo tem gerido as parcerias?
Tenho pena que os processos tenham sido tão lentos – é fruto da sua complexidade. Mas nós temos uma estratégia e não estamos condicionados pelas parcerias público-privadas. Somos um parceiro para o reforço do investimento privado em Portugal. Apesar do fraco crescimento económico do país, vamos investir mais de 200 milhões de euros nos próximos três anos. Temos uma agenda...
O atraso obrigou-vos a reorientar a estratégia mais para o sector privado e menos para as parcerias?
O grupo orientou-se sempre para o sector privado; virámo-nos para as parcerias quando nos foi pedido um esforço para enfrentar esse desafio. Marcámos presença imediatamente, por considerarmos ser nossa responsabilidade dar um sinal positivo ao mercado, relativamente a esse modelo de concessão – que nos parece ser positivo. Mas quem define os calendários não somos nós, por isso vamos adaptando os nossos recursos e as nossas equipas à realidade. E o facto é que o sector privado está a ter um desenvolvimento mais rápido que as parcerias público-privadas. Se o ritmo for outro, estaremos empenhados em responder.
Quer dar uma nota de avaliação à política de saúde deste ministro?
Não, não… deixo essa tecnologia ao professor Marcelo Rebelo de Sousa, que o faz muito bem. Sou empresário e o meu papel é contribuir para o desenvolvimento económico e social do país. É isso que tenho vindo a fazer. Não sou analista político, nem político. Funciono com as regras do jogo que existem. De qualquer forma reconheço que tem havido um esforço para gerir de forma mais eficiente os recursos existentes.
Mesmo aceitando as regras, estas podem ser mais claras ou mais opacas…Considera que a política é clara sobre o papel que se quer que o sector privado desempenhe na sua relação com o público?
Era bom para o país que isso estivesse mais claro. Permitiria um melhor aproveitamento dos recursos existentes. No caso das parcerias público-privadas, só o investimento realizado pelo sector privado até hoje, na preparação de propostas para corresponder ao desafio que o Estado lançou, foi muito avultado. Se os investidores privados tivessem feito um consórcio, tinham conseguido fazer um hospital Cuf Descobertas só com o que gastaram, em conjunto, na elaboração das propostas. Não posso deixar de reconhecer que há aí um grande desperdício de recursos, que o país não tem.
São recursos gastos em papel?
Até hoje, é. E isto só para falar no investimento dos operadores privados. Se considerarmos que a realidade do lado do Estado é o espelho dos privados, teríamos feito dois hospitais CUF Descobertas com o que se gastou nas propostas feitas. Gostava que os recursos fossem melhor aproveitados.
E como?
Ainda que caro, tem sido um processo de aprendizagem. E hoje os procedimentos são bem mais simples, as decisões é que ainda são muito lentas. Até hoje, não há uma única iniciativa concretizada. Aí os sinais não são muito claros para o mercado. Não é por acaso que, apesar de estarmos no quarto ou quinto concurso e apesar de serem concursos significativos, não existe um único ‘player’ estrangeiro. Provavelmente por também considerarem que as regras são pouco claras; e enquanto for assim, não há investidor estrangeiro que aposte no sector. (...)
entrevista de helena garrido, DE 03.08.07
Tenho pena que os processos tenham sido tão lentos – é fruto da sua complexidade. Mas nós temos uma estratégia e não estamos condicionados pelas parcerias público-privadas. Somos um parceiro para o reforço do investimento privado em Portugal. Apesar do fraco crescimento económico do país, vamos investir mais de 200 milhões de euros nos próximos três anos. Temos uma agenda...
O atraso obrigou-vos a reorientar a estratégia mais para o sector privado e menos para as parcerias?
O grupo orientou-se sempre para o sector privado; virámo-nos para as parcerias quando nos foi pedido um esforço para enfrentar esse desafio. Marcámos presença imediatamente, por considerarmos ser nossa responsabilidade dar um sinal positivo ao mercado, relativamente a esse modelo de concessão – que nos parece ser positivo. Mas quem define os calendários não somos nós, por isso vamos adaptando os nossos recursos e as nossas equipas à realidade. E o facto é que o sector privado está a ter um desenvolvimento mais rápido que as parcerias público-privadas. Se o ritmo for outro, estaremos empenhados em responder.
Quer dar uma nota de avaliação à política de saúde deste ministro?
Não, não… deixo essa tecnologia ao professor Marcelo Rebelo de Sousa, que o faz muito bem. Sou empresário e o meu papel é contribuir para o desenvolvimento económico e social do país. É isso que tenho vindo a fazer. Não sou analista político, nem político. Funciono com as regras do jogo que existem. De qualquer forma reconheço que tem havido um esforço para gerir de forma mais eficiente os recursos existentes.
Mesmo aceitando as regras, estas podem ser mais claras ou mais opacas…Considera que a política é clara sobre o papel que se quer que o sector privado desempenhe na sua relação com o público?
Era bom para o país que isso estivesse mais claro. Permitiria um melhor aproveitamento dos recursos existentes. No caso das parcerias público-privadas, só o investimento realizado pelo sector privado até hoje, na preparação de propostas para corresponder ao desafio que o Estado lançou, foi muito avultado. Se os investidores privados tivessem feito um consórcio, tinham conseguido fazer um hospital Cuf Descobertas só com o que gastaram, em conjunto, na elaboração das propostas. Não posso deixar de reconhecer que há aí um grande desperdício de recursos, que o país não tem.
São recursos gastos em papel?
Até hoje, é. E isto só para falar no investimento dos operadores privados. Se considerarmos que a realidade do lado do Estado é o espelho dos privados, teríamos feito dois hospitais CUF Descobertas com o que se gastou nas propostas feitas. Gostava que os recursos fossem melhor aproveitados.
E como?
Ainda que caro, tem sido um processo de aprendizagem. E hoje os procedimentos são bem mais simples, as decisões é que ainda são muito lentas. Até hoje, não há uma única iniciativa concretizada. Aí os sinais não são muito claros para o mercado. Não é por acaso que, apesar de estarmos no quarto ou quinto concurso e apesar de serem concursos significativos, não existe um único ‘player’ estrangeiro. Provavelmente por também considerarem que as regras são pouco claras; e enquanto for assim, não há investidor estrangeiro que aposte no sector. (...)
entrevista de helena garrido, DE 03.08.07
Etiquetas: Entrevistas
4 Comments:
Parece que os grupos privados acreditam cada vez menos nas parcerias!
O grupo do Hospital da Trofa, por exemplo, tem-se antecipado e encontr-se a construir um novo hospital em Braga a inaugurar em 2009. Seguir-se-ão, segundo a notícia publicada, o hospital da Boa Nova (Matosinhos) de Alfena, de Famalicão (hospital de dia) e de Guimarães.
Com estas iniciativas ocorre perguntar: como estará a Saúde (o mercado da saúde) em Portugal quando forem construídos os novos hospitais (públicos ou em parceria) anunciados pelo Governo?
Como estes só devem surgir na próxima década (isto com algum optimismo) talvez a meio do processo o Governo tenha que rever o plano anunciado...e adiar as mudanças por mais uma década!
SM, um empresário que trabalha desde sempre na empresa da família, afirma, repetidamente, que gosta de competitividade e actua e se adapta com facilidade às regras do sistema fortemente regulado pelo Estado.
Dois pontos altos da JMS, empresa que dirige desde sempre: a decisão do tribunal arbitral que impôs pesada indemnização ao Estado no caso do processo de contas do Amadora Sintra e a proposta apresentada à 2.ª fase (negociação)do concurso do Hospital Universitário de Braga PPP com um valor muito abaixo do comparador público.
Tendo por base a prestação do Hospital Amadora Sintra, gerido por um consórcio onde a JMS ocupa um papel preponderante, o saldo do contributo para a melhoria da saúde dos portugueses é, certamente, negativo .
Que a engenheira da ESS, contribua para a melhoria da Saúde dos portugueses, ainda vá...
Agora, o senhor Salvador!
“É o maior projecto privado de sempre. Uma rede nacional de 25 “shoppings” especializados com gestão integrada, numa lógica da “all included”. A Casa de saúde (CdS) combina … Unidade de Saúde Familiar, Clínicas do Coração, Dentárias ou Laboratórios com uma gama de lojas de óptica, próteses e outros dispositivos e de serviços comerciais… à excepção da cirurgia com internamento…O factor crítico do projecto é apenas um – o regime de convenções. No caso do Estado não incluir a CdS nos prestadores convencionados do SNS, o projecto fica ferido… A Sanusquali tem garantia para toda a rede parcerias com prestigiados operadores nacionais para âncoras como análises clínicas, “health club” ou medicina de reabilitação. Metade do espaço de cada CdS está sob reserva. Esta lógica será completada, em cada cidade, com convites a especialistas locais que aceitem transferir os seus consultórios e beneficiar do efeito de “venda cruzada”.
Expresso, 4 de Agosto 2007
Acho muito difícil que não sejam convencionados pelo estado, de qualquer forma como vem referido no artigo o projecto fica ferido… mas não morre caso tal suceda. As áreas que fazem parte deste projecto corresponde á pequena medicina privada que os médicos ainda dominavam como gestores enquanto a cirurgia com internamento privada “pertence” já aos Hospitais Privados.
A medicina privada feita e gerida por médicos como sucedia até agora está destinada ao fracasso. De uma forma “natural” os grandes grupos vão absorver as pequenas clínicas (pois têm maior capacidade de negociação nomeadamente com os fornecedores) e se um médico (ou outro profissional na área da saúde) quiser ter um rendimento médio apetecível terá de se dedicar a tempo inteiro ao seu local de trabalho pois sem produtividade não haverá ganhos. Desta forma haverá uma separação natural entre a medicina publica e privada pois os novos donos da medicina privada não vão permitir que se faça de conta que se trabalha…
Em relação ao investimento na sáude a aparente falta de clareza não impede que continuem a surgir projectos...
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